Uma infinidade de sites e blogs está publicando notícia inverídica sobre o jornalista Paulo Henrique Amorim, de que ele teria sido condenado por racismo por ter usado a expressão “negro de alma branca” em texto em que criticou a capacidade profissional do jornalista da Rede Globo Heraldo Pereira.
Paulo Henrique é um amigo e um homem contra o qual a acusação de qualquer tipo de preconceito é um verdadeiro absurdo. Por incontáveis vezes ouvi da boca do próprio seu inconformismo com preconceito contra negros, homossexuais etc.
O que aconteceu foi que PH fez um texto em que afirmou que o jornalista da Globo em questão seria submisso ao ministro do STF Gilmar Mendes e que a Globo – que acusou de racista –consideraria Pereira um “negro de alma branca”.
Pereira processa PH e este, em audiência de conciliação, opta por fazer um acordo com o autor do processo em que se compromete a desdizer publicamente as críticas que fizera.
A primeira mentira contra PH que está se espalhando até pelos grandes portais de internet, portanto, é a de que ele teria sido condenado. Não foi.
Segundo o próprio PH me disse ao telefone, ele apenas optou por não se defender e ofereceu retratação ao ofendido de forma a extinguir o processo por reconhecer que se excedeu, mas faria isso contanto que quem o processou reconhecesse, no acordo, que não houve ofensa racista.
Repito: Heraldo Pereira assinou um acordo em que reconhece que não houve intenção racista nas críticas que Paulo Henrique Amorim lhe fez. Isso consta do documento que um e outro assinaram diante de um juiz de Direito e de seus respectivos advogados. É, portanto, uma mentira quando dizem que foi “condenado por racismo”.
Abaixo, nota do advogado do PH em que explica o caso em termos técnicos.
Do blog Conversa Afiada
Paulo Henrique Amorim não foi condenado pelo crime de racismo ou dano moral como pleiteado por Heraldo Pereira de Carvalho no montante de R$ 300.000,00. Na ação promovida por Heraldo Pereira de Carvalho, as partes em audiência designada para 15 de fevereiro de 2012, conciliaram perante o Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 12ª Vara Cível da Circunscrição Especial de Brasília – DF, Daniel Felipe Machado, constando da sentença que homologou o acordo que o jornalista Paulo Henrique Amorim não ofendeu a moral do autor da ação ou atingiu a sua honra com conotação racista, fatos esses reconhecidos por Heraldo Pereira de Carvalho, tanto assim que concordou e assinou o termo de audiência. Em razão da conciliação levada a efeito, Paulo Henrique Amorim fará doação a instituição de caridade correspondente a 10% do montante pedido pelo jornalista Heraldo Pereira de Carvalho.
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Leia também, do jornalista Leandro Fortes
Paulo Henrique Amorim, assim como eu e muitos blogueiros e jornalistas brasileiros, nos empenhamos há muito tempo numa guerra sem trégua a combater o racismo, a homofobia e a injustiça social no Brasil. Fazemos isso com as poderosas armas que nos couberam, a internet, a blogosfera, as redes sociais. Foi por meio de pessoas como PHA, lá no início desse processo de abertura da internet, que o brasileiro descobriu que poderia, finalmente, quebrar o monopólio da informação mantido, por décadas a fio, pelos poderosos grupos de comunicação que ainda tanto fazem políticos e autoridades do governo se urinar nas calças. PHA consolidou o termo PIG (Partido da Imprensa Golpista) e muitos outros com humor, inteligência e sarcasmo, características cada vez mais raras entre os jornalistas brasileiros. Tem sido ele que, diuturnamente, denuncia essa farsa que é a democracia racial no Brasil, farsa burlesca exposta em obras como o livro “Não somos racistas”, do jornalista Ali Kamel, da TV Globo.
Por isso, classificar Paulo Henrique Amorim de racista vai além de qualquer piada de mau gosto. É, por assim dizer, a inversão absoluta de valores e opiniões que tem como base a interpretação rasa de um acordo judicial, e não uma condenação. Como se fosse possível condenar PHA por racismo a partir de outra acusação, esta, feita por ele, e coberta de fel: a de que Heraldo Pereira, repórter da TV Globo, é um “negro de alma branca”.
O termo é pejorativo, disso não há dúvida. Mas nada tem a ver com racismo. A expressão “negro de alma branca”, por mais cruel que possa ser, é a expressão, justamente, do anti-racismo, é a expressão angustiada de muitos que militam nos movimentos negros contra aqueles pares que, ao longo dos séculos, têm abaixado a cabeça aos desmandos das elites brancas que os espancaram, violentaram e humilharam. O “negro de alma branca” é o negro que renega sua cor, sua raça, em nome dessa falsa democracia racial tão cara a quem dela usufrui. É o negro que se finge de branco para branco ser, mas que nunca será, não neste Brasil de agora, não nesta nação ainda dominada por essa elite abominável, iletrada e predatória – e branca. O “negro de alma branca” é o negro que foge de si mesmo na esperança de ser aceito onde jamais será. Quem finge não saber disso, finge também que não há racismo no Brasil.
Recentemente, fui chamado de racista por um idiota do PCdoB, partido do qual sou, eventualmente, eleitor, e onde tenho muitos amigos. Meu crime foi lembrar ao mundo que o vereador Netinho de Paula, pagodeiro recentemente convertido ao marxismo, havia espancado a esposa, em tempos recentes. E que havia dado um soco na cara do repórter Vesgo, do Pânico na TV. Assim como PHA agora, fui vítima de uma tentativa primária de psicologia reversa cujo objetivo era o de anular a questão essencial da discussão: a de que Netinho de Paula era um espancador, não um negro, informação esta que sequer citei no meu texto, por absolutamente irrelevante. Da mesma forma, Paulo Henrique Amorim se referiu a Heraldo Pereira como negro não para desmerecer-lhe a cor e a raça, mas para opinar sobre aquilo que lhe pareceu um defeito: o de que o repórter da TV Globo tinha “a alma branca”, ou seja, vivia alheio às necessidades e lutas dos demais negros do país, como se da elite branca fosse.
Não concordo com a expressão usada por PHA. Mas não posso deixar de me posicionar nesse momento em que um jornalista militante contra o racismo é acusado, levianamente, de ser racista, apenas porque se viu na obrigação de fazer um acordo judicial ruim. Não houve crime, sequer insinuação, de racismo nessa pendenga. Porque se pode falar muita coisa sobre Paulo Henrique Amorim, menos, definitivamente, que ele é racista. Qualquer outra interpretação é falsa ou movida por ma fé e vingança pessoal de quem passou a ser obrigado, desde o surgimento do blog “Conversa Afiada”, a conviver com a crítica e os textos adoravelmente sacanas desse grande jornalista brasileiro.
Do Blog da Cidadania.
Esse Blog não se omitiria em prestar a sua solidariedade a Paulo Henrique Amorim, esse grande jornalista, brasileiro e acima de tudo um grande combatente dos preconceitos racistas e homofóbicos deste país.
ResponderExcluirO PIG pode acusá-lo de qualquer coisa, menos de ser racista, isto é inaceitável pois, não tem o menor cabimento, justo com o PHA.