A
morte de Ruy Mesquita, jornalista e dono do ESTADÃO, faz parte da ordem
natural das coisas. É o enigma pelo qual quem nasce, terá de passar
inexoravelmente um dia.
Não
desejo e não comemoro a morte de quem quer que seja, além é claro de
respeitar a dor daqueles que eram próximos do falecido. Não faço parte
também, do grupo que tende para a hipocrisia de transformar em "santo" a
quem morre. Sempre fui um crítico do tipo de jornalismo que o Estadão
faz, apoiador do conservadorismo, defensor dos interesses das elites
bolorentas do Brasil, subserviente aos interesses dos grupos econômicos e
que de forma seletiva combate os desmandos e desvios que ocorrem no
cenário da política brasileira. O ESTADÃO se conduz dentro de uma linha
jornalística que defende grupos e bandeiras que são contrárias aos
verdadeiros interesses e necessidades do povo brasileiro. Como eu
combato ideias e atitudes, e não pessoas em si, e os herdeiros vão dar
continuidade ao que o ESTADÃO sempre fez, a morte de Ruy Mesquita não
muda nada.
O ESTADÃO INFORMA A MORTE ASSIM
Seguindo a tradição da família, Ruy Mesquita foi um defensor da
liberdade, da democracia e da livre-iniciativa, princípios que sempre
nortearam a linha editorial do Estado. Ao longo de seus 88 anos, teve
participação ativa em momentos importantes da história do Brasil e da
América Latina. Presenciou o início da revolução em Cuba, nos anos 50, e
foi homenageado pelos irmãos Castro. Depois, tornou-se crítico contumaz
do regime.
Reuniu-se com militares antes do golpe de 1964, que apoiou, em nome
da defesa da democracia, mas, assim como seu pai e seu irmão, também
passou a criticar a ditadura. Os três lideraram uma das mais
emblemáticas resistências à censura prévia, substituindo as reportagens
cortadas por poemas e receitas.
Aos 88 anos, Ruy manteve sua rotina de trabalho até a véspera da
internação. Responsável pela opinião do Estado desde a morte de seu
irmão Julio de Mesquita Neto, em 1996, ele se reunia diariamente com os
editorialistas para definir as tradicionais "Notas & Informações" da
página 3. De hábitos reclusos, dividia seu tempo entre o jornal e a
casa, onde se dedicava a leituras. Deixa a mulher, Laura Maria Sampaio
Lara Mesquita, os filhos Ruy, Fernão, Rodrigo e João, 12 netos e um
bisneto. O velório será na casa da família. O enterro ocorrerá às 15
horas no Cemitério da Consolação.
A NOTA DE DILMA
Dilma Rousseff
Presidente
"Ruy Mesquita foi um homem de convicções. Diretor do jornal O Estado
de S. Paulo, criador do inovador Jornal da Tarde, Doutor Ruy - como era
conhecido - foi símbolo de uma geração da imprensa brasileira. Neste
momento de dor, presto a minha solidariedade à família e amigos."
NOTA SOBRE A NOTA DA PRESIDENTE
Dilma não foi hipócrita, Ruy tinha suas convicções, não são as nossas
convicções, mas, respeitemos. Foi de fato símbolo de uma geração da
imprensa brasileira, aquela que apoiou e cresceu durante o golpe militar
de 64.
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