Do Viomundo
Dezenas de agentes ligados ao esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira já estão sob a mira da Justiça, do Congresso, da imprensa e da opinião pública após serem citados nas investigações que deflagraram a operação Monte Carlo. Envolvimento de jornalistas, porém, não recebe os mesmos holofotes. Questionada, Veja indicou telefone de consultoria jurídica que nega trabalhar em algo relativo à revista.
por Vinicius Mansur, em Carta Maior, sugestão de Franco Atirador
por Vinicius Mansur, em Carta Maior, sugestão de Franco Atirador
Brasília – A Operação Monte Carlo resultou na prisão de 35 pessoas acusadas de envolvimento com a quadrilha da jogatina de Carlinhos Cachoeira, em Goiás. Entre os acusados, dois delegados da Polícia Federal, seis delegados da Polícia Civil goiana, um agente da Polícia Rodoviária Federal e 29 soldados, cabos e oficiais da Polícia Militar de Goiás.
A classe política também sangra com a operação. Após terem seus nomes mencionados nas investigações do Ministério Público e da Polícia Federal, os deputados Carlos Leréia (PSDB-GO), João Sandes Júnior (PP-GO) e Rubens Otoni (PT-GO) e, especialmente, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) já são alvos de diversas reportagens e de um inquérito encaminhado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Caminho parecido deve seguir o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), dadas as denúncias crescentes na mídia que expõe seus vínculos com Cachoeira.
Mais complicado, entretanto, é vir a público quais são os setores da imprensa envolvidos com a organização criminosa.
Conforme noticiou Carta Maior, partes do inquérito que deram origem a Operação Monte Carlo – publicadas na internet – citam relações promíscuas de jornalistas com a quadrilha de Cachoeira. Porém, apenas o nome de Wagner Relâmpago, repórter do programa DF Alerta, da TV Brasília/Rede TV, é explicitado.
Os três procuradores federais do Ministério Público responsáveis pelo caso – Daniel de Resende Salgado, Léa Batista de Oliveira e Marcelo Ribeiro de Oliveira – não deram maiores informações sobre o envolvimento de jornalistas. “Vamos ter que estudar isso”, limitou-se a dizer o procurador Marcelo Ribeiro.
Por meio de sua assessoria, o juiz da 11ª Vara da Justiça Federal em Goiás, Paulo Augusto Moreira Lima, que expediu os mandados da operação Monte Carlo, disse que não vai se pronunciar porque o processo corre em segredo de Justiça e só quem tem acesso a ele são as partes envolvidas e seus procuradores.
Porém, diversas outras informações, além daquelas que já são públicas devido ao vazamento de trechos do inquérito citado acima, seguem sendo meticulosamente reveladas por veículos de comunicação. Mas praticamente nada diz respeito aos jornalistas envolvidos.
Rara exceção foi o jornalista Luis Nassif, que obteve a informação de que as investigações registraram mais de 200 telefonemas entre Cachoeira e o diretor da revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior.
No intuito de se defender, no último sábado (31), a revista tornou pública a gravação de uma conversa, que teria sido feita em 8 de julho de 2011, entre Cachoeira e o ex-agente da Abin, Jairo Martins, acusado pela Justiça de pertencer à quadrilha. Na conversa, Cachoeira cita Policarpo como “alguém que nunca vai ser nosso” e ainda afirma que foi seu grupo quem deu “os grande furos do Policarpo”,“limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho pro Brasil, essa corrupção aí”.
Para Nassif, esta gravação não é suficiente para desfazer a associação da quadrilha com a revista, entre outras razões, porque foi registrada em uma época em que a antiga relação entre elas já estava esgarçada. “Há um vazamento seletivo. Por que não divulgam os demais grampos?”, indaga.
Procurada pela reportagem, a revista Veja alegou que o assunto deveria ser tratado com seu departamento jurídico. Entretanto, no telefone informado, a Novoa Prado Consultoria Jurídica afirmou que, apesar de já ter prestado serviços para a Editora Abril, nunca trabalhou em nada relativo à revista Veja.
O assunto parece mesmo proibido nos veículos da mídia tradicional, ainda que em mínimas proporções. O blog “Rádio do Moreno”, que faz parte da edição digital do jornal O Globo, teve que retirar do ar, na última sexta-feira (30), um texto do colaborador Théofilo Silva. O artigo mencionava que “o poderoso editor da revista Veja” estaria envolvido com Cachoeira e indagava “se você compra a imprensa e as autoridades públicas, o que mais falta para ser o dono do Estado?”
