Quem
pensa que a última instância é o processo jurídico no STF, se
engana, porque a última instância de fato é o processo histórico,
e no implacável processo histórico até os juízes entram no banco
dos réus.
Deixando os aspectos jurídicos de lado por um instante, diante da história, como o povo enxerga a figura emblemática de Gilmar Mendes batendo o martelo para condenar José Genoíno e José Dirceu? Acho que o resultado das urnas no último domingo dá algumas pistas sobre a resposta.
A condenação de José Genoíno e José Dirceu se deu no dia 9 de outubro, o mesmo dia em que Che Guevara foi executado no cárcere, desarmado e a sangue frio, sem sequer ser julgado, após ser capturado na véspera, na selva da Bolívia. O assassinato foi exatamente há 45 anos atrás, cometido por um oficial boliviano, de comum acordo com o governo estadunidense, representado lá por agentes da CIA.
Aliás por outro capricho da história, 45 anos coincide com o número do PSDB, o partido que inventou e implantou o "mensalão"; que nomeou Gilmar Mendes ministro do STF; e que consegue empurrar com a barriga o julgamento do "mensalão" tucano, mesmo tendo ocorrido pelo menos 5 anos antes e, tecnicamente, era recomendável ser julgado antes, pois o risco de prescrever era maior, e os autos eram menores, já que foi desmembrado.
Deixando os aspectos jurídicos de lado por um instante, diante da história, como o povo enxerga a figura emblemática de Gilmar Mendes batendo o martelo para condenar José Genoíno e José Dirceu? Acho que o resultado das urnas no último domingo dá algumas pistas sobre a resposta.
O
PT teve o melhor resultado de sua história em eleições municipais
neste primeiro turno. Pela primeira vez foi o partido que teve mais
votos na totalização nacional para prefeito. Cresceu em número de
prefeitos e de vereadores já eleitos. É o partido que tem mais
candidatos disputando o segundo turno. Com o PSDB ocorreu o inverso:
encolheu.
Se
o julgamento do STF está chegando ao fim (ainda que poderá acabar
tendo anulações e reabertura de casos), o julgamento da história
está só iniciando.
O
processo político que escreve a história está deflagrado, e foi
iniciado pelo próprio STF ao politizar o julgamento: desde a data
marcada para coincidir com a campanha eleitoral (tecnicamente
imprópria para os próprios juízes, que cumprem dupla jornada no
TSE e no STF), até a explícita vontade política de condenar,
dispensando a necessidade de provas, e condenando com base em
conjecturas e opiniões pessoais, portanto subjetivas, de cada juiz.
Até
hoje os réus que estão sendo condenados somente por sua atuação
política e partidária, não puderam contar toda a sua versão da
história. Não estavam censurados, mas um réu só responde ao que
lhe acusam nos autos, porque quando não há um julgamento de
exceção, quem acusa é quem tem que provar. Essa regra, fundamental
nos estados democráticos, não valeu neste julgamento heterodoxo,
repleto de exceções.
Agora
os réus, cedo ou tarde, acabarão contando novos detalhes sobre como
os fatos de 2003 a 2005 aconteceram, para registro histórico, para
dar satisfação para seus descendentes e correligionários, para
repor suas biografias no devido lugar, e até para reabrir o caso,
anulando uma sentença quando montada em cima de premissas falsas.
A
depender da verdade histórica, quem pode vir a ser condenado são os
juízes de hoje. E os políticos de oposição, que tripudiam, podem
se queimar na própria fogueira que acenderam, quando segredos dos
réus empresários envolvendo demotucanos, forem revelados. Aécio
Neves e José Serra, por exemplo, têm um implacável encontro
marcado com a história do "valerioduto". Escapando ou não
das garras da Justiça, não escaparão das garras da verdade
histórica.
Caprichos e coincidências
A condenação de José Genoíno e José Dirceu se deu no dia 9 de outubro, o mesmo dia em que Che Guevara foi executado no cárcere, desarmado e a sangue frio, sem sequer ser julgado, após ser capturado na véspera, na selva da Bolívia. O assassinato foi exatamente há 45 anos atrás, cometido por um oficial boliviano, de comum acordo com o governo estadunidense, representado lá por agentes da CIA.
Aliás por outro capricho da história, 45 anos coincide com o número do PSDB, o partido que inventou e implantou o "mensalão"; que nomeou Gilmar Mendes ministro do STF; e que consegue empurrar com a barriga o julgamento do "mensalão" tucano, mesmo tendo ocorrido pelo menos 5 anos antes e, tecnicamente, era recomendável ser julgado antes, pois o risco de prescrever era maior, e os autos eram menores, já que foi desmembrado.
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