Guerrilheiro Virtual

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Steinbruch: sol vai brilhar forte na economia em 2014

247 - O empresário Benjamin Steinbruch, dono da CSN, nega o risco de "tempestade perfeita" na economia brasileira e afirma que 2014 será um ano bom para a economia brasileira. Confira suas razões para otimismo, expostas em artigo publicado na Folha de S. Paulo:

Que venha 14!

Fantasmas não amedrontam o setor produtivo; nem tempestades, sejam elas perfeitas, sejam imperfeitas

A Espanha, fortemente atingida pela crise econômica, ensaia uma recuperação. No terceiro trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto) espanhol teve um ligeiro crescimento, de 0,1%. Houve comemorações em Madri. Afinal, depois de 27 meses seguidos de recessão, o país apresentava alguma expansão econômica.

Não tem sido fácil a vida dos espanhóis nos últimos anos. Desde 2007, a economia do país já encolheu 7%. Quando a crise global começou, a Espanha era a 9ª maior economia do mundo. Hoje é a 12ª ou a 13ª. Cerca de 6 milhões de pessoas estão desempregadas, e o índice de pobreza atinge 28% da população.

A Espanha é um retrato ampliado do que acontece na União Europeia. Com maior ou menor gravidade, o que se passa na Espanha ocorre também na Grécia, em Portugal, na Itália, na França. Desde o início da crise, os países da UE adotaram receitas de austeridade que podem ter efeitos positivos no longo prazo, mas impõem enormes sacrifícios à sociedade atual. O principal é o aumento constante do desemprego.

É preciso ter em mente essa realidade global quando se analisa o momento brasileiro. O baixo crescimento, o aumento das despesas públicas, a falta de investimentos, o juro elevado, o câmbio desajustado, a precariedade da infraestrutura, a assustadora e crescente imobilidade urbana, a burocracia insuportável, a corrupção, a impunidade e inúmeros outros problemas tiram o sono de qualquer cidadão participativo.

A despeito de tudo isso, o país continua crescendo --pouco, é verdade-- e em nenhum momento desde o início da crise global, em 2008, entrou em recessão. Tão importante quanto o crescimento da atividade é a geração de empregos. Em outubro, mais uma vez, o índice de desemprego medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) caiu: estava em 5,4% em setembro e recuou para 5,2%, o menor nível desde o início dessa série histórica, em 2002.

Em outubro, foram criados 95 mil empregos com carteira assinada. No ano, já há 1,4 milhão de novas vagas. De 2007 até agora, o país criou 10 milhões de empregos. Ou seja, em seis anos de crise, enquanto as oportunidades diminuíam nas grandes economias desenvolvidas, o Brasil continuou a abrir vagas de trabalho.

Já entramos em dezembro. Mais alguns dias e estaremos todos envolvidos com as comemorações de fim de ano. Seria muito útil para o país se pudéssemos abaixar um pouco o volume das vozes de fantasmas diversos que prenunciam o caos no novo ano. Não que os problemas devam deixar de ser apontados ou que as críticas não devam ser feitas. Apenas gostaria de sugerir que não se ofereça o domínio da cena aos fantasmas, deixando de lado algumas virtudes da economia brasileira em meio à crise global.

Talvez seja o caso de ouvir um pouco mais a voz do setor produtivo do país. Tenho a nítida impressão de que os clamores dominantes da área financeira dão um tom exageradamente soturno ao analisar o ambiente econômico. O que é de certa forma pouco compreensível diante dos bons resultados mostrados pelos próprios balanços das instituições financeiras e do novo ciclo de elevação dos juros. O setor produtivo, mesmo machucado pelo câmbio, pelo juro e pela carga do custo Brasil, que tira a competitividade da indústria, tem um olhar mais positivo e construtivo sobre o cenário do ano novo.

Que venha 2014! Fantasmas não amedrontam o setor produtivo. Nem tempestades, sejam elas perfeitas, sejam imperfeitas e venham de onde vierem. De avaliações de agências internacionais de classificação de risco ou de efeitos de possíveis reduções do estímulo monetário do banco central americano.

O país continuará sendo um grande mercado consumidor. Tem pela frente um ano em que se misturam um grande evento internacional, a Copa do Mundo, e outro nacional, as eleições gerais, inclusive para presidente da República. No primeiro, a despeito dos problemas, terá de demonstrar sua capacidade organização. No segundo, sua capacidade de escolher bem seus representantes.

Dificuldades não podem amedrontar o Brasil e os brasileiros. Elas devem ser enfrentadas com coragem, determinação e pensamento positivo. Que venha o ano novo. Só com espírito construtivo os brasileiros poderão fazer dele um ano de recuperação econômica. Com a criação de mais empregos, é claro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”