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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O Brasil visto pelo Correio Braziliense

CONJUNTURA O pior Natal em 11 anos Crescimento nas vendas foi o mais baixo desde 2003. Para desovar os estoques, lojas antecipam as liquidações
VERA BATISTA
 
Shoppings ampiam o faturamento em 2,5% ante o ano passado, mas alguns estabelecimentos, como os de vestuário, registram redução de 2% (Breno Fortes/CB/D.A Press - 4/12/13)
Shoppings ampiam o faturamento em 2,5% ante o ano passado, mas alguns estabelecimentos, como os de vestuário, registram redução de 2%
 
O movimento no comércio varejista, que costuma bater recorde no período do Natal, frustrou as expectativas dos lojistas. A previsão era de alta de 5% a 6% no volume de vendas, em relação ao ano passado. Porém, de acordo com o indicador do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), entre 18 e 24 de dezembro, o desempenho foi apenas 2,97% superior ao mesmo período de 2012. Pesquisa da Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), também aponta um pífio resultado de 2,5% na data considerada a mais importante para engordar o faturamento. O incremento registrado pela Serasa Experian, de 2,7%, foi o mais fraco desde o Natal de 2003.

Após a extraordinária alta de 2010 (10,89%), as compras de presentes para o Natal têm sido mornas. O desaquecimento, na análise de Roque Pellizzaro Junior, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojista (CNDL), se deve ao encarecimento do crédito. “O cenário econômico é desfavorável e os dados indicam que a inflação pesou no bolso dos consumidores. Os juros estão mais altos e a massa salarial já não cresce com tanto vigor como nos últimos anos, o que seria fundamental para aquecer o consumo interno”, diz Pellizzaro Junior.

No caso do segmento de shopping centers, o desempenho foi ainda pior, de 2,5%. Alguns setores chegaram a ter queda. No de vestuário, a variação foi de 2%. Para 2014, a expectativa é de um crescimento um pouco maior, de 3%. Mas os lojistas estão preocupados com a alta do dólar, que pode pressionar os preços e reduzir as vendas.

O Distrito Federal teve um desempenho melhor do que a média nacional. Dados do Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista) apontam alta média de 5,2%. Os resultados seriam melhores, não fossem as fortes chuvas entre 19 e 23 de dezembro. Apesar do clima, a expansão, nos estabelecimentos de rua do DF, foi de 4,4% e, nos shoppings, de 6%. Segundo o presidente do Sindivarejista, Antonio Augusto de Moraes, nas lojas de games eletrônicos, televisores modernos, celulares e produtos para informática, especialmente tablets, o crescimento chegou a 8%. Nas de produtos mais sofisticados, a alta foi de 88%. O gasto médio dos consumidores foi de R$ 80 e os cartões de crédito responderam por 75% do faturamento.

Abatimentos
 
Apesar do fraco movimento em todo o país, a elevação das vendas em 2013 foi levemente superior ao registrado em 2012 sobre o ano anterior (2,37%). Na análise do presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, agora, com o início da semana das trocas, o comerciante tem a oportunidade de se beneficiar das tradicionais liquidações e emplacar novas vendas, principalmente em artigos de vestuário, calçados, cosméticos, perfumaria, eletrodomésticos da linha branca, smartphones e tablets.

Nos shoppings de Brasília, ontem, os corredores estavam bem mais tranquilos do que às vésperas do Natal, mas não vazios. A funcionária pública Augusta Mello, 38 anos, foi trocar o vestido, presente do marido, por um número menor. “Acredita que ele comprou tamanho G? Parece até coisa de comercial de tevê. Vim correndo, antes que acabe esse modelo. Vou aproveitar que está mais tranquilo para olhar as liquidações”, brincou.

Eugênia Arruda, 35, professora universitária e amiga da Augusta, disse que não pretendia comprar nada no shopping inicialmente. “Odeio ficar experimentando. Mas acho que não resistirei às promoções”, admitiu, olhando em volta. Elas passeavam pelo Conjunto Nacional, que, pela primeira vez, faz o “Liquida Natal Conjunto Nacional”, para queimar estoques. As promoções começaram ontem e vão até domingo (29), com descontos de até 80%. É esperado um crescimento nas vendas entre 10% e 15%, nesses quatro dias, segundo a gerente de Marketing, Cláudia Durães. As lojas estão identificadas com o selo da campanha.

Caio Cesar Antunes, 26, engenheiro, e Marcio Alencar, 27, advogado, trabalham em uma empresa de construção civil e foram ver se os preços estavam mais baixos. “Uma ex-namorada me ensinou que não se deve comprar nada antes do Natal”, comentou. “Estou seguindo o conselho dela e me dei bem. Já vi um vestido que minha noiva queria pela metade do valor”, afirmou Márcio.

Marlene Veiga, 40, economista, no entanto, não estava satisfeita. Acompanhada dos dois filhos, Josy, 19, e Mauro, 21, Marlene contou que os vendedores são despreparados. “A gente fica de lá para cá. O tênis dele resolvi aqui. Mas meu vestido, embora tenha uma loja no Conjunto, só posso trocar no Brasília. O sapato dela, só no Park Shopping. Por que isso?”, questionou. O gerente da loja de vestuário, que se identificou como Mariano, explicou que algumas peças vão só para uma determinada loja. “Não há como substituir. A menos que ela queira levar outro modelo”, justificou.

» Comércio on-line se destaca

O aumento modesto das vendas nas lojas contrasta com o desempenho do comércio on-line. Levantamento da E-bit, especializada em negócios eletrônicos, aponta que o setor faturou R$ 4,3 bilhões, com alta de 41%, em relação a 2012. A previsão inicial era de alta de 25% e faturamento de R$ 3,85 bilhões. Mais de 10 milhões de pessoas fizeram 14,3 milhões pedidos pela internet, com transação média de R$ 300. A categoria mais vendida foi moda e acessórios, seguida por eletrodomésticos, celulares, livros e informática. A Black Friday, em 29 de novembro, contribuiu para elevar os números do período. Na ocasião, o varejo on-line movimentou R$ 770 milhões, quebrando todos os recordes de faturamento em um único dia.
 

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