A quadrilha comandada pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, tem características típicas de grupos mafiosos e continua
atuando, mesmo após a prisão do bicheiro, com ameaças a agentes do Poder
Público. A conclusão é dos procuradores da República Léa Batista de
Oliveira e Daniel Rezende Salgado, responsáveis pelas investigações que
desvendaram o poderio do grupo. Os dois prestaram depoimento ontem à
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira, no Senado.
Léa relatou que foi vítima de algumas tentativas de intimidação e indicou que apenas ações de repressão aos lucros da organização criminosa poderão desmantelar a quadrilha. A procuradora disse que recebeu e-mails anônimos com ameaças e que, no fim do mês passado, uma mulher tentou entrar no apartamento dela às 5h45m, mas foi barrada pelo porteiro do prédio. Além disso, ainda segundo a procuradora, o carro que ela usa foi marcado com tinta spray, levantando a suspeita de que poderia ser alvo de um atentado. O Ministério Público Federal disponibiliza dois veículos da mesma marca. Um é usado pela procuradora e o outro, pela equipe de seguranças.
"Essa organização não foi totalmente desarticulada. Isso só vai ocorrer quando sufocarmos o braço empresarial e financeiro da quadrilha, que continua fazendo ameaças e chantagens. Trata-se de uma máfia, com características clássicas, como código de silêncio orquestrado. Tanto aqui, na CPI, como na Justiça Federal, todos os integrantes se recusaram a falar, para manter a lealdade ao chefe, o Cachoeira, mesmo ele estando preso", exemplificou Léa Batista.
Dificuldades
Desde o início do depoimento, os procuradores deixaram claro que iriam se ater somente às perguntas relacionadas ao braço operacional da quadrilha voltado à exploração de jogos ilegais. Argumentaram que não tinham iniciado a análise dos elementos da investigação relacionados à atuação política de Cachoeira e seus aliados, como os contatos com parlamentares, a relação com a Construtora Delta e a participação em esquemas para fraudar licitações públicas.
"Ainda não conseguimos avançar na apuração sobre o patrimônio e a lavagem de dinheiro", justificou Daniel Salgado, depois de informar que o trabalho foi muito prejudicado pelo grande número de agentes de segurança do Estado que serviam à quadrilha do bicheiro.
Os procuradores expuseram ainda a precariedade de infraestrutura para monitorar a organização criminosa. De acordo com eles, somente quatro agentes e um delegado da Polícia Federal foram destacados exclusivamente para trabalhar nas operações Vegas e Monte Carlo, que desvendaram a atuação da grupo criminoso em Goiás. Por causa disso, alguns suspeitos sequer tiveram seus telefones grampeados.
Léa aproveitou a presença dos parlamentares para fazer um desabafo. Disse que está preocupada com o que acontecerá com ela e com o colega quando eles não puderem mais contar com as equipes de seguranças que os protegem 24 horas por dia. "A proteção, enquanto há esse burburinho, é uma coisa. Depois que passa, é outra. Não sei como estaremos eu e Daniel daqui a dois anos".
Para hoje estão previstos os depoimentos de Jayme Rincón, ex-tesoureiro da campanha do governador de Goiás, Marconi Perillo, e do ex-corregedor da Polícia Civil de Goiás Aredes Correia Pires. Ambos, porém, já conseguiram no Supremo Tribunal Federal (STF) habeas corpus para permanecerem calados na sessão da CPI.
"A organização só vai ser desarticulada quando sufocarmos o braço empresarial e financeiro da quadrilha, que continua fazendo ameaças e chantagens. Trata-se de uma máfia, com características clássicas, como o código de silêncio orquestrado"
Léa relatou que foi vítima de algumas tentativas de intimidação e indicou que apenas ações de repressão aos lucros da organização criminosa poderão desmantelar a quadrilha. A procuradora disse que recebeu e-mails anônimos com ameaças e que, no fim do mês passado, uma mulher tentou entrar no apartamento dela às 5h45m, mas foi barrada pelo porteiro do prédio. Além disso, ainda segundo a procuradora, o carro que ela usa foi marcado com tinta spray, levantando a suspeita de que poderia ser alvo de um atentado. O Ministério Público Federal disponibiliza dois veículos da mesma marca. Um é usado pela procuradora e o outro, pela equipe de seguranças.
"Essa organização não foi totalmente desarticulada. Isso só vai ocorrer quando sufocarmos o braço empresarial e financeiro da quadrilha, que continua fazendo ameaças e chantagens. Trata-se de uma máfia, com características clássicas, como código de silêncio orquestrado. Tanto aqui, na CPI, como na Justiça Federal, todos os integrantes se recusaram a falar, para manter a lealdade ao chefe, o Cachoeira, mesmo ele estando preso", exemplificou Léa Batista.
Dificuldades
Desde o início do depoimento, os procuradores deixaram claro que iriam se ater somente às perguntas relacionadas ao braço operacional da quadrilha voltado à exploração de jogos ilegais. Argumentaram que não tinham iniciado a análise dos elementos da investigação relacionados à atuação política de Cachoeira e seus aliados, como os contatos com parlamentares, a relação com a Construtora Delta e a participação em esquemas para fraudar licitações públicas.
"Ainda não conseguimos avançar na apuração sobre o patrimônio e a lavagem de dinheiro", justificou Daniel Salgado, depois de informar que o trabalho foi muito prejudicado pelo grande número de agentes de segurança do Estado que serviam à quadrilha do bicheiro.
Os procuradores expuseram ainda a precariedade de infraestrutura para monitorar a organização criminosa. De acordo com eles, somente quatro agentes e um delegado da Polícia Federal foram destacados exclusivamente para trabalhar nas operações Vegas e Monte Carlo, que desvendaram a atuação da grupo criminoso em Goiás. Por causa disso, alguns suspeitos sequer tiveram seus telefones grampeados.
Léa aproveitou a presença dos parlamentares para fazer um desabafo. Disse que está preocupada com o que acontecerá com ela e com o colega quando eles não puderem mais contar com as equipes de seguranças que os protegem 24 horas por dia. "A proteção, enquanto há esse burburinho, é uma coisa. Depois que passa, é outra. Não sei como estaremos eu e Daniel daqui a dois anos".
Para hoje estão previstos os depoimentos de Jayme Rincón, ex-tesoureiro da campanha do governador de Goiás, Marconi Perillo, e do ex-corregedor da Polícia Civil de Goiás Aredes Correia Pires. Ambos, porém, já conseguiram no Supremo Tribunal Federal (STF) habeas corpus para permanecerem calados na sessão da CPI.
"A organização só vai ser desarticulada quando sufocarmos o braço empresarial e financeiro da quadrilha, que continua fazendo ameaças e chantagens. Trata-se de uma máfia, com características clássicas, como o código de silêncio orquestrado"
Léa Batista de Oliveira, procuradora da República
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