Escândalos que envolveram
personagens como Eduardo Jorge, Ricardo Sérgio de Oliveira e Paulo
Vieira de Souza ajudam a entender por que o mensalão não tem turbinado a
candidatura de José Serra, em São Paulo; o passado assombra o candidato
Por: Vermelho
Em editorial publicado na sexta-feira (12), a Folha de S. Paulo constatou
que o escândalo do mensalão teve pouco efeito prático nas urnas. Em São
Paulo, segundo o jornal, Fernando Haddad, do PT, é favorito, e José
Serra, do PSDB, deve insistir na estratégia de associar o candidato
petista aos personagens condenados no julgamento da Ação Penal 470.
Ontem mesmo, Serra cumpriu a profecia, ao dizer que “Haddad segue as lições de José Dirceu”.
A
estratégia, no entanto, tem sido malsucedida até agora, e não porque o
eleitor desconsidere a questão ética ao votar. O ponto central é o
histórico de escândalos do PSDB nos governos federal e de São Paulo –
muitos deles, conectados ao financiamento de campanhas políticas de José
Serra.
O personagem mais emblemático da era
tucana é o ex-tesoureiro Ricardo Sérgio de Oliveira, que foi colocado,
por Serra, na diretoria internacional do Banco do Brasil e no comando
dos fundos de pensão estatais. Tal era seu poder, que Ricardo Sérgio foi
capaz de organizar todos os principais consórcios das privatizações,
especialmente nas telecomunicações. No caso da Telemar, a valor
noticiado pela imprensa sobre a propina foi de 90 milhões de reais.
Ricardo Sérgio só caiu quando, em 1998, fisgado em grampos telefônicos,
dizia agir “no limite da irresponsabilidade”. No governo FHC,
Ricardo Sérgio tinha como missão preparar o terreno para a candidatura
de Serra à presidência da República, em 2002, assim como um parente do
tucano, chamado Gregorio Marin Preciado, que organizava consórcios no
setor elétrico.
Mais recentemente, Serra se viu
envolvido em outro escândalo ligado ao financiamento ilegal de
campanhas. Na disputa de 2010, o então tesoureiro do PSDB, Paulo Vieira
de Souza, conhecido como Paulo Preto, foi acusado de desaparecer com 4
milhões de reais que teriam sido doados em espécie por uma empreiteira.
Ex-diretor da Dersa, responsável pelas obras bilionárias do Rodoanel, em
São Paulo, Paulo Preto usou a imagem de um gambá, em entrevista à
revista Piauí, para descrever sua relação com Serra – “podem afastar, mas o cheiro permanece”, afirmou.
Também
na campanha de 2010, José Serra teve como um dos coordenadores de
campanha o ex-secretário-geral do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso, Eduardo Jorge Caldas Pereira. Dados apontaram depósitos de 3,9
milhões de reais em suas contas, mas Eduardo Jorge partiu para a
ofensiva e denunciou a quebra do seu sigilo fiscal, declarando ainda que
os recursos eram fruto de herança e tinham origem lícita.
Seja
como for, o histórico do PSDB jamais permitiu ao partido se apropriar
da ética como uma bandeira, tamanha a quantidade de escândalos.
José
Genoino, ex-presidente do PT, foi condenado por ter sido avalista num
empréstimo tomado junto ao Banco Rural. Mas não há notícia de que ele
tenha fugido com 4 milhões de reais, como se disse em relação a Paulo
Preto.
Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido,
vive em condições muito mais modestas do que Ricardo “no limite da
irresponsabilidade” Sérgio de Oliveira.
E como o eleitor intui essa realidade, e também rejeita a hipocrisia, o discurso moralista, até agora, tem fracassado.
Do O Carcará
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