Constrangida pela decisão do procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, de pedir a condenação do deputado federal e ex-governador de
Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB-MG) a 22 anos de prisão pelos crimes
de peculato e lavagem de dinheiro na ação penal do mensalão mineiro -
que tramita no Supremo Tribunal Federal -, a cúpula do PSDB aproveitará
hoje a reunião de sua executiva, em Brasília, para definir uma linha de
defesa e como tratar o ex-governador.
Os principais dirigentes da sigla descartam, por enquanto, organizar
qualquer tipo de manifestação pública de desagravo ao político mineiro.
Apesar das declarações pontuais de apoio dos últimos dias, os tucanos
vão manter distância do julgamento de Azeredo e deixá-lo sozinho em sua
defesa judicial.
A expectativa no PSDB é de que o caso seja concluído entre junho e
julho, justamente no momento das convenções partidárias que
oficializarão as candidaturas. Se for condenado, o senador Azeredo será
isolado pela legenda. Se absolvido, disputará uma vaga de deputado
federal por Minas, diz o deputado federal Marcus Pestana, presidente do
PSDB mineiro e um dos mais próximos interlocutores de Aécio.
Depois da reunião no PSDB, os quadros regionais do partido serão
orientados a bater na tecla de que não há como compararos dois
"mensalões". O argumento central, segundo o senador Cássio Cunha Lima
(PSDB-PB), vice-presidente da sigla, será que o episódio de Minas trata
da legalidade no patrocínio de eventos que são tradicionais: "Não há
como comparar isso com a compra mensal de apoio político".
O presidente do partido e candidato tucano à Presidência, senador Aécio
Neves (MG), repetiu ontem em visita ao Rio o mesmo discurso que fez no
fim de semana durante sua passagem pelo interior de São Paulo. "O
senador é conhecido e reconhecido em Minas Gerais como um homem de bem.
Ele vai ser julgado e nós, do PSDB, vamos respeitar a decisão do Supremo
Tribunal Federal. Mas obviamente vamos esperar que ele possa se
defender."
Vice-presidente do PSDB, o senador Álvaro Dias (PR) segue na mesma
linha. "Acredito que, se houver condenação, haverá exploração política,
na tentativa de atrapalhar a campanha do PSDB. Mas nós não temos medo,
porque não atinge o senador Aécio Neves, que é candidato à Presidência."
Assim como Cunha Lima, ele afirma que considera o caso de Azeredo
diferente do mensalão do PT.
Na ação contra Azeredo, que recebeu o nome de AP 536 (a do PT foi AP
470), é apurada a denúncia de desvio de dinheiro público durante a
campanha de reeleição de Azeredo ao governo de Minas Gerais, em 1998.
Ele é acusado por peculato e lavagem de dinheiro. De acordo com a PGR, o
então candidato teria se beneficiado de recursos oriundos de um esquema
que envolveu a empresa de publicidade SMPB, de propriedade de Marcos
Valério.
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