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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Propinão tucano: Alstom usou empresa de gerente do Metrô para camuflar propina

Uma nova empresa deve entrar na lista de investigadas pelo Minis-tério Publico Estadual por participação no cartel de licitações de trens em São Paulo. Trata-se da Façon Eletromecânica; que foi subcontratada pela Alstom para as obras de extensão da Linha 2 Verde do Metrô (Vila Madalena a Vila Prudente), mas seria usada para camuflar o pagamento de propina. Um gerente do Metrô que tinha ligação com a empresa foi exonerado do cargo ontem.
Sérgio Roxo

A Façon deveria executar serviços de montagem e testes de sinalização, tração e manobra, pelos quais receberia R$ 8,949 milhões. Porém, acabou embolsando R$ 28,3 milhões, valor equivalente a 17,21% dos R$ 164,5 milhões pagos por todo o contrato. A empresa recebeu diretamente do Metrô.

A extensão da Linha Verde faz parte do grupo de obras em que o cartel denunciado pela Siemens teria agido. O consórcio vencedor, formado pela Siemens e pela Alstom, subcontratou as companhias que formavam o consórcio derrotado.

O contrato do consórcio foi homologado em abril de 2005, e o pedido da Alstom para que o Metrô contratasse a Façon foi feito dois meses depois. Segundo denúncia apresentada à Polícia Federal, a Façon era uma das empresas subcontratadas para camuflar o pagamento de propina. De acordo com as denúncias, a Siemens usava a empresa MGE para esse propósito. No fim de novembro, o líder do PT na Assembleia Legislativa, Luiz Marcolino, entregou uma representação ao Ministério Público Estadual pedindo que o contrato da Façon seja investigado.

No endereço da Façon Eletromecânica registrado na Junta Comercial, na Zona Norte de São Paulo, funcionam a sede de uma distribuidora de peixes e de uma empresa de contabilidade. Um funcionária disse que Façon já ocupou o imóvel.

Em 2007, ainda no curso dos trabalhos da Linha 2, dois sócios da empresa, Eduardo Kengi Hirai e Edson Buono Nakano, formaram a Façon Empreendimentos e Participações. Entre 2008 e setembro de 2010, a Façon Êmpreendimentos foi sócia da Celog III, que teve entre seus sócios Nelson de Carvalho Scaglione e o filho dele. Scaglione é gerente de manutenção do Metrô, vinculado ao setor de Engenharia. No período da sociedade, a Façon ganhou sete licitações do Metrô.

Ontem à noite, após ser procurado pelo GLOBO, o Metrô informou que exonerou Scaglione. Por e-mail, ele disse que não tem relação com a Façon e que a Celog é um condomínio com o objetivo de construir galpões industriais. Afirmou ainda que, de outubro de 2008 a setembro de 2010, não ocupava o cargo de gerente de manutenção do Metrô.

A Controladoria Geral dè SP vinha investigando Scaglione, que foi ouvido duas vezes nas últimas semanas. Também recomendou ao Metrô sua exoneração. A controladoria verifica sua evolução patrimonial e a relação com empresas privadas O Metrô informou que tem auxiliado a controladoria na apuração sobre a regularidade dos contratos. A Alstom informou que a Façon foi subcontratada de forma regular. "Os serviços efetivamente executados pela Façon foram devidamente pagos pela Alstom. A subcontratação de empresas em projetos de infraestrutura é uma prática usual e necessária, dada a complexidade técnica envolvida. A Alstom trabalha com base em um rígido código de ética, de maneira a respeitar todas as leis e regulamentações dos países em que atua".

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