A verdade é que vaia de playboy não vale. Conheço muito bem os miamiplayboys de Brasília, que nunca passaram trabalho na vida, bem como conheço os do Rio de Janeiro e de muitas outras capitais e estados brasileiros
Os barões da imprensa de mercado sabem e os jornalistas que
formulam as suas manchetes e opinam em seus espaços compreendem muito
bem, apesar da proposital manipulação e dissimulação, o que aconteceu,
de fato, no belíssimo e magnífico Estádio Nacional de Brasília, quando o
presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi anunciado pelos alto-falantes
para dar início à cerimônia de abertura dos jogos da Copa das
Confederações e foi vaiado, por um público em festa, e, portanto,
irreverente e açodadamente mal-educado.
Enquanto vaiado, Blatter reclamou e pediu "fair play" à torcida,
que, evidentemente, não o atendeu, bem como não representa a maioria do
povo brasileiro, até porque as quase 70 mil pessoas presentes ao estádio
pagaram pelos ingressos, em média, R$ 280,00, sendo que os assentos
mais caros foram vendidos por R$ 800,00. Preços, como se percebe,
altamente “salgados”.
Além do mais, cerca de dez mil torcedores foram agraciados com
entradas gratuitas concedidas pelos patrocinadores do evento esportivo,
que adquiriram os ingressos junto à Fifa, o que significa que a maioria
do público do jogo Brasil e Japão era composta por pessoas da classe
média tradicional e da classe média alta, sendo que muitos deles
convidados VIP e acostumados a viver nas altas rodas sociais.
O que se esperar de uma torcida com esse perfil, que admira o
Brasil em jogos de futebol, veste a camisa amarela, canta o hino com a
mão no peito, pinta o rosto com as cores amarela e verde ao tempo em
que, no seu dia a dia, ou seja, na sua rotina detesta o Brasil, despreza
o povo pobre, trata mal seus empregados e os cidadãos mais humildes,
pois considerados por essa gente sub-raças, mestiços e que insistem em
não ficar “no seu lugar”.
Quero dizer com isso, obviamente, que a torcida que esteve presente
no espetacular Estádio Nacional de Brasília não reflete o povo
brasileiro, que aprova o Governo Dilma Rousseff e que não participou do
rega-bofe destinado, naquele momento, a uma torcida conservadora,
reacionária, branca, e que, seguramente, foi contrária à Copa do Mundo
no Brasil e à construção dos estádios.
A presidenta trabalhista Dilma Rousseff ou o ministro dos Esportes,
Aldo Rebelo, deveriam ter combinado com o governador petista Agnelo
Queiroz e seus secretários, com a participação dos promotores do evento
de futebol, a viabilização de conceder ingressos ou vendê-los a preços
populares à população mais pobre, porque o que percebi é que o público
que se divertiu no Estádio Nacional de Brasília era majoritariamente
branco, bem nutrido e disposto a vaiar os responsáveis por trazer
eventos grandiosos, lucrativos, midiáticos e que, sem sombra de dúvida,
colocam o Brasil em um patamar igual aos dos países considerados
desenvolvidos.
Não se pode esperar nada de uma classe média branca, titular de
bons empregos e salários e que tem em sua memória genética a escravidão e
tudo o que é desumano que deriva dela. Esperar uma atitude assertiva e
de compreensão das mudanças que estão a acontecer no Brasil nos últimos
11 anos, por parte de tal classe, é como acreditar que algum dia a
imprensa corporativa e seus áulicos vão deixar o País crescer em paz. Um
país que busca conquistar sua total independência, por intermédio de
projetos e ações de um governo trabalhista que tirou o País da
estagnação econômica, do desemprego e livrou o povo brasileiro de seu
incômodo complexo de vira-lata. Uma verdadeira revolução silenciosa, a
respeitar o estado democrático de direito.
