Famosa por suas pontes , rios e canais, que deram à cidade do Recife o título de “Veneza Brasileira”, a capital pernambucana possui uma das últimas obras de Oscar Niemeyer, o Parque Dona Lindu; além do centro de cultura e lazer, o Recife também tem uma ligação histórica e política com o arquiteto, falecido na noite desta quarta-feira (5); no exílio, Niemeyer e o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, serviram como uma espécie de elo de ligação entre os exilados e fugitivos da ditadura, fornecendo abrigo, arrumando trabalho e, sobretudo, repassando informações sempre que possível
Paulo Emílio_PE247 - Famosa por suas pontes , rios e
canais, que deram à cidade do Recife o título de “Veneza Brasileira”, a
capital pernambucana possui uma das últimas obras de Oscar Niemeyer, o
Parque Dona Lindu. Além do centro de cultura e lazer, o Recife também
tem uma ligação política com o arquiteto, falecido na noite desta
quarta-feira (5). No exílio, após o golpe de 64,
Niemeyer e o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, serviram como
uma espécie de elo de ligação entre os exilados e fugitivos da ditadura,
fornecendo abrigo, arrumando trabalho e, sobretudo, repassando
informações sempre que possível.
Construído em uma área de 27,1 mil metros quadrados, em um terreno
que pertencia à Aeronáutica e que foi cedido ao município pelo Governo
Federal, bem em frente às areias da praia de Boa Viagem, o Parque Dona
Lindu tem 60% de seu tamanho reservado à área verde. O projeto de
Miemeyer contempla, ainda, teatro, pavilhão para exposições e uma área
de alimentação. O investimento para tirar o projeto do papel foi de
cerca de R$ 37 milhões.
Na época em que o projeto foi divulgado e as obras iniciadas, muitos
recifenses protestaram alegando que o Parque Dona Lindu “era um bloco de
concreto que não contemplava espaço para área verde” e que “parecia
tudo, menos uma obra de Niemeyer. Após a sua entrega, em março de 2011, o
“Dona Lindu”, como o local é mais conhecido, consolidou-se com uma
vasta programação cultural e tornou-se um dos principais pontos de
cultura e lazer abertos ao público.
Se o Parque Dona Lindu é uma marca física de intervenção urbana por
parte do mestre da arquitetura, Niemeyer também deixou seus traços na
história da política pernambucana. Enquanto Miguel Arraes encontrou
exílio na Argélia, Niemeyer refugiou-se na França. Começou aí uma
intensa troca de contatos e informações entre eles acerca de novos
exilados e fugitivos. Arraes e Niemeyer também atuaram na recolocação
profissional de muitos daqueles que tiveram que deixar o Brasil após o
golpe de 64.
Na Argélia, Arraes montou uma espécie de bureau de cooperação
técnica, onde recebia currículos, principalmente de exilados da América
Latina. Ele também teria auxiliado na intermediação junto ao governo
argelino para que Niemeyer realizasse vários projetos no país, como a
Universidade Constantine e a Mesquita de Argel.
Com a aproximação entre os dois esquerdistas e as constantes viagens
entre Argel e Paris, a residência de Pierre Gerveseau e Violeta Arraes
Gerveseau, na capital francesa, acabou se tornando um ponto de
conspiração contra o regime militar e de encontros obrigatórios de
exilados brasileiros de passagem.
Em uma destas ocasiões, Niemeyer foi procurado por Arraes em Paris e
recebeu um convite inesperado Na época, o ex-governador teria dito ter 6
mil homens armados em Pernambuco, todos dispostos a lutar pela
democracia no Brasil. Niemeyer teria sido convidado para ser o
Secretário da Revolução e para fazer o desenho do emblema dos
combatentes. O resultado final da conversa é que a revolta armada não
ocorreu e nem o emblema foi desenhado.
Com marcas profundas na política e na urbanização recente do Recife,
Oscar Niemeyer, de alguma forma, estará sempre presente na memória dos
pernambucanos.
Do 247
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