Nos próximos dias começará o julgamento do “mensalão” – o sistema de
financiamento de campanha do PT e partidos aliados, denunciado por
Roberto Jefferson. Não há provas de que tenha sido um pagamento mensal
por compra de apoio. É mais o apoio financeiro às campanhas políticas de
aliados.
Mesmo assim, não deve ser minimizado, desde que se entenda que é algo
que ocorre com todos os partidos e todas instâncias de poder.
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O país avançou enormemente na luta contra a corrupção. Dispõe de um
conjunto de organismos funcionando, como o TCU (Tribunal de Contas da
União), a AGU (Advocacia Geral da União), o Ministério Público, a
Polícia Federal. E, agora, a Lei de Transparência, obrigando todos os
entes públicos a disponibilizarem suas informações na Internet.
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Mas o ponto central de corrupção – o financiamento privado de campanha – continua intocado.
Por que ele tem essa importância?
O primeiro círculo de controle da corrupção é do próprio partido. São políticos vigiando correligionários.
Com o financiamento público de campanha e o Caixa 2, a contabilidade
vai para o vinagre. É impossível controlar o que vai para o partido ou
para o bolso dos que controlam as finanças partidárias.
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O mesmo ocorre na administração pública. A sucessão de convênios
firmados por Ministérios com ONGs aliadas é efeito direto desse modelo.
Mas não apenas isso. Tome-se o responsável pela aprovação de plantas na
Prefeitura de São Paulo. Durante anos e anos prevaricou. Para tanto,
desobedecia as posturas municipais. Por que não foi denunciado por
subordinados? Justamente por não saber se era iniciativa pessoal sua ou a
mando do seu chefe, ou do chefe do chefe. Tudo isso devido ao
financiamento privado de campanha.
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Essa prática nefasta acabou legitimando (embora não legalizando) vários
tipos de golpe em todas as instâncias administrativas, em todos os
quadros partidários.
Liquidou não apenas com a ética partidária mas com a própria democracia
interna dos partidos. Na composição dos candidatos ao legislativo, tem
preferência quem tem acesso a financiadores de campanha. E a conta
será cobrada depois.
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Os desdobramentos se dão não apenas no âmbito da política, mas do próprio crime organizado.
A falta de regras faz com que pululem irregularidades em todos os
cantos – desde meros problemas administrativos até escândalos graúdos.
Em parceria com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, por exemplo, a revista
Veja montou uma verdadeira máquina de arapongagem em Brasília, que
servia não apenas para vender mais revista, criar mais intimidação,
como para outros objetivos ainda não completamente esclarecidos.
Em muitos casos, levantavam-se escândalos com o único propósito de afastar quadrilhas adversárias de Cachoeira.
As revelações de ontem – do portal G1, da Globo – de que a namorada de
Cachoeira chantageou um juiz (dizendo que tinha encomendado um dossiê
para Veja) é demonstração cabal de como a corrupção entrou em todos os
poros da vida nacional.
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