Filipe Pacheco | Valor
Para a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, "vivemos um momento de definição" em que não se trata mais de resgatar um país ou região, mas sim todo o mundo.
Em discurso realizado no Conselho de Relações Exteriores da Alemanha, em Berlim, Lagarde disse que é preciso salvar o mundo de uma espiral de declínio econômico e evitar um momento similar àquele de 1930, "em que a combinação da falta de ação, do isolamento e de ideologias rígidas causaram um colapso da demanda global".
"O quanto mais esperarmos, pior ficará. A única solução é prosseguirmos juntos. Nosso futuro econômico conjunto depende disso", disse. De acordo com a principal executiva da entidade, o mundo precisará nos próximos anos de um financiamento potencial de US$ 1 trilhão, sendo que o FMI sozinho pretende levantar US$ 500 bilhões adicionais para a concessão de empréstimos. "No momento, nós estamos explorando opções e consultando membros [para isso]", disse Lagarde em Berlim.
Em relação à zona do euro, ela disse que há três "imperativos: crescimento mais forte, proteções mais fortes e maior integração." Lagarde reforçou como o aumento do custeio de dívida para a Espanha e para a Itália pode levar a uma crise de solvência na região, que poderia acarretar em possíveis "consequências desastrosas para a estabilidade sistêmica."
"Nós também temos de acabar com o ciclo vicioso de bancos prejudicando os [títulos] soberanos e os títulos prejudicando os bancos. Isso prejudica a ambos."
No mesmo discurso, Lagarde pede que os líderes europeus complementem os pactos fiscais realizados no mês passado com alguma forma de compartilhamento de riscos financeiros, citando títulos de dívida comuns para a região, ou um fundo de redenção de dívida como uma possível opção. Hoje ministros das Finanças da região se encontram em Bruxelas para consolidar medidas de integração fiscal para a zona do euro, com exceção do Reino Unido, que não aderiu à ideia.
Lagarde citou em seu discurso dois grandes pensadores de dois países que estão em extremos opostos do contexto de crise atual na Europa: um grego e um alemão. "O ano de 2012 deve ser de cicatrização. Mas como disse Hipócrates há muito tempo: 'cicatrização é uma questão de tempo, mas às vezes também é uma questão de oportunidade", disse.
Ao terminar sua fala, recorreu a Goethe, considerado um dos maiores nomes da literatura alemã: "Saber não é suficiente, é necessário aplicar. Não basta desejar, é preciso fazer."
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