Ricardo Lewandowski absolve João Paulo Cunha de todas as acusações;
Joaquim Barbosa pede réplica; revisor, tréplica; "esse julgamento não
vai acabar nunca", desferiu relator; juiz Ayres Britto diz que
"proeminência é do relator"; "Se não houver tréplica, vou me ausentar do
plenário", rebateu revisor; "segunda-feira veremos isso", contemporizou
Britto; Barbosa disse que "todas as questões estão respondidas no meu
voto"; procurador Gurgel na torcida por ele; a grande briga começou.
247 - Terminou em bate-boca a leitura do voto do
revisor da Ação Penal 470, no Supremo Tribunal Federal, Ricardo
Lewandowski, entre ele próprio e o relator Joaquim Barbosa.
Imediatamente após acabar de falar, tendo absolvido não apenas o
ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha de todas as
acusações que lhe são imputadas -- corrupção passiva, peculato duas
vezes e lavagem de dinheiro --, Lewandowski também absolveu os réus
Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach de todas as acusações
relacionacionadas ao caso de João Paulo -- peculato e lavagem de
dinheiro.
"Tudo isso está respondido no meu voto", esbravejou Joaquim Barbosa.
"Hoje já está tarde, mas na segunda-feira responderei a todos esse
pontos", reagiu ele. O presidente Ayres Britto concordou, mas
Lewandowski pediu direito a tréplica. "A jurisprudência do STF resolve
isso: a proeminência é do relator", respondeu Britto. Lewandowski não
gostou. "Mas o sr. nem vai colocar isso a voto?", perguntou. "O senhor
aqui é o revisor, mas é como seu fosse apenas um juíz vogal", disse, por
sua vez, Britto, querendo negar o direito à tréplica. "Se for assim,
adianto que vou me ausentar do plenário durante a réplica do relator",
ameaçou Lewandowski. "Na segunda-feira veremos isso", contemporizou
Britto, depois de manifestar-se claramente pró-Barbosa.
A sessão da próxima segunda-feira do STF, pela estatura dos juízes em
debate, promete despertar emoções como as levantadas numa luta de MMA,
imagem usada por 247 para ilustrar a situação.
Abaixo, notícias anteriores sobre os votos do ministro revisor, que,
em série, absolveu João Paulo Cunha de todas as acusações que lhe são
imputadas:
247 - O ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha, é o grande
vitorioso do dia. Uma a uma, ele foi absolvido pelo ministro revisor da
Ação Penal 470, no plenário do Supremo Tribunal Federal, das acusações
de corrupção passiva, peculatos e lavagem de dinheiro. Em todos os
pontos, Lewandowski foi frontalmente contrário ao voto dado
anteriormente pelo ministro relator Joaquim Barbosa, que declarou a
culpa de João Paulo em todas as acusações. Em vários momento,
Lewandowski foi crítico a passagens da sentença de Barbosa. O relator
prometeu ontem, no plenário do STF, que iria procurar rebater votos
contrários aos seus. Esse debate promete ser bom, e se assemelhar,
imageticamente, pela estatura dos dois magistrados, de uma grande luta
de MMA.
Com o voto de absolvição a João Paulo sobre a acusação de lavagem de
dinheiro, Ricardo Lewandowski o considerou absolvido de todas as
acusações. O presidente do STF, Ayres Britto, pediu para falar no meio
da declaração de voto, como que não entendendo a declaração, mas logo se
corrigiu. O revisor, na continuação de seu voto, absolveu o
publicitário Marcos Valério da acusação de corrupção ativa e peculato na
relação com Cunha. O mesmo voto foi dado também quanto a absolvição dos
sócios dele, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, por peculato e corrupção
ativa. "Acusação não logrou sucesso em demonstrar qualquer ilícito",
justificou. "Encerro minha participação hoje. Espero", afirmou, sabendo
que teria réplica de Joaquim Barbosa. E teve. "Tudo isso está respondido
no meu próprio voto. Vou responder na segunda-feira, não só as dúvidas
que vieram à tona, como as afirmações", disse relator. "Quero o direito à
tréplica", disse Lewandowski. "Esse julgamento não vai terminar",
rebateu Barbosa. "O relator tem a centralidade do processo", disse Ayres
Britto.
Abaixo, notícia anterior sobre o surpreendente, à maioria dos
analistas, voto de Ricardo Lewandowski a respeito da acusações sobre
João Paulo Cunha:
247 - Se fosse uma trombada, seria entre caminhões pesados. Os votos
de absolvição já dados pelo ministro revisor da Ação Penal 470 no
Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, às acusações contra o
ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha são em tudo frontais à posição
manifestada pela relator Joaquim Barbosa. Na véspera, à mera compreensão
errônea de que Lewandowski iria divergir dele -- quando, na verdade, o
que houve foi um engano, uma vez que, naquela sessão, o revisor
condenou, a exemplo do que fizera Barbosa, os réus Marcos Valério,
Cristiano Paz e Ramon Hollerbach --, o relator já havia prometido
revidar com novos argumentos. Se houver contestação, o debate entre os
juizes promete ser dos mais animados. Antes de ler seu voto nesta
quinta-feira 23, Lewandowski teve o cuidado de distribuir os documentos
citados aos demais juízes, como que para reforçar o caráter
eminentemente técnico de sua sustentação. Sobraria a Barbosa, nessa
linha, o carimbo de ter votado politicamente.
Na retomada da sessão desta quarta 23 do STF, Lewandowski já deu
mostras, às 17h22, de que irá absolver João Paulo Cunha da acusação de
ter contratado ilegalemente o jornalista Luís Costa Pinto, dono da
agência IFT, para o cargo de assessor de imprensa de sua gestão, em
2003. Está despontando a certeza de que o ex-presidente da Câmara e
atual candidato a prefeito pelo PT em Osasco será absolvido, por
Lewandowski, de todas as acusações. Esse voto pode ter reflexo decisivo
sobre o julgamento dos demais réus, em especial os petistas José Dirceu,
ex-ministro chefe da Casa Civil, José Genoíno, ex-presidente do
partido, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro petista.
Brasil247
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