Miraglia entregou à PF cerca de 12 quilos de documentos que, segundo ele, mudarão a política do país |
Intimado pela Polícia Federal (PF) como testemunha do ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes – que teria sido um dos
beneficiados em um esquema de repasse de recursos federais –, o
empresário Marcos Valério causou rebuliço, na última quinta-feira (24),
na superintendência da instituição, em Belo Horizonte. Seria a primeira
vez que o empresário, condenado a 40 anos de prisão, no escândalo do
mensalão, voltaria a prestar depoimento à polícia. As informações são do jornal Hoje em dia
Porém, contrariando as expectativas de todos, inclusive às da PF, o
empresário não apareceu. Sua defesa alegou que ele marcará data
conveniente para prestar explicações à polícia, já que figura apenas
como testemunha do ministro. Ele não é visto em público desde a
condenação pelo mensalão.
Além de Valério, foram intimados o lobista Nilton Monteiro e seu
advogado, Dino Miraglia. Apenas o advogado esteve na PF, na região
Centro-Sul da capital. A delegada Vânia Gazzinelli foi a responsável por
colher o depoimento e receber os documentos. Miraglia, que defende o
lobista, falou por cerca de quatro horas com a delegada. O advogado
classificou o depoimento como “intenso e positivo”. Ele questionou a
ligação entre Valério e o ministro. “É uma relação, no mínimo,
incoerente”.
Os depoimentos fazem parte das investigações do caso que envolve a
suposta ligação de Gilmar Mendes e de outras autoridades com Valério.
Além do depoimento, Miraglia entregou à delegada documentos que
comprovariam o esquema com verba federal. “São mais de 12 quilos de
papel, envolvendo várias pessoas. Vão desde favorecimento até tentativa
de homicídio. Se a polícia levar a fundo a investigação, poderá vir uma
grande mudança no cenário político do país”, afirmou.
O advogado do lobista Nilton Monteiro alega que seu cliente teria sido
vítima de um atentado. “Colocaram fogo na casa dele. Um sobrinho chegou a
ficar internado. Se isso acontecesse no Estado do Texas, nos Estados
Unidos, os responsáveis seriam condenados à morte”, compara.
Caixa dois
O ministro Gilmar Mendes trava uma disputa com Nilton Monteiro e o
advogado criminalista Dino Miraglia desde a divulgação do esquema, que
teria beneficiado diversas autoridades durante a campanha para o governo
de Minas, em 1998. O suposto caixa dois teria sido articulado por
Marcos Valério, que assina a lista de beneficiados, registrada em
cartório. O nome do ministro Gilmar Mendes aparece no documento como
tendo recebido R$ 185 mil. Nilton Monteiro teria elaborado a lista. O
ministro nega o recebimento.
A documentação foi entregue à PF por Miraglia que, além de Monteiro,
defende a família da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, assassinada em
2000. Segundo o advogado, a morte foi uma “queima de arquivo”, pois a
modelo seria a responsável por transportar malas de dinheiro do esquema.
Na lista, Cristiana teria recebido R$ 1,8 milhão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”