Guerrilheiro Virtual

segunda-feira, 18 de março de 2013

Por que jornalistas e juízes não podem ter — e muito menos ser — amigos

O grande editor Joseph Pulitzer dizia que jornalista não podia ter amigo; no Brasil tem — e o pior é que entre as amizades estão juízes.
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Merval, com Gilmar Mendes e Ayres de Britto no lançamento do livro
Já falei de Mensalão, o livro de Merval.
 
Volto ao assunto, depois de ver fotos do lançamento em Brasília. Figuras eméritas da Justiça Nacional correram, sorridentes, a prestigiar a cerimônia..
 
O pudor, se não a lei,  deveria impedir este tipo de cena. Veja as expressões de contentamento e cumplicidade. Que isenção se pode esperar da Justiça brasileira em casos relevantes que porventura envolvam Merval e, mais ainda, a Globo?
 
Mas o pudor se perdeu há muito tempo. Em outra passagem imoral desse  interesseiro caso de amor entre mídia e justiça, o ministro Gilmar Mendes compareceu sorridente, em pleno julgamento do Mensalão, ao lançamento de um livro de Reinaldo Azevedo em que os réus eram massacrados.
 
Ali estava já a sentença de Gilmar.
 
O grande editor Joseph Pulitzer escreveu, numa frase célebre, que “jornalista não tem amigo”. Ele próprio viveu em reclusão para evitar que amizades influenciassem os rumos do jornal que comandou.
 
Para que você tenha uma ideia da estatura de Pulitzer, foi ele quem rompeu com a tradição de publicar as notícias na ordem cronológica. Ele estabeleceu a hierarquia no noticiário. Estava inventada a manchete,  bem como a primeira página.
 
Era um idealista. “Acima do conhecimento, acima das notícias, acima da inteligência, o coração e a alma do jornal reside em sua coragem, em sua integridade, sua humanidade, sua simpatia pelos oprimidos, sua independência, sua devoção ao bem estar público, sua ansiedade em servir à sociedade”, escreveu.
 
Tinha uma frase que me tem sido particularmente cara na carreira: “Jornalista não tem amigo.”
 
Como a “Deusa Cega da Justiça”, afirmava Pulitzer, ele ficava ao largo das inevitáveis influências que amizades com poderosos trazem. “O World [seu jornal], por isso, é absolutamente imparcial e independente.”
 
Merval tem muitos amigos, como se vê na foto deste artigo. Não é bom para o jornalismo que ele faz. E pior ainda é que ele é correspondido no topo da Justiça brasileira.
 
Juízes, como os jornalistas, não deveriam ter amigos, como pregou Pulitzer. Pelas mesmas razões.
 
Os nossos têm, e parecem se orgulhar disso, como se vê na foto acima.

~ o ~
 
A estratégia do PiG (Merval) para o 2º turno
 
A estratégia subterrânea é o Golpe no jornal nacional, legitimado no Supremo.
 
Como se sabe, 'Ataulfo Merval de Paiva' é a biruta do aeroporto da Casa Grande, o Aeroporto Internacional Dr Roberto.
 
Se ele aponta pra lá, é pra lá que a Casa Grande já foi.
 
Como se sabe, o PiG, seus notáveis 'colonistas' e o PSDB não passam de expressão física e moral da Casa Grande.
 
(Com uma certa boa vontade se pode dizer que o mesmo raciocínio se aplica ao Supremo …)
 
Como diz o Mino, no romance “O Brasil”, ler o 'Ataulfo' dispensa saber o que pensam os filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio.
 
É mais rápido.
 
Em duas 'colonas' consecutivas, o 'Ataulfo' estimula a propagação de candidaturas de oposição:
 
- estimula a 'Bláblárina', como fez em 2010; o 'Ataulfo' foi um dos primeiros, então, a esverdear;
 
- supõe que o 'Cerra' se deixará conquistar pelo charme e a simpatia do Aécio; 'Cerra' gentilmente cederia o posto ao mineiro, em nome da unidade dos tucanos; faltou combinar com o 'Cerra', que quer a Presidência ou nada;
 
- segundo 'Ataulfo', Eduardo já avisou à Presidenta que é candidato, que a ligação com o PMDB está infectada, que ele não quer se contaminar; e ela disse que, um dia, ele, Eduardo, será Presidente.
 
É o cenário perfeito.
 
Igual a 2002.
 
Cristovão Buarque (outra traíra), Heloisa Helena (traíra, também) e um tucano (o 'Cerra') não deixam Lula ganhar no primeiro turno.
 
Em 2006 quem levou a eleição para o segundo turno foi o Gilberto Freire com “ï” – clique aqui para ler “O primeiro Golpe já houve; falta o segundo”.
 
Como se sabe, no segundo turno, o candidato tucano, Alckmin, teve menos votos – sem o jornal nacional – que no primeiro.
 
Em 2010, a bolinha de papel do Freire com “i” e a 'Bláblárina' levaram a eleição ao segundo turno, quando ainda não se sabia que a Dilma daria certo como Presidenta.
 
Agora, a estratégia do 'Ataulfo', a estratégia explícita, é abrir o leque, pulverizar o voto e, depois, no segundo turno, unir todos contra Dilma.
 
Essa, a estratégia explícita.
 
A submersa, subterrânea, é o Golpe.
 
Primeiro, no jornal nacional.
 
Depois, diante de um impasse, no Supremo.
 

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