Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O Ministério Público
(MP) do Estado de São Paulo pediu ontem (3) a suspensão imediata de dez
contratos de reforma de 98 trens do Metrô de São Paulo, que totalizam R$
2,5 bilhões. De acordo com o MP, os contratos estão com vício de
ilegalidade. A recomendação administrativa foi entregue ao Metrô, que
tem 30 dias para apresentar providências. Os contratos foram assinados
entre os anos de 2008 e de 2010.
“Uma das empresas envolvidas na licitação, e que também trabalha na
reforma dos trens, recentemente fechou um contrato com o Metrô de Nova
York. E os trens novos lá de Nova York vão ter um preço menor do que os
trens reformados aqui”, disse o promotor do caso, Marcelo Camargo
Milani.
De acordo com o MP, três trens reformados já entregues ao Metrô, e já
em funcionamento, foram pivôs em acidentes nos últimos anos: em 1º de
dezembro de 2012 (quando um trem andou sozinho na Estação Jabaquara e
colidiu com outro); em 5 de agosto de 2013 (uma composição descarrilou
na Linha 3 - Vermelha devido a um problema em uma peça); e em 16 de maio
de 2013, (quando ocorreu, na Linha 3 - Vermelha, a colisão entre dois
trens).
“Três acidentes em trens reformados do Metrô. É mais um indicativo no
sentido de que essa reforma tem sido danosa para o metrô e para os
cofres públicos de maneira geral”, disse o promotor.
Segundo o MP, os contratos de reforma dos 98 trens do Metrô de SP têm
indícios de que houve irregularidade nas licitações para a escolha das
empresas que fariam o serviço: Nos contratos, sempre uma única empresa
se candidatava a ganhar a licitação. “Nos contratos principais não houve
competitividade, ou seja, nas licitações apresentadas contaram apenas
com um concorrente e uma proposta, que é a vencedora”, destacou o
promotor.
O MP ressalta ainda que há indicativos que não houve vantagem para o
erário na decisão pela reforma em vez da compra de novos trens. Também
há indícios de que houve o fracionamento, em dez contratos, da
contratação do serviço na tentativa de esconder o valor total do
contrato.
“A questão é de se saber por que reformar um trem de 40 anos, qual a
razão disso. Todas as outras grandes cidades que têm trem, o trem não
dura todo esse tempo. É material de sucata. Você faz um novo. Não existe
fora da cidade de São Paulo nenhum outro caso de reforma de trem”,
disse o promotor.
“Para nós isso é um prejuízo ao erário evidente. Eu reputo que isso é
um escândalo total e um prejuízo absurdo para os cofres públicos. É por
isso que estamos propondo essa suspensão ao Metrô”, acrescentou o
promotor.
A reportagem entrou em contato com o Metrô de SP mas, até o fechamento da matéria, não houve resposta.
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