Antigo personagem das sombras da
política paulista, José Amaro Pinto Ramos está sendo investigado pela
Polícia Federal e ministérios públicos federal e estadual; por meio do
ex-ministro Sergio Motta, ele se aproximou do governo de Fernando
Henrique em 1994; nesta órbita, apresentou marqueteiros e executivos dos
setores de transportes e energia aos tucanos; remunerado pela Alstom,
como ele próprio admitiu em entrevista, lobista brasileiro que vive nos
EUA aparece na origem do escândalo que pode ter envolvido até R$ 1
bilhão em propinas para executivos estaduais paulistas nas gestões do
PSDB em São Paulo nos últimos 18 anos
Um velho personagem das sombras da política paulista está de volta à
cena aberta. Sob suspeita de ser o primeiro elo de ligação entre os
chefes tucanos e a multinacional francesa Alstom, o lobista global
brasileiro José Amaro Pinto Ramos está sendo investigado pela Polícia
Federal e promotores dos ministérios públicos estadual e federal.
Desconfia-se que Pinto Ramos, homem de fino trato, amante das artes e
dos bons modos, com residência permanente nos EUA, possa ter atuado na
criação da parceria entre a Alstom e caciques do partido, o que valeu à
companhia gordos contratos no sistema de transportes operado pelos
governos estaduais tucanos em São Paulo desde 1994.
Aos executivos das administrações tucanas no Palácio dos Bandeirantes, a
parceria com a Alstom teria valido até R$ 1 bilhão em propinas. A
também multinacional Siemens teria colaborado com somas vultuosas para o
esquema. A partir de denúncias formais feitas por integrantes da cúpula
da Siemens, o Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade)
está concluíndo uma longa investigação sobre corrupção em torno do
sistema de metrô e trens da região metropolitana de São Paulo.
20 ANOS DE PODER - O ponto de contato inicial entre Pinto Ramos e os
tucanos teria sido o ex-ministro das Comunicações Sergio Motta.
Verdadeiro ídolo entre os tucanos, Motta gostava de dizer que pilotava
um esquema político capaz de levar o PSDB a permanecer 20 anos no poder
no Brasil. A Alstom esteve entre as empresas que colaboraram para a
reeleição de FHC, em 1998 (aqui).
No Estados Unidos, após a vitória de Fernando Henrique nas eleições
presidenciais de 1994, Pinto Ramos apresentou Motta a um dos principais
marqueteiros do então presidente americano Bill Clinton, James Carville.
Em seguida, numa festa que ele próprio deu em homenagem a FHC, Pinto
Ramos teria aproximado Motta do então diretor da Siemens Jack Cizain. A
partir daí, as investigações apuram como passaram a se desenvolver as
relações entre a Alstom e os governos paulistas.
Com trânsito livre entre todos os escalões dos tucano, Motta tanto era
ligado a Fernando Henrique como era próximo dos ex-governadores Mario
Covas e José Serra. Especializado em viabilizar grandes projetos
industriais nas áreas de energia e transportes, Pinto Ramos teria atuado
para tornar mais fácil o caminho da Alstom dentro da máquina
adminitrativa paulista. O que se sabe é que os principais contratos para
a construção de vias férreas e metrô na Grande São Paulo foram
conquistados pela Alstom.
As informações sobre as investigações da PF e do Ministério Público
sobre Pinto Ramos foram reveladas pelas jornalista Vaconcelo Quadros, do
portal G1.
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