Documento 'Declaração de Desembolso', assinado pelo publicitário
Marcos Valério em 1999, indica repasse milionário à campanha do então
governador tucano de Minas Gerais; ministro do Supremo também teria sido
contemplado; informações estão na revista Carta Capital, que reafirma
veracidade dos papéis divulgados
Um documento nomeado "Declaração de Desembolso", assinado pelo
publicitário Marcos Valério de Souza em 28 de março de 1999, declara o
repasse de R$ 4,5 milhões ao ex-governador de Minas Gerais e candidato a
reeleição em 1998, Eduardo Azeredo (PSDB). A divulgação foi feita pela
revista CartaCapital desta semana, que aponta que o pagamento foi
realizado pelas empresas SMP&B Comunicação e DNA Propaganda, ambos
de Valério. O responsável pela intermediação do repasse, segundo o
documento, é o tesoureiro da campanha de Azeredo, Carlos Mourão. A
origem do dinheiro? Bancos e estatais do Estado: Banco Bemge, Cemig,
Comig, Construtora Andrade Gutierrez, Construtora ARG, Copasa, Banco
Credireal e Banco Real, descritos pelo próprio Valério no documento. O
repasse da verba seria "para saldar compromissos diversos".
A reportagem da revista volta ao tema do suposto esquema conhecido
chamado "valerioduto" – caixa 2 realizado durante a campanha da
reeleição de Azeredo – iniciado na edição da semana passada,
quando a publicação divulgou uma lista de supostos beneficiados. Desta
vez, a publicação rebate a tese defendida por Marcos Valério – apontado
como operador do esquema – de que os papéis era falsos. Na lista dos
beneficiados e suas quantias, constava também o do ministro do STF
Gilmar Mendes. Foi divulgado inclusive um documento de apresentação da
lista, também assinado por Valério, que diz ter repassado os R$ 4,5
milhões à campanha.
Para rebater os argumentos de Eduardo Azeredo de que os documentos eram
falsos, a reportagem cita denúncia desta semana contra o ex-diretor de
Planejamento de Furnas, Dimas Toledo, por participação num grupo de
empresários e políticos em esquema de arrecadação ilegal, divulgado na
chamada Lista de Furnas.
A lista assinada por Toledo revela supostos esquemas de caixa 2 do PSDB
montados em 2002, durante o governo FHC. Revelada pelo jornalista
Amaury Ribeiro Jr. no jornal mineiro Hoje em Dia, a denúncia divulga
também o resultado de uma perícia da Polícia Federal que comprova a
veracidade da lista – o que derrubaria o argumento de Azeredo de que a
lista divulgada por CartaCapital é semelhante "a outras comprovadamente
falsas", segundo a revista.
Na semana que passou, não só Azeredo e Valério desmentiram a matéria,
mas o ministro Gilmar Mendes, que negou sua participação e anunciou a
intenção de processar a revista (leia mais).
Nesta edição, CartaCapital publica com destaque o trecho da lista em
que aparece o nome de Mendes e o valor que recebeu no esquema: R$ 185
mil.
No 247
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