Temos uma classe média que em pleno século XXI, diferentemente dos
povos dos países considerados desenvolvidos, que ainda tem em suas casas
empregadas domésticas tratadas como “animais” de estimação, como
observei no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, sendo que no Sul e no
Sudeste o maltratar é disfarçado, porque a fiscalização do estado é
presente, bem como os empregados têm mais consciência de seus direitos
trabalhistas, talvez por morarem em regiões mais desenvolvidas.
A vaia foi dada por uma classe média reacionária, que habita os
melhores lugares de Brasília, a exemplo do Plano Piloto. Lagos Sul e
Norte, Águas Claras, Taguatinga e condomínios privados, que existem às
centenas ou, quiçá, aos milhares. A classe média de Brasília, para quem
não sabe, é uma das mais privilegiadas do Brasil, ocupa cargos bem
remunerados na iniciativa privada e no setor público, por intermédio de
concurso, além de ser titular de cargos de relevância, com salários
altos, bem como tem o poder de deliberar, conforme o cargo que ocupa.
Eis que esta classe, consumidora de revistas como a Veja e a Época,
de jornais como o Estadão, a Folha e O Globo e telespectadora de
jornais televisivos, como os da Globo News, além de evidentemente do
Jornal Nacional, resolve vaiar a mandatária que trabalhou pela
realização da Copa e que, juntamente com o ex-presidente Lula, é
responsável pelo Brasil ser respeitado no mundo como nunca foi, além de o
País experimentar um ciclo econômico virtuoso, que está classe média
despolitizada, rancorosa e preconceituosa nunca vivenciou em toda a sua
existência.
Por seu turno, tal classe recalcitrante no que tange a ser
negativa, sempre foi beneficiada pelos governos trabalhistas, no que
concerne à sua vida melhorar, pois teve facilitado o seu acesso ao
consumo, aos empréstimos bancários, à compra de carros, de casas e
apartamentos, bem como passou a viajar mais e a comprar como nunca
comprou produtos de informática, eletroeletrônicos, da linha branca,
além de ter o acesso facilitado para comprar automóveis e viajar de
avião e navio, a trabalho ou simplesmente a fazer turismo.
E sabe por que a classe média, inquestionavelmente, melhorou de
vida? Porque o Brasil vive uma época de pleno emprego e as classes média
tradicional e alta estão também empregadas, como nunca estiveram,
porque no tempo do ex-presidente que vendeu o Brasil, Fernando Henrique
Cardoso, o Neoliberal I, essa classe reacionária e que acha que o mundo
se resume a Miami e Orlando, ficava à mercê da boa vontade do governo
tucano, que no máximo lhe doava migalhas, no que diz respeito ao seu
desenvolvimento social, à sua autoestima e até mesmo ao seu direito de
estudar. Era uma dura lida, só para dar um único exemplo, conseguir uma
bolsa para estudar no exterior.
No decorrer do Governo Lula e agora com o intermédio do Governo
Dilma, a classe média e média alta passaram também a ter facilitado o
acesso para entrar na faculdade, fazer cursos técnicos, cursos
complementares e estudar no exterior, aos milhares de indivíduos. Se
alguém duvidar, que tenha o trabalho de pesquisar nos portais do
Ministério da Educação e das universidades públicas federais, e,
consequentemente, levar um choque de realidade e de verdade
sistematicamente sonegadas pela imprensa corporativa e alienígena, para
talvez assim passar a questionar o que ouve, vê e lê, além de parar de
acreditar piamente em tudo o que diz a imprensa colonizada e de negócios
privados, inimiga do Brasil e golpista por tradição histórica.
A verdade é que vaia de playboy não vale. Conheço muito bem os
miamiplayboys de Brasília, que nunca passaram trabalho na vida, bem como
conheço os do Rio de Janeiro e de muitas outras capitais e estados
brasileiros. Chega a ser ridículo ver aquelas pessoas brancas, bem
alimentadas, donas de bons empregos, carros e moradias, com dinheiro no
bolso a vaiar a presidenta trabalhista, porque tais “patricinhas” e
“mauricinhos” têm em seus DNA o germe da escravidão, mesmo sem saber ou
ter noção do que é o passado real deste País.