Na nota em que comunicou a retirada do texto, Jorge Moreno disse ter recebido “uma grave e merecida advertência do diretor de redação, Ascânio Seleme”, alegou falta de apuração e concluiu “não considero correto que um blog de jornalista agrida outro jornalista”.
Do ContrapontoPIG
A classe política também sangra com a operação. Após terem seus nomes mencionados nas investigações do Ministério Público e da Polícia Federal, os deputados Carlos Leréia (PSDB-GO), João Sandes Júnior (PP-GO) e Rubens Otoni (PT-GO) e, especialmente, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) já são alvos de diversas reportagens e de um inquérito encaminhado pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Caminho parecido deve seguir o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), dadas as denúncias crescentes na mídia que expõe seus vínculos com Cachoeira.
Mais complicado, entretanto, é vir a público quais são os setores da imprensa envolvidos com a organização criminosa.
Conforme noticiou Carta Maior, partes do inquérito que deram origem a Operação Monte Carlo – publicadas na internet – citam relações promíscuas de jornalistas com a quadrilha de Cachoeira. Porém, apenas o nome de Wagner Relâmpago, repórter do programa DF Alerta, da TV Brasília/Rede TV, é explicitado.
Os três procuradores federais do Ministério Público responsáveis pelo caso – Daniel de Resende Salgado, Léa Batista de Oliveira e Marcelo Ribeiro de Oliveira – não deram maiores informações sobre o envolvimento de jornalistas. “Vamos ter que estudar isso”, limitou-se a dizer o procurador Marcelo Ribeiro.
Por meio de sua assessoria, o juiz da 11ª Vara da Justiça Federal em Goiás, Paulo Augusto Moreira Lima, que expediu os mandados da operação Monte Carlo, disse que não vai se pronunciar porque o processo corre em segredo de Justiça e só quem tem acesso a ele são as partes envolvidas e seus procuradores.
Porém, diversas outras informações, além daquelas que já são públicas devido ao vazamento de trechos do inquérito citado acima, seguem sendo meticulosamente reveladas por veículos de comunicação. Mas praticamente nada diz respeito aos jornalistas envolvidos.
Rara exceção foi o jornalista Luis Nassif, que obteve a informação de que as investigações registraram mais de 200 telefonemas entre Cachoeira e o diretor da revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior.
No intuito de se defender, no último sábado (31), a revista tornou pública a gravação de uma conversa, que teria sido feita em 8 de julho de 2011, entre Cachoeira e o ex-agente da Abin, Jairo Martins, acusado pela Justiça de pertencer à quadrilha. Na conversa, Cachoeira cita Policarpo como “alguém que nunca vai ser nosso” e ainda afirma que foi seu grupo quem deu “os grande furos do Policarpo”,“limpando esse Brasil, rapaz, fazendo um bem do caralho pro Brasil, essa corrupção aí”.
Para Nassif, esta gravação não é suficiente para desfazer a associação da quadrilha com a revista, entre outras razões, porque foi registrada em uma época em que a antiga relação entre elas já estava esgarçada. “Há um vazamento seletivo. Por que não divulgam os demais grampos?”, indaga.
Procurada pela reportagem, a revista Veja alegou que o assunto deveria ser tratado com seu departamento jurídico. Entretanto, no telefone informado, a Novoa Prado Consultoria Jurídica afirmou que, apesar de já ter prestado serviços para a Editora Abril, nunca trabalhou em nada relativo à revista Veja.
O assunto parece mesmo proibido nos veículos da mídia tradicional, ainda que em mínimas proporções. O blog “Rádio do Moreno”, que faz parte da edição digital do jornal O Globo, teve que retirar do ar, na última sexta-feira (30), um texto do colaborador Théofilo Silva. O artigo mencionava que “o poderoso editor da revista Veja” estaria envolvido com Cachoeira e indagava “se você compra a imprensa e as autoridades públicas, o que mais falta para ser o dono do Estado?”
Na nota em que comunicou a retirada do texto, Jorge Moreno disse ter recebido “uma grave e merecida advertência do diretor de redação, Ascânio Seleme”, alegou falta de apuração e concluiu “não considero correto que um blog de jornalista agrida outro jornalista”.
Do ContrapontoPIG
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