Guerrilheiro Virtual

sábado, 7 de janeiro de 2012

Sobre a Ganância e a Bestialidade "humanas"

GilsonSampaio

Sobre o impacto da brutalidade da noticia deixei de fazer o óbvio: deixar a emoção um pouco de lado e fazer uso da razâo, ou seja, procurar outras fontes. Uma imagem vale por mil palavras me pregou uma peça. A foto é falsa. E, grosseiramente falsa.

Burrice 1

Um corpo carbonizado a ponto de deixar à mostra as costelas, estas não poderiam ser claras.

Burrice 2

A fonte de luz está no canto inferior esquerdo. A parte que corresponderia à coxa direita não poderia apresentar sombras.

Burrice 3

Parte da imagem próxima à data tem contornos nítidos de um sapato ou bota e flutua sobre a imagem. Assim como, a imagens correspondentes aos quadris, fêmures e peito são inverossímeis.
 
Burrice 4

Como fui burro.

Tive um amigo baiano que dizia: Burrice é irreversível. Espero que ele esteja só um pouquinho errado.
 
Depois da imagem, a verdade.

image

Luiz Carlos Azenha fez o óbvio e foi a uma fonte confiável.

Os boatos na internet e o relato da criança queimada
 
Luiz Carlos Azenha

O que existe de fato sobre uma criança indígena que teria sido queimada por madeireiros no interior de Maranhão é um relato de testemunhas indiretas, reproduzido por terceiros. Como disse o jornalista Renato Santana, assessor do Conselho Indigenista Missionário, em Brasília, cuidado com o que circula na internet.

O Cimi divulgou uma nota a respeito, em seu site:


O corpo foi encontrado carbonizado em outubro do ano passado num acampamento abandonado pelos Awá isolados, a cerca de 20 quilômetros da aldeia Patizal do povo Tenetehara, região localizada no município de Arame (MA). A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi informada do episódio em novembro e nenhuma investigação do caso está em curso.


As suspeitas dão conta de que um ataque tenha ocorrido entre setembro e outubro contra o acampamento dos indígenas isolados. Clovis Tenetehara costumava ver os Awá-Guajá isolados durante caçadas na mata. No entanto, deixou de encontrá-los logo que localizou um acampamento com sinais de incêndio e os restos mortais de uma criança.


“Depois disso não foi mais visto o grupo isolado. Nesse período os madeireiros estavam lá. Eram muitos. Agora desapareceram. Não foram mais lá. Até para nós é perigoso andar, imagine para os isolados”, diz Luís Carlos Tenetehara, da aldeia Patizal. Os indígenas acreditam que o grupo isolado tenha se dispersado para outros pontos da Terra Indígena Araribóia temendo novos ataques.

Conversei com Rosimeire Diniz, coordenadora do Cimi em São Luís do Maranhão, que confirmou a declaração dada por ela:


“A situação é denunciada há muito tempo. Tem se tornado frequente a presença desses grupos de madeireiros colocando em risco os indígenas isolados. Nenhuma medida concreta foi tomada para proteger esses povos”.

A Terra Indígena Araribóia tem 413 mil hectares devidamente homologados e demarcados. Nela os Tenetehara convivem com os Awá, um povo coletor.

Renato Santana negou a existência de alguma foto do corpo carbonizado. Só uma investigação oficial da Funai pode confirmar se de fato existe o corpo carbonizado e se de fato é de uma criança. Além disso, é preciso esperar o testemunho direto de alguém que presenciou o episódio para saber se houve crime e, se houve, para tentar identificar os autores.
 
Dizer que “madeireiros mataram queimada uma criança indígena de oito anos” é, no mínimo, um exagero.


Do Gilson Sampaio

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