BEIRUTE (Reuters) - Os velórios para as 44 vítimas de dois carros-bombas em Damasco se transformaram em uma forte demonstração de apoio neste sábado ao presidente Bashar al-Assad, exaltado por multidões de enlutados que acusavam os Estados Unidos e seus aliados árabes de interferir na Síria.
A Organização das Nações Unidas (ONU) expressou grande preocupação com as bombas, que marcaram um terrível aumento na violência que abalou a nação árabe nos últimos nove meses e que tirou a vida de ao menos cinco mil pessoas.
O governo da Síria disse que terroristas da al Qaeda estavam por trás dos ataques, mas ninguém assumiu a responsabilidade por eles. Já membros da oposição suspeitam que a administração de Assad tenha conduzido os bombardeios por conta própria, para provar ao mundo que estaria enfrentando uma insurgência de fundamentalistas islâmicos.
No Cairo, o general sudanês Mohammed Ahmed Mustafa al-Dabi disse que irá a Damasco neste sábado para assumir seu papel como chefe de uma missão de monitoramento da Liga Árabe, que pretende fazer uma varredura sobre o país para promover o armistício.
A primeira série de 50 autoridades árabes deve viajar à Síria na segunda-feira. Opositores de Assad dizem que a missão será usada apenas como despiste para ganhar tempo enquanto as forças de segurança do governo avançam para reprimir a revolta popular.
Milhars de sírios gritavam "Morte à América!" durante os velórios em Damasco, exaltando Assad, pedindo vingança e denunciando o ministro do Exterior do Catar, o xeque Hamad bin Jassim al-Thani, que se tornou um dos maiores críticos de Assad entre os árabes.
A multidão, empunhando pôsteres de Assad e bandeiras da Síria, gritavam "Nós sacrificamos nossas almas e nosso sangue por você, Bashar" e "Deus, Síria e Bashar apenas."
Envoltos em bandeiras sírias, os caixões das vítimas dos atentados foram alinhados dentro da mesquita histórica Umayyad, que data do século 8 e que é um dos locais mais sagrados do islã. Muitos foram marcados como "desconhecido". A TV estatal da Síria fazia uma transmissão ao vivo da cerimônia.
Assad usou tanques e tropas para tentar reprimir os protestos de rua que começaram em março, inspirados por outras insurgências árabes neste ano. Manifestações pacíficas contra o regime estão agora sendo eclipsadas por uma insurgência armada.
O plano de paz da Liga Árabe estipula a retirada de tropas de cidades afetadas pelos protestos, a libertação de prisioneiros e o diálogo com a oposição.
(Por Mariam Karouny; reportagem adicional de Dominic Evans e Louis Charbonneau)
Da Reuters
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