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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Rússia reage a ultimato contra Síria feito pela Liga Árabe

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, disse nesta quinta-feira (17) que o ataque contra uma base militar síria por bandos armados que se auto-intitulam Exército de Libertação da Síria (ASL na sigla em inglês) lembra o desencadear de uma guerra civil.

A Rússia e a China, membros permanentes do Conselho de Segurança, vetaram no dia 4 de outubro o projeto de resolução dos Estados Unidos e de seus satélites, que ameaçava o governo sírio com pesadas punições. A Síria tem sido vítima de sabotagens por bandos armados, que usaram manifestações civis contrárias ao governo para desencadear ações violentas em algumas cidades do país.

A Rússia afirmou que a comunidade internacional deve fazer um apelo ao poder sírio e a oposição pelo fim da violência. A China também disse que acompanha com preocupação o desenrolar da situação na Síria.

As ações de terrorismo são denunciadas há meses pelo governo sírio, mas o Ocidente afirma que as mortes causadas nessas ações são de exclusiva responsabilidade do presidente Bashar Al-Assad, na tentativa de construir um pretexto para derrubar pela força um governo que não é de seu interesse, como foi o caso da Líbia.

Um dos grupos envolvidos na ação por parte do imperialismo é a Fraternidade (ou Irmandade) Muçulmana. Boa parte das ações terroristas realizadas no país foi atribuída pelo governo ao grupo, que tem ligações com as agências de espionagem dos governos imperialistas.

Nesta quinta, o líder exilado dos Irmandade Muçulmana síria, Mohammad Riad Shakfa, chegou a afirmar que aceitará uma intervenção turca em seu país "para proteger a população". Um movimento similar ao que aconteceu com o movimento golpista líbio, que aceitou a ajuda militar da Otan e de alguns aliados, como o Catar.

Ao mesmo tempo, o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, criticou a comunidade internacional por "não agir" contra a "repressão". A Turquia, única grande potência regional próxima da Síria e que era aliada do governo sírio mudou de tom, revelando a adoção de uma nova política externa que tem condenado seus aliados do Oriente Médio, em troca de ações a seu favor na chamada "comunidade internacional".

A Liga Árabe lançou um ultimato de 72 horas ao governo, insistindo pelo fim das operações militares contra os bandos terroristas. A reação popular não tardou e setores da população chegaram a atacar as embaixadas dos países que pressionam o governo a renunciar.

Após uma reunião da Liga na quarta-feira em Rabat, o chefe do governo do Catar, o xeque Hamad ben Jassem, declarou que a organização daria a partir de quarta-feira "três dias ao governo sírio para acabar com a repressão sangrenta" contra a população. "Se Damasco não aceitar cooperar com a Liga, sanções econômicas serão adotadas contra a Síria", ameaçou.

No dia 12 de novembro, os membros da Liga Árabe decidiram suspender o país da organização. O governo do país ainda não respondeu às ameças nem comentou o ataque por terroristas contra um centro de inteligência das Forças Armadas na quarta-feira.

Um novo ataque dos terroristas que supostamente desertaram do exército, segundo alegam as agências ocidentais de notícias, foi feito nesta quinta contra a sede da juventude do Partido Baas. O número de vítimas do ataque é desconhecido.

As revoltas que eclodiram nos países árabes no início deste ano e que derrubaram as ditaduras da Tunísia e do Egito foram sequestradas pelo imperialismo, que esmagou a revolta popular no Barein, em Omã e no Iêmen, impediu manifestações de qualquer tipo da ditadura mais sangrenta do Oriente Médio, a da Arábia Saudita, e usou manifestações de descontentes na Líbia como uma cunha para desestabilizar e derrubar o governo do país, que até então era um aliado de potências europeias e desenvolvia uma política soberana no norte da África.

A Síria é, no momento, o alvo do imperialismo na região, que visa derrubar também o governo do Irã, uma república islâmica soberana e que, com isso, atrapalha os planos de hegemonia dos Estados Unidos sobre o Oriente Médio e o petróleo da região.

A Liga Árabe, uma organização onde predominam os ricos xeques cultivados no petróleo e que obedecem às instruções dos Estados Unidos, não se movimentou nem um milímetro para intervir na Tunísia, no Egito, no Barein e no Iêmen (para não falar de Marrocos, Jordânia, Omã e Arábia Saudita, onde manifestações menores, mas também significativas, continuaram durante meses). Mas nos casos de Síria e Líbia, sempre obedecendo a instruções dos EUA, a Liga logo se movimentou.

Não é a primeira vez que a Liga Árabe age contra estado membro, para facilitar invasões de exércitos estrangeiros. Isso ocorreu nos distantes anos de 1990 e 1991, quando a Liga Árabe converteu-se em mais um braço armado da ambição imperial dos EUA. A Liga Árabe então uniu forças com os EUA e potências europeias para invadir o Golfo, primeiro passo para legitimar a segunda invasão norte-americana, em 2003, para derrubar Saddam Hussein do poder no Iraque. Saddam, que era então forte aliado dos EUA na região.

Com agências

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