A bandeira política do PSDB e também do eterno candidato a presidência,
José Serra (PSDB), foi defendida nesta segunda feira (21) por Joaquim
Barbosa presidente do Supremo Tribunal Federal (STF).
Primeiro, Barbosa atacou a Câmara e ainda sugeriu que “os excesso da
Câmara dos Deputados podem ser controlados pelo Senado Federal”Depois,
afirmou que o Congresso Nacional é "ineficiente" e "inteiramente
dominado pelo Poder Executivo".Ou seja, dominado pela Presidência da
República.Em seguida, Joaquim Barbosa, levantou a bandeira dos tucanos,
muito defendida por José Serra em 2011, depois de ser derrotado por a
presidente Dilma.
Barbosa afirmou que a mudança do atual sistema político que, segundo
ele, possibilita a escolha de representantes desconhecidos do povo vem
do sistema proporcional", e defendeu a adoção do voto distrital para
os deputados federais.
Para o presidente do Supremo, "o sistema distrital permitiria uma
qualificação do Congresso Nacional. Cada distrito poderia escolher
pessoas, personalidades que poderiam dar grande contribuição ao país.
Tenho certeza de que a representação nacional ganharia e muito com a
representação dessas pessoas em qualidade".
Defender o voto distrital é defender a exclusão da representação de grande parcela do eleitorado.
Em pleno século XXI, quando há recursos tecnológicos para o cidadão
votar até pela internet dentro de casa, inclusive exercendo a democracia
direta, o presidente do STF Joaquim Barbosa, se engaja como garoto
propaganda numa bizarra campanha, defendida exclusivamente pelo PSDB
para retornar o voto aos tempos das eleições fraudulentas decididas no
bico de pena, resgatando o voto distrital da república velha e do
império.
Por trás desse engodo, se esconde as intenções de levar as oligarquias
políticas do PSDB de volta ao poder, conquistando maioria das cadeiras
no Congresso com minoria dos votos.
(Vídeo de José Serra em 2011, defendendo o voto distrital)
Com o voto distrital é possível um partido ou coligação ter maioria no
Congresso com apenas 25% dos votos populares. Para se obter a maioria
dos deputados em uma Câmara eleita por meio do voto distrital, basta que
um partido obtenha somente 25% dos votos nacionais. Isso porque é
preciso ter 50% de votos em 50% dos distritos, o que resulta nos 25% dos
votos nacionais mencionados. Resultado: a maioria governa graças a uma
minoria de votos, e a maioria dos votos – 75% – fica de fora do governo.
É impossível ser mais excludente. No sistema proporcional, um partido
só poderá ter a maioria da Câmara dos Deputados se obtiver 50% dos votos
nacionais. É evidente, portanto, que o sistema eleitoral proporcional é
infinitamente mais justo do que o distrital.. Surpreende o fato de o
ministro do STF defender esse absurdo
Na companhia da ditadura
Ao propor o voto distrital, Joaquim Barbosa repete a manobra tentada
pela ditadura brasileira para permanecer no poder. Não por acaso, a base
de apoio da ditadura na imprensa (Globo, Veja, etc.) é a mesma engajada
na campanha pelo voto distrital em 2011.
No apagar das luzes da ditadura brasileira, em 1982, os feiticeiros
políticos da ARENA (partido de apoio a ditadura, ancestral do DEMos hoje
MD), quando perderam o controle sobre o voto popular, tentaram
permanecer no poder reintroduzindo justamente o voto distrital, através
da Emenda Constitucional nº 22, de 29 de junho de 1982.
Não deu certo. Tal emenda não chegou a funcionar, pois antes das
eleições de 1986, foi revogada com o fim da ditadura, pela Emenda
Constitucional nº 25, de 1985. A Constituinte cidadã de 1988 decidiu por
manter o voto proporcional.
Defensor do voto distrital , Joaquim Barbosa, argumenta que o eleitor
exerceria maior controle sobre deputados federais, por haver maior
proximidade.
Não passa de teoria que não se sustenta na realidade.
O controle pelo eleitor depende de sua consciência política e interesse
para acompanhar o desempenho de seu representante, e não do sistema
eleitoral pelo qual ele foi eleito.
Um exemplo: O vereador mora no município e está próximo ao eleitor, mas as mazelas da corrupção, das caixinhas de empresas de ônibus, da especulação imobiliária, das máfias de lixo, da merenda escolar, dos desvios na saúde, da apostilagem nas escolas, das licitações fraudulentas, do nepotismo, do fisiologismo, do clientelismo, dos super-salários, do legislar em causa própria, costuma ser até maior nas Câmaras de Vereadores (distante dos telejornais de abrangência nacional) do que no Congresso Nacional mais vigiado pelo noticiário.
A intenção oculta das oligarquias defensoras do voto distrital é o
contrário: é o maior controle dos caciques sobre o eleitorado do
distrito, como ocorria nos currais eleitorais.
Para oligarquias inescrupulosas é mais fácil comprar votos e manter
controle dentro de um pequeno eleitorado confinado em distritos, do que
em um eleitorado de massas.
O povo dividido é mais fácil ser vencido
Tal qual um fazendeiro divide sua terra em pastos cercados e currais
para melhor controlar a engorda de seu gado para abate, a divisão do
eleitorado em distritos - pelas oligarquias - visa controlar a engorda
de votos desorganizados para abate da soberania do voto popular,
quebrando a estrutura das massas organizadas que não votam neles.
É praticamente impossível um cacique político controlar as massas
organizadas, com consciência dos interesses dos trabalhadores, dos mais
pobres, dos mais fracos economicamente, das minorias e maiorias
oprimidas e excluídas, quando organizadas em movimentos sociais.
O golpe branco seguinte
Conquistada maioria no Congresso com apenas um mínimo de 25% dos votos, o
golpe seguinte seria tomar de assalto o poder executivo, instituindo o
parlamentarismo (o sonho do tucanato em eleger o governo indiretamente,
com sua aversão ao povão, como já deixou escapar FHC em um artigo).
É relativamente fácil conquistar 30% dos votos, com o eleitorado
reacionário, com o poder econômico, e com o apoio maciço da imprensa
oligarca. Esses votos podem levar à conquista de mais de 50% dos
distritos e, com isso, conseguir nomear primeiro-ministro alguém como
José Serra (PSDB/SP), apesar do repúdio popular nas urnas.
Lá se iria o Brasil descendo a ladeira de novo, rumo à quebradeira das
crises internacionais e dependência do FMI, para entregar o Pré-Sal, o
mercado interno, nossa energia limpa, nossas minas, nossa
biodiversidade, nossos aquíferos e nossa produção agrícola e demais
riquezas às antigas metrópoles decadentes do hemisfério norte.
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