Em
homenagem aos 140 anos da Comuna, a Caros Amigos publica ilustrações
do Grupo John Reed, de Nova York, que remontam a história do movimento.
No Brasil, atividades em diversas cidades celebram a data. (18 de
março de 1871)
No verão de 1870, a burguesia francesa conclamou seu país para uma guerra com a Prússia. O governo e líderes do exército eram corruptos.

Houve
uma série de derrotas. Finalmente, em setembro, 80.000 homens mal
treinados e equipados foram jogados contra a potente máquina de guerra
prussiana. Os franceses foram cercados e derrotados. Napoleão III, e
quase metade de seu exército foi capturado, bem como as tropas de Paris,
e os prussianos invadiram a capital.


Mas,
os cidadãos de Paris organizaram uma Guarda Nacional. Eles já sentiam a
falta de alimentos: longas filas de famintos esperavam por pão às
portas das padarias. Mas, os cidadãos conquistaram vários canhões para
defenderem-se dos prussianos e os colocaram nas fronteiras de Paris.

Neste
movimento, os ricos viram um perigo para eles, não menor que para os
prussianos. As massas foram despertadas por um fervor revolucionário:
as armas poderiam ser utilizadas tão facilmente contra o inimigo
prussiano quanto contra a burguesia. O governo francês ordenou a captura
dos canhões. O alarme foi dado: todos os trabalhadores da cidade,
tanto as mulheres quanto os homens, saíram em sua defesa. E as tropas
do governo se confraternizaram com os defensores.

Em
18 de março a Comuna foi proclamada. O Governo retirou-se com suas
tropas para Versalhes, temendo o contágio com a Guarda Nacional
rebelada. Os communards permitiram a partida das tropas, do governo e
dos ricos, embora as tropas pudessem ter sido conquistadas e a riqueza
da cidade pudesse ter sido mantida como refém da garantia de paz.

A
cidade, organizados em distritos e arredores, foi liderada por grupos
de Communards - homens e mulheres, trabalhadores e intelectuais - que
eram, como afirmou Lênin, criadores de "um novo tipo de Estado – O
Estado dos Trabalhadores".

E nas ruas a multidão se levantou para ler as proclamações desse novo Estado:
· separação da Igreja;
· nenhuma noite mais de trabalho nas padarias;
· nenhum imposto para os pobres;
· a prisão de sacerdotes;
· a reabertura de fábricas abandonadas;
· a abolição de multas contra os trabalhadores.

Entretanto,
em Versalhes, Thiers e seu governo reacionário, auxiliados por agentes
da Prússia, planejaram um ataque à Comuna de Paris.
Milhares de soldados franceses capturados foram libertados e armados para o ataque já aguardado pelos communards.

Barricadas
foram levantadas nas ruas. Homens e mulheres trabalharam juntos para a
sua construção e manutenção. Mas a cidade inteira não poderia ser
assegurada. O burguês que permaneceu em Paris comunicava a Versalhes os
lugares que estavam mais vulneráveis, e entre os dias 22 e 28 de maio,
os soldados entraram pelos limites indefesos, com batalhas de uma
semana sangrenta.
Os communards lutaram bravamente, numa última cartada em uma pequena
seção de Paris. Cada pavimento era um campo de batalha, cada casa uma
fortaleza. Desgastados e exaustos, os communards recuaram diante do
avanço que não poupou nem a mulher nem a criança.

Ainda
lutando entre as ruínas incendiadas da cidade, eles foram capturados.
Milhares foram mortos no local onde foram encontrados, milhares de
outros - crianças, idosos e doentes - foram conduzidos a lugares
abertos para serem fuzilados.
Cada destacamento de tropas de Versalhes era um grupo enlouquecido de
carrascos que assassinou cada suspeito de simpatizante dos communards.
A Comuna deveria ser afogada em seu próprio sangue.

E muitos ricos que retornaram à Paris foram para as calçadas assistir àquele horrível desfile e comemorar a sua vitória.

O
terror do governo não conhecia limites. No Cemitério Pere Lachaise e
em dezenas de outros pontos, milhares de communards foram reunidos e
fuzilados. General Gallifet, o “açougueiro”, ordenou que as tropas
disparassem na multidão contra os muros. Os cadáveres eram jogados junto
com aos feridos e sobreviventes. Uma parte do "Muro dos communards"
ainda está de pé, e os rostos esculpidos que espiam de que são ao mesmo
tempo um desafio ao domínio capitalista e um monumento aos mártires da
Comuna.

Em
uma semana 40 mil trabalhadores foram assassinados. Em seguida, os
communards que sobreviveram foram reunidos e submetidos a falsos
julgamentos. Foram todos considerados culpados, executados ou enviados
para as colônias tropicais.

Lá,
eles foram forçados a realizar o mais terrível trabalho escravo. Eles
tinham ajudado a fundar o primeiro governo dos trabalhadores, e, como
vingança, a burguesia vitoriosa os enviou para morrer com o excesso de
trabalho e doenças, sob o domínio das tropas francesas no exterior.

Com
o maior cuidado e compreensão de Karl Marx tinha seguido o destino da
Comuna. Imediatamente após sua queda, ele falou aos trabalhadores do
mundo sobre as lições da sua ascensão e queda.
«Trabalhadores de Paris, disse ele, a sua Comuna será para sempre celebrada como o arauto glorioso de uma nova sociedade».
18 de março, aniversário da Comuna de Paris, é um dos marcos do avanço
da classe trabalhadora. Desde 1871, tem sido um dia de celebração e de
re-dedicação dos trabalhadores em cada país.

A Comuna vive novamente!
Em outubro de 1917, 46 anos depois da Comuna de Paris, os operários da Rússia sob a liderança do Partido Bolchevique e de Lênin, decidiram pela criação do "Estado Permanente dos Trabalhadores”. Estes Communards russos, dirigidos a partir de Smolny por Lênin – com comitês dos trabalhadores, das fábricas, dos soldados e marinheiros que se juntaram à revolução proletária - derrotaram o governo burguês, sob o lema: "Todo o poder aos sovietes".
"A Comuna de Paris", disse Lênin, "foi o primeiro passo." A sociedade socialista a ser construída na União Soviética é o primeiro passo da marcha para a criação de uma Comuna Proletária Mundial.
Fonte: International Publishers, Panfletos Internacional n º 12, publicado pelo Clube John Reed, uma organização revolucionária de escritores e artistas em Nova York. Terceira edição, 1934.
Tradução: Beatriz Campos / Produção e revisão: Cecilia Luedemann
Fonte: Caros Amigos
Do Contexto Livre
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