Por instinto e, evidentemente, por serem politicamente
conservadores, vaiam tudo aquilo e todos aqueles que representem
mudanças, mesmo se os novos tempos não os prejudiquem. A verdade é que
existe uma grande parte da classe média que odeia ver e perceber a
ascensão da classe pobre, no que tange a ter acesso ao consumo e às
coisas boas da vida, como, por exemplo, ocupar as cadeiras dos
restaurantes, os bancos das universidades públicas ou os saguões dos
aeroportos à espera de viajar de avião.
Aliás, o fato de o pobre viajar de avião me leva a relembrar uma
das socialites deste País — a senhora Danuza Leão. A “dama” e colunista
demitida recentemente da Folha de S. Paulo retratou, indelevelmente e
fidedignamente, o preconceito que viceja nas almas de alguns seres
presunçosos e por isto ignorantes. Danuza disse certa vez que ir a Paris
e a Nova Iorque não tinha mais graça, porque ela poderia encontrar o
porteiro do seu prédio nas ruas das duas cidades. Não há nada mais brega
e babaca do que as palavras de uma das representantes da nossa
colonizada, subserviente e moralmente decadente “elite”. Ponto.
A verdade é que a vaia a Dilma não traduz, de forma alguma, uma
possível insatisfação do povo com a mandatária, uma das responsáveis,
volto a afirmar, pelo visível e concreto desenvolvimento do Brasil nos
últimos 11 anos, queiram ou não queiram os pessimistas, os intolerantes,
os fracassomaníacos e os mentirosos. O Brasil vai seguir o seu destino,
que é tão grande quanto o seu tamanho geográfico, pois País influente
no mundo, de economia e moeda fortes e que tem um povo trabalhador, que é
a melhor coisa do Brasil, porque é um luxo, enquanto a “elite” é
retrógada, reacionária, subserviente aos desmandos do establishment,
além de traidora, entreguista, colonizada, e, por fim, gigolô do povo
brasileiro.
Os estádios espetaculares brasileiros, para o desgosto dos que
detestam o Brasil, têm de ter ingressos populares, com preços baixos. O
futebol sempre foi popular e os estádios sempre foram ocupados pelo
povo. Nessas rodadas já iniciadas, ver cidadãos negros nos estádios é
como procurar agulha no palheiro. Os governos e as prefeituras têm a
obrigação de observar com responsabilidade essa importante questão
social. Já assisti a três jogos pela televisão e verifiquei, quando as
câmeras mostram as arquibancadas, que a presença de negros é um número
irrelevante.
Além disso, muitos podem pensar: “Nem todos da classe média vão a
Miami ou são colonizados ou detestam o Brasil”. Contradigo: É verdade.
Porém, grande parte das diferentes classes médias pensa e age de forma
arrogante, mesmo a parte que não tem tanto dinheiro, mas que é
igualmente portadora dos princípios e dos valores dos ricos que detestam
o Brasil. Ser e proceder dessa maneira é também uma questão ideológica,
porque as ideologias ainda existem, e, por conseguinte, diferentemente
do que apregoam os direitistas e os fundamentalistas do mercado, a fim
de se darem bem, não acabaram. O Brasil se tornou, definitivamente, um
dos países protagonistas de grandes eventos mundiais.
Alô! Alô!, lorpas e pascácios: vaias de miamiplayboys não vale!
Torcer pela Seleção agora e a vida inteira contra o desenvolvimento do
País e a emancipação do povo brasileiro também não vale. Nacionalismo
mequetrefe e alienado não dá para aturar. E viva o Brasil! É isso aí.
Do 247
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