Quem tem entre 30 e 40 anos de idade consegue se lembrar de como era o Brasil há uma década. Um país com a auto-estima baixíssima, com sentimento vira-latas em relação a todo o resto do planeta. Na cabeça de boa parte de nós, qualquer naçãozinha mequetrefe era melhor.
Mas também não era pra menos. Sempre fomos comandados por pessoas colonizadas, que verdadeiramente acreditavam que tudo o que vinha de fora era superior, inclusive as pessoas. Estendiamos o tapete vermelho para qualquer fanfarrão que aparecesse por aqui, sem a menor cerimônia. Um governo vassalo gera sentimento vassalo em seu povo.
Me lembro bem de uma piada circulante na época que falava o seguinte. O Presidente vai a uma reunião do FMI, e ao atravessar a rua, sob uma chuva torrencial, dobra as barras da calça para não molhar tanto, mas as esqueceu assim. Lá chegando, o Presidente americano* vê as calças desarrumadas e diz ao brasileiro: "Presidente, baixe as calças". Nosso mandatário imediatamente abre o zíper, e de calças na canela, numa atitude que já lhe era familiar, vira de costas e se curva para o chefão.
Triste piada, mas espelha bem o que víamos em nossos capitães da época. A gota d´água foi quando Bill Clinton veio ao Brasil e deu um sermão público em FHC. Falou os tubos e o que Don Fernando disse? Nada, por óbvio. Ninguém daqui ousava reponder à altura. Até porque infelizmente, Clinton sequer estava mentindo.
Então, eis que vemos esta pesquisa dando conta que a maioria dos jovens brasileiros tem orgulho de ser daqui. Se identifica com o país, apesar da fortíssima campanha contra engendrada por nossa inacreditável imprensa, portavoz dos partidos da direita, que por algum motivo do além, ainda insiste em ser colonizada.
É muito feio quando alguém, sem motivo justo, desce o pau na própria família e só exalta as qualidades da do vizinho. Ora, defeitos todos temos, mas nosso país é nossa casa, nossa família, nosso referencial primeiro enquanto cidadãos.
O jornalista globete Willian Waack ser denunciado como informante da Casa Branca nem nos causou surpresa. É assim mesmo o pensamento reinante na chamada "elite". Vamos vender tudo e o último a sair, apague a luz.
Boa notícia essa da pesquisa. Quero crer que em uma década os vestígios da vagabundagem imperante nessas tais "elites" já esteja extinta. O Brasil finalmente deixou de ser o país do futuro, de ser o gigante adormecido. Agora é um gigante bem acordado fazendo o país do presente.
* Os EUA sempre foram os maiores contribuintes do FMI, que é um "clube" internacional de empréstimos. Mas como era o maior, sempre mandava e desmandava.
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