Guerrilheiro Virtual

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Diz um ministro da Suprema Corte do Brasil: " Foi um mal necessário"

Brasil receberá arquivos guardados na Itália Documentos sobre o regime de exceção brasileiro arquivados por fundação em Roma serão abertos para consulta

JULIA CHAIB

Paulo Abrão:
Paulo Abrão: "Possibilidade de conhecermos mais sobre o nosso país"
 
Cerca de 70 mil páginas de documentos referentes à ditadura militar no Brasil serão abertos para consulta pública até outubro do ano que vem. Os arquivos estão em Roma, serão digitalizados e farão parte do centro de documentação do Memorial da Anistia, em construção em Belo Horizonte, com conclusão prevista para 2014. Além do material impresso, haverá também a recuperação de fotografias e vídeos, a realização de pesquisas e a reedição de livros sobre o período histórico. O acervo será publicado por meio do projeto Marcas da Memória, da Comissão de Anistia, do Ministério da Justiça, que disponibiliza os arquivos na página da internet da pasta e distribui as publicações para 300 universidades do país.
“A posse desses documentos representa a possibilidade de termos cópias de um rico acervo, cuidado e preservado, sobre a época da ditadura militar brasileira. Nos proporciona, também, a possibilidade de conhecermos mais sobre o nosso país”, disse o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão. Os documentos a serem digitalizados tratam do Tribunal Internacional de Opinião Russell 2. Independente de autoridades de Estado, a instituição italiana foi criada na década de 1970 para denunciar violações de diretos humanos na América Latina nos períodos de regime militar.

O tribunal era presidido pelo então senador italiano, Lelio Basso, e recebia denúncias de brasileiros que eram convidados a falar sobre a situação do Brasil ou que queriam prestar depoimentos. “Os documentos trazem vários testemunhos de perseguidos políticos no Brasil. Um deles é o senador Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco e exilado na Argélia. O acervo inclui uma carta escrita à mão por ele, relatando o que ocorria no Brasil na época”, conta Abrão. O acesso aos documentos ocorre em virtude de um acordo firmado em outubro pela Comissão de Anistia com o embaixador do Brasil na Itália, José Viegas, e a presidente da Fundação Lelio e Lisli Basso, Elena Paciotti, com quem estão os arquivos.

Os documentos que serão digitalizados possuem ainda registros sobre o 1º Congresso Nacional da Comissão Brasileira pela Anistia. O congresso foi realizado em 1978, em São Paulo, e precedeu a edição da Lei da Anistia, de 1979, que garantia a membros das Forças Armadas ou do governo o perdão pelos crimes políticos cometidos entre setembro de 1961 e agosto de 1979. O acervo que está na Itália contém também relatos dados ao Tribunal Permanente dos Povos, constituído em 1979, na Itália, e funciona até hoje como uma corte internacional de opinião, que trata de temas relacionados a violações de direitos humanos.

Anísio Teixeira
 
A Comissão Nacional da Verdade e a Comissão Anísio Teixeira da Memória e da Verdade, da Universidade de Brasília (UnB), realizam hoje, às 10h, no Auditório do Memorial Darcy Ribeiro, uma audiência pública sobre o caso do reitor Anísio Teixeira, que morreu em circunstâncias suspeitas no Rio de Janeiro, em 1971, na época do regime militar.

No evento, a família de Anísio Teixeira apresentará ao público e entregará, às duas comissões, um memorial inédito sobre a morte do educador. “Levantamos evidências que respaldam as condições de morte do meu pai. Falamos sobre a natureza do movimento político e situações que procederam a morte dele”, disse Carlos Teixeira, filho de Anísio Teixeira. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”