Os brasileiros que romperam a barreira dos 60 anos estão ativos como nunca e com dinheiro no bolso para consumir produtos e serviços de alta qualidade. Esse contingente de 20,5 milhões de pessoas já gasta R$ 360,3 bilhões por anoNotíciaGráfico
Esqueça a imagem do velhinho encarquilhado que dedica a vida a conversar com os filhos e netos, caminhar pela quadra e jogar dominó com os amigos. No Brasil que desponta como uma das potências econômicas do século 21, um novo padrão de envelhecimento está em curso. Muito distante da resignação com que os idosos do passado se afastavam do mercado de trabalho e da vida social, hoje, os que rompem a barreira dos 60 anos estão ativos como nunca. Saudáveis e com dinheiro no bolso, eles consomem de tudo, viajam o mundo, conectam-se às redes sociais, vão ao cinema e às festas, abrem empresas, fazem investimentos arriscados e movimentam academias de ginástica e o segmento de beleza.....
Com uma renda média de R$ 1.346,32, incluindo aposentadorias, pensões e salários dos que estão na ativa, eles já são 20,5 milhões de pessoas no país — contingente quase igual à população da Austrália e duas vezes a da Grécia ou a da Bélgica — e movimentam R$ 27,7 bilhões por mês ou R$ 360,3 bilhões por ano. Não por acaso, em 53% dos lares brasileiros, a sua contribuição representa mais da metade da renda domiciliar. No Nordeste, essa taxa chega a 63,5%. Em centenas de municípios, o total de benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é maior do que todos os repasses feitos pela União às prefeituras.
Em uma série de reportagens que começa a ser publicada hoje, o Correio mostra que, muito além de garantir a sobrevivência das famílias, o vigor dos idosos abre uma imensa oportunidade de negócios. Se, antes, os olhos das grandes empresas e instituições financeiras brilhavam por crianças, jovens e adultos, hoje, eles vislumbram na terceira idade a possibilidade de fazer os lucros jorrarem. Para isso, o país terá de se reinventar e oferecer opções de lazer e consumo de qualidade compatíveis com as necessidades desse público.
Mercado em expansão
Essa maré dará o tom da expansão de firmas de todos os ramos, mas favorecerá, principalmente, as que despertam interesse especial de quem tem mais de 60 anos, como saúde, bem-estar, entretenimento, educação e culinária. "Abre-se uma grande cortina de oportunidades. Tratar com esse nicho é absolutamente inteligente, por razões que os próprios números mostram", afirma Adriano Gomes, professor de finanças da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM-SP).
Se já representa um grande filão, daqui para frente, essa população ocupará cada vez mais um papel central na economia. Ao longo das próximas quatro décadas, o número de idosos crescerá a uma taxa de 3,2% ao ano, revelam dados do Banco Mundial e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2050, a parcela de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 65 milhões, três vezes mais que a atual, e representará 30% do contingente populacional do Brasil. Hoje, elas somam apenas 10,8%.
Na visão de Gomes, as empresas que mirarem dia e noite as mudanças na sociedade vão despontar e se diferenciar no futuro. "Eu nunca vi, por exemplo, uma indústria moveleira que se preocupe com peças adequadas, com puxadores mais fáceis de serem abertos, com portas e guarda-roupas criados especialmente para esse público. O primeiro que vislumbrar esse mercado poderá vender para 65 milhões de pessoas", ressalta o economista.
O turismo é um dos poucos segmentos que entenderam o novo cenário e deram os primeiros passos para agradar os clientes mais maduros. Áreas como ginástica e transportes estão vendo as transformações passarem pela janela. "Os idosos de hoje são muito mais ativos e têm mais qualidade de vida do que os de 40 anos atrás. O mercado precisa se adaptar a esse público, que necessitará de roupas, alimentos e de uma série de serviços adequados", analisa o economista Marcelo Abi-Ramia Caetano.
No mundo do trabalho, as transformações também são visíveis. Diante de um mercado prestes a explodir por causa da falta de mão de obra qualificada, não apenas os idosos encontram novas possibilidades, mas as próprias empresas enxergam neles conhecimento e experiência para suprir a carência de profissionais, principalmente em setores como construção civil, engenharia e tecnologia da informação.
"!!Tratar com esse nicho é absolutamente inteligente, por razões que os próprios números mostram"
Adriano Gomes, professor de finanças da ESPM
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