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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Se essa crise fosse nos tempos malditos de FHC, estararíamos pedindo esmolas no FMI, mas a imprens apoiaria

Manifesto de catalães pela independência, na semana passada: turbulência econômica acirra problemas políticos (Lluis Gene/AFP - 11/9/12 )
Manifesto de catalães pela independência, na semana passada: turbulência econômica acirra problemas políticos

Madri — A Espanha aproveitou ontem um certo relaxamento nos mercados para captar 4,8 bilhões de euros a juros mais reduzidos, mas a pressão para que país peça ajuda econômica continua, dizem especialistas, que também alertam para a crítica situação das regiões, principalmente a da Catalunha, onde as tensões políticas vêm aumentando. O tesouro espanhol conseguiu vender bônus de 10 anos a uma taxa média de 5,666% ao ano, abaixo dos 6,647% concedidos em 2 de agosto. O Ministério da Economia informou que, com a operação, alcançou 82% da sua meta de captação anual.

Apesar da melhora das condições de acesso ao mercado, boa parte dos analistas, contudo, acredita que o país não terá como escapar de um programa global de resgate da sua economia. Para Simon Furlong, de Spreadex, o êxito da emissão de ontem deu um pouco mais de tempo ao governo do primeiro-ministro, Mariano Rajoy, mas juros continuam muito elevados. “Enquanto a Espanha não pagar taxas mais baixas, o resgate é inevitável”, disse.

O Executivo espanhol afirma não ter tomado ainda uma decisão a respeito de um programa de resgate, temendo pelas duras condições que teria que cumprir em troca do socorro financeiro, pois elas poderiam agravar os problemas sociais e políticos vividos pelo país.

Autonomia
 
Madri enfrenta ainda uma relacionamento de crescente tensão com os 17 governos regionais. Muitos deles, com dificuldade de fechar suas contas, têm sido constrangidos a recorrer à ajuda do governo central. A Catalunha pediu 5 bilhões de euros, seguida por Valência, que necessita de 4,5 bilhões. A Andaluzia já pediu um adiantamento de 1 bilhão de euros e poderá solicitar mais 2,4 bilhões.

Essa situação têm alimentado o desejo por maior autonomia e feito ressurgir questões de alta voltagem política, como o separatismo. Na semana passada, 1,5 milhão de catalães foram às ruas de Barcelona pedir independência. Ontem, o presidente catalão, Antur Mas, que se reuniu com Rajoy, teve negado um projeto orçamentário que daria à região o direito de arrecadar seus próprios impostos — um modelo similar aos do País Basco e de Navarra.

A frustração pode acirrar os ânimos políticos na região, que atribui à subordinação a Madri boa parte de seus problemas econômicos. “Foi perdida uma oportunidade histórica de entendimento entre a Catalunha e o resto da Espanha”, afirmou Mas.

» Recessão e deficit maiores na Itália

A Itália elevou drasticamente sua meta de deficit orçamentário para este ano, mostrando que os esforços do primeiro-ministro, Mario Monti, para conter a dívida pública não têm sido suficientes. O governo previu ainda que recessão vai ser mais intensa do que se previa. Apesar disso, informou que ainda não tem planos de solicitar auxílio à União Europeia. Pelos novos cálculos, o Produto Interno Bruto (PIB) do país irá encolher 2,4% em 2012, duas vezes mais do que a projeção anterior, de baixa de 1,2%, feita em abril. A economia enfraquecida tem prejudicado os esforços de consolidação fiscal. Por isso, o governo elevou sua previsão para o deficit  para 2,6% do PIB, ante estimativa anterior de 1,7%. As estimativas para 2013 também pioraram. A meta de deficit subiu de 0,5% para 1,8% e a economia, em vez de crescer 0,5%, como se esperava, deve ter retração de 0,2%.

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