Guerrilheiro Virtual

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Esclarecimentos sobre a polêmica com o filme ‘TED’

Sempre considerei o consumo de drogas um problema que assola o Brasil. Na primeira semana de setembro, a Universidade Federal de São Paulo divulgou um estudo, resultado do 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas, que aponta o Brasil como o maior mercado de crack do mundo e o segundo de cocaína, correspondendo a 20% do consumo global de cocaína. Esses números só reinteram a preocupação e a necessidade de políticas públicas sérias, sobretudo, capazes de retirar o país deste ranque. 
 
Na semana passada, um episódio me chocou, pois não esperava que o ícone da minha infância fosse protagonizar um filme junto aos meus maiores vilões: crack, maconha e cocaína. Assim como eu, muitos são induzidos ao erro, pelo fato do filme não trazer uma sinopse clara, além de ter um ursinho de pelúcia, ícone incontestável do universo infantil. 
 
Destaco que o pôster do filme remete ao do filme “O Paizão”, uma comédia com Adam Sandler, esta de classificação livre. Pode ser apenas uma coincidência, mas não deixa de contribuir para a pré-concepção do que se espera ver no cinema. Da mesma forma, não pode ser aceito que jovens corram os riscos de ser expostos a filmes que utilizem personagens de contos de fadas com cenas pornográficas, como por exemplo, utilizando a Branca de Neve.
 
Talvez aqueles que conheçam o trabalho de Seth MacFarlane na série “Uma Família da Pesada” poderiam intuir que ‘TED’ não seria um filme previsível, mas como nem todos conhecem esse viés politicamente incorreto do autor, creio que tenha faltado um cuidado maior no que diz respeito às advertências quanto ao conteúdo do filme, e uma sinopse mais detalhada, porque muitos pais poderão ser induzidos ao mesmo erro.
 
Vale salientar que desde que entrou em vigor a portaria 1.100 de 2006, é perfeitamente lícito uma criança assistir um filme cuja faixa etária indicada seja maior que sua idade, porém é necessária autorização ou a presença de um dos pais, como foi o meu caso.  Essa é mais uma razão para que esse filme em especial tenha sua restrição ampliada para os 18 anos, pois é preciso evitar esse tipo de situação, ressaltando que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) aduz em seu artigo 2 que adolescente é aquele jovem de 12 a 18 anos de idade, e por tal razão o filme deve ser classificado como impróprio para menores de 18 anos, pois o adolescente esta em formação intelectual e cultural. 
 
O próprio Manual da nova classificação indicativa afirma que: “(…) é preciso garantir que os distintos públicos tenham uma informação completa em relação às variáveis envolvidas no consumo de drogas legais e ilegais, e não uma visão parcial da questão (…)”, fato este não encontrado no filme que demonstra apenas a ótica do consumo.
 
Diante do exposto, reitero que não sou contra o filme em si, embora pessoalmente, considero seu conteúdo de gosto questionável, nem por qualquer tipo de censura ou ataque a livre expressão, mas sou definitivamente contra qualquer subterfúgio que possa expor nossas crianças a mensagens inapropriadas, daí a necessidade imediata de reclassificação etária do filme.
 
Desfecho
 
O Deputado Delegado Protógenes (PCdoB/SP) despachou nesta quarta-feira, dia 28, com o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, um ofício solicitando a alteração da classificação indicativa do filme de 16 anos para 18 anos, tendo em vista que o mesmo possui conteúdo não apropriado para crianças e adolescentes. O Ministro acatou o requerimento e destacou que irá tomar as devidas providências para a mudança.
 

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