Guerrilheiro Virtual

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Enquanto Brasil recua, Inglaterra regula mídia

:
Juiz Brian Leveson gera divisão no governo de David Cameron ao pedir a criação de órgão 'para eliminar uma subcultura de comportamento antiético que contaminou segmentos da imprensa do país'; caso das escutas de Murdoch foi o estopim

247 – "O Reino Unido precisa de um novo regulador de mídia independente para eliminar uma subcultura de comportamento antiético que contaminou segmentos da imprensa do país". Com essa frase, o juiz Brian Leveson enfrentou nesta quinta-feira (29) a resistência do primeiro-ministro David Cameron ao apresentar um pedido de criação de um novo órgão regulatório de mídia no país.
O relatório Leveson é resultado de uma investigação sobre a ética jornalística, pedida em julho de 2011 pelo próprio primeiro-ministro após o escândalo das escutas telefônicas do jornal The News of The World, do magnata Rupert Murdoch.
Murdoch fechou o jornal de 168 anos em julho de 2011. O braço britânico de sua companhia de jornais, a News International, pagou milhões em indenizações para vítimas das escutas e enfrenta processos de outras dezenas, incluindo celebridades, políticos, atletas e parentes de vítimas de crimes cujas mensagens de voz foram invadidas na busca do jornal por furos.
No Reino Unido, a imprensa tem um regime de auto-regulações através da chamada Comissão de Queixas da Imprensa, que apenas faz recomendações aos veículos de comunicações.
Pela proposta apresentada por Leveson, a nova instituição deveria ser composta por membros do público, incluindo ex-jornalistas e acadêmicos — mas sem editores e políticos em atuação. O organismo deveria ter o poder de ordenar correções nos jornais e emitir multas de até um milhão de libras (US$ 1,6 milhão).
Segundo ele, assim evitaria que mais pessoas sejam prejudicadas por um "comportamento da imprensa que, às vezes, pode apenas ser descrito como ultrajante".
Cameron criticou o projeto, criando mais mal-estar na base governista.
Numa atitude incomum no Parlamento britânico, o vice-primeiro-ministro Nick Clegg, líder dos liberais-democratas, pediu a palavra para contestar o discurso de Cameron sobre o caso.
"Uma imprensa livre não significa uma imprensa que seja livre para perseguir pessoas inocentes ou abusar de famílias de luto", disse.
A resistência do primeiro-ministro abriu uma divisão na aliança que governa o Reino Unido desde maio de 2010. O Partido Liberal-Democrata, que garante maioria ao governo conservador, juntou-se à oposição trabalhista na defesa de um novo órgão com poder para punir os veículos de comunicação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”