247 – A quinta-feira D, do Dia Nacional de Lutas com Greves e
Manifestações chegou. Neste 11 de julho, o Brasil deve viver uma
mobilização popular jamais vista em toda sua história. O que vier a ser
menos do que isso, em razão das gigantescas manifestações da virada de
junho para julho, quando multidões marcharam nas principais capitais do
País, será um fracasso.
Convocado pelas centrais sindicais, entidades estudantis, movimentos
organizados e disseminado pela internet para todos os públicos, o Dia de
Lutas será um divisor dentro de um momento histórico da participação
popular na boca da cena política. O apoio maciço dos trabalhadores e da
classe média pode engrandecer e recrudescer os protestos, elevando-os
até mesmo ao patamar de união nacional. Mas a eventual falta de
sustentação nas bases econômicas da sociedade – com muito mais gente
procurando ônibus e metrô para o trabalho, por exemplo, do que aqueles
que fazem greve via caos e sabotagem -- vai mostrar os limites das
mobilizações. Se os feitos anteriores forem repetidos, com pelo menos 5
milhões de pessoas nas ruas entre Porto Alegre e Manaus, terá sido um
enorme sucesso.
DUAS INCÓGNITAS - Desta vez, reivindicações poderão ficar mais unânimes e
claras, porém se espera uma pulverização ainda maior que a já vista
entre as reclamações. Não há previsão do surgimento de um líder, mas os
alvos da frustração dos que marcham de maneira pacífica, e da ira dos
vândalos que seguem atrás, podem ficar mais nítidos. Um destes alvos
pode ser o PT. Chamados para saírem às ruas em todo o País, como os
militantes petistas e suas bandeiras vermelhas serão recebidos entre a
multidão, depois de não estarem entre os manifestantes nas primeiras
horas dessa luta política?
No outro extremo, o que vai acontecer nas cercanias das sedes regionais
da Rede Globo. Há concentrações marcadas para Porto Alegre, São Paulo e
Salvador. Na semana passada, um ato em frente à sede nacional, no Rio,
não atraiu mais de mil pessoas. A bandeira contra o domínio da emissora
da família Marinho sobre a mídia eletrônica brasileira será,
efetivamente, sustentada por um grande contingente?
ALVO PRINCIPAL - O Congresso é, certamente, na lista das instituições em
xeque na quinta-feira D, a primeira. Por acordo de líderes partidários,
quer dizer, entre não mais que 25 pessoas, a Câmara dos Deputados
derrubou na segunda-feira 8 a proposta da presidente Dilma Rousseff de
plebiscito popular para a feitura de uma reforma política. Haverá reação
das ruas? Nos primeiros protestos, o prédio do parlamento foi cercado,
atacado e, por pouco, não foi invadido por vândalos e manifestantes.
Como será hoje?
Todas as representações do poder executivo, das prefeituras à
Presidência da República, já foram questionadas nas manifestações
anteriores. Não se pode dizer que a presidente Dilma tenha sido um
personagem prioritário, mas é certo que sua popularidade nas pesquisas
de opinião caiu vertiginosamente.
Quais efeitos a presidente sentirá
durante e depois dessa nova onda de protestos?
A torcida generalizada é por manifestações pacíficas, mas informações
sobre a presença de grupos anti-democráticos organizados nos atos são de
domínio público. Acredita-se que eles irão jogar pesado para deturpar o
caráter das marchas. A tarefa de lidar diretamente com os protestos
recairá, mais uma vez, às PMs e guardas municipais, nas cidades em que
estas existem. O risco de confrontos pontuais é real. A tensão está no
ar.
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