GilsonSampaio
Sobre o impacto da brutalidade da noticia deixei de fazer o óbvio: deixar a emoção um pouco de lado e fazer uso da razâo, ou seja, procurar outras fontes. Uma imagem vale por mil palavras me pregou uma peça. A foto é falsa. E, grosseiramente falsa.
Burrice 1
Um corpo carbonizado a ponto de deixar à mostra as costelas, estas não poderiam ser claras.
Burrice 2
A fonte de luz está no canto inferior esquerdo. A parte que corresponderia à coxa direita não poderia apresentar sombras.
Burrice 3
Parte da imagem próxima à data tem contornos nítidos de um sapato ou bota e flutua sobre a imagem. Assim como, a imagens correspondentes aos quadris, fêmures e peito são inverossímeis.
Burrice 4
Como fui burro.
Tive um amigo baiano que dizia: Burrice é irreversível. Espero que ele esteja só um pouquinho errado.
Depois da imagem, a verdade.
Luiz Carlos Azenha fez o óbvio e foi a uma fonte confiável.
Luiz Carlos Azenha
O que existe de fato sobre uma criança indígena que teria sido queimada por madeireiros no interior de Maranhão é um relato de testemunhas indiretas, reproduzido por terceiros. Como disse o jornalista Renato Santana, assessor do Conselho Indigenista Missionário, em Brasília, cuidado com o que circula na internet.
O corpo foi encontrado carbonizado em outubro do ano passado num acampamento abandonado pelos Awá isolados, a cerca de 20 quilômetros da aldeia Patizal do povo Tenetehara, região localizada no município de Arame (MA). A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi informada do episódio em novembro e nenhuma investigação do caso está em curso.
As suspeitas dão conta de que um ataque tenha ocorrido entre setembro e outubro contra o acampamento dos indígenas isolados. Clovis Tenetehara costumava ver os Awá-Guajá isolados durante caçadas na mata. No entanto, deixou de encontrá-los logo que localizou um acampamento com sinais de incêndio e os restos mortais de uma criança.
“Depois disso não foi mais visto o grupo isolado. Nesse período os madeireiros estavam lá. Eram muitos. Agora desapareceram. Não foram mais lá. Até para nós é perigoso andar, imagine para os isolados”, diz Luís Carlos Tenetehara, da aldeia Patizal. Os indígenas acreditam que o grupo isolado tenha se dispersado para outros pontos da Terra Indígena Araribóia temendo novos ataques.
Conversei com Rosimeire Diniz, coordenadora do Cimi em São Luís do Maranhão, que confirmou a declaração dada por ela:
“A situação é denunciada há muito tempo. Tem se tornado frequente a presença desses grupos de madeireiros colocando em risco os indígenas isolados. Nenhuma medida concreta foi tomada para proteger esses povos”.
A Terra Indígena Araribóia tem 413 mil hectares devidamente homologados e demarcados. Nela os Tenetehara convivem com os Awá, um povo coletor.
Renato Santana negou a existência de alguma foto do corpo carbonizado. Só uma investigação oficial da Funai pode confirmar se de fato existe o corpo carbonizado e se de fato é de uma criança. Além disso, é preciso esperar o testemunho direto de alguém que presenciou o episódio para saber se houve crime e, se houve, para tentar identificar os autores.
Dizer que “madeireiros mataram queimada uma criança indígena de oito anos” é, no mínimo, um exagero.
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