A frase foi dita pelo embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, numa
referência ao governo Lula, num jantar de desagravo a José Dirceu, na
casa do escritor Fernando Morais. Mais magro, e de cabelos longos, o réu
que começa a ser julgado nesta quarta-feira, se emocionou ao ouvir do
embaixador: “Entre nós aqui há quem tenha lutado com mais vigor e com
mais sofrimento para diminuir nossas inaceitáveis desigualdades.
Sofreram e ainda sofrem”; destino de Dirceu pode ser, novamente, a
prisão.
247 – A descrição do evento foi feita pela colunista Monica Bergamo, da
Folha de S. Paulo. Num jantar de desagravo oferecido pelo jornalista e
escritor Fernando Morais, José Dirceu apareceu mais magro, e de cabelos
mais longos.
Lá esteve dias antes de começar a ser julgado pelo Supremo Tribunal
Federal. Nesta quarta, o relator da Ação Penal 470, Joaquim Barbosa,
deve propor sua condenação por corrupção ativa e formação de quadrilha.
No discurso que antecipou seu voto da última segunda-feira, o ministro
Celso de Mello, do STF, bradou contra o que chamou de “marginais do
poder”.
No evento na casa de Fernando Morais, dois diplomatas fizeram discurso
em favor de Dirceu. Primeiro, o embaixador da Venezuela no Brasil,
Maximilien Arvelaiz. Depois,o ex-secretário-geral do Itamaraty, Samuel
Pinheiro Guimarães. Fernando Morais apresentou Samuel Pinheiro Guimarães
aos convivas como figura central do governo Lula “num tempo em que,
como dizia Chico Buarque, o Brasil deixou de falar grosso com os
vizinhos e de falar fino com os EUA”.
Samuel Pinheiro Guimarães faz então uma homenagem a José Dirceu.
“Sinto-me emocionado. No entanto, entre nós aqui há quem tenha lutado
com mais vigor e com mais sofrimento para diminuir as nossas
inaceitáveis desigualdades. Sofreram. E ainda sofrem. Não preciso citar
nomes.”
A plateia, que teve convidados como a atriz Letícia Sabatella e o
cineasta Luiz Carlos Barreto, se virou na direção de Dirceu, que esboçou
um sorriso. “As classes tradicionais – ou, se preferirem, retrógradas,
reacionárias – nunca vão aceitar que um nordestino tenha se transformado
em um líder respeitado e reconhecido internacionalmente. É disso que se
trata. É isso o que estamos vendo”, disse o embaixador. “Nunca vão
aceitar que esse operário tomou o poder”, diz o diplomata. “Ou melhor,
tomou uma parte do poder do Estado. Não todo. Não tenhamos ilusão.
Vivemos numa plutocracia, que precisa virar uma verdadeira democracia.”
Dirceu deve ser condenado não em função das provas nos autos, mas por
ter sido uma espécie de “capitão do time” do ex-presidente Lula. Assim, o
governo do presidente mais popular da história do País, poupado na
denúncia de Roberto Gurgel, ganharia do STF uma condenação e uma mácula,
a ser explorada por seus oposicionistas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”