247 – A queda apontada pelo Datafolha nas
intenções de voto do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que caiu de 17% a
13% segundo a pesquisa, levará o partido a engrossar o coro contra a
Petrobras, depois de uma denúncia publicada pela revista Época –
reportagem do veículo da Editora Globo afirma que recursos desviados em
contratos da Petrobras teriam sido usados para financiar campanhas
políticas, como a da presidente Dilma Rousseff em 2010. Segundo Época, a
denúncia é do lobista João Augusto Henriques, que negou o depoimento 24 horas depois. Em seguida, Época publicou parcialmente o áudio da conversa entre Henriques e o jornalista Diego Escosteguy.
O PSDB pretende pedir apuração do esquema denunciado por Época ao
Ministério Público Eleitoral. Além disso, a bancada do partido tentará
convocar, para prestar depoimento na Câmara dos Deputados, o
ex-presidente da estatal José Sergio Grabrielli e o engenheiro João
Augusto Henriques, ex-diretor da BR Distribuidora e que, segundo Época,
foi quem revelou a denúncia.
A legenda já tem o apoio indireto do deputado do PR Maurício
Quintella, que declarou neste domingo que pretende recorrer ao STF para
que seja instalada no Congresso a CPI da Petrobras. Apesar de também
integrar a base aliada do governo, o líder do PMDB na Câmara, o deputado
Eduardo Cunha (RJ), diz ser favorável à instalação da CPI: "Será a
oportunidade de deixar às claras o que aconteceu", afirmou.
Na avaliação do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), a "bomba" da revista
da Editora Globo é "mais um capítulo" da "história de corrupção que
consegue abalar a mais sólida empresa pública desse país". Em seu blog,
neste final de semana, o parlamentar tucano afirmou que propôs a
instalação de uma CPI da Petrobras em 2009, mas que enfrentou
"verdadeira operação de guerra pelo Palácio do Planalto para
inviabilizar a investigação".
Polêmica
A reportagem de Época, no entanto, está coberta pela polêmica. Um dia
depois da publicação da matéria, o entrevistado João Henriques, que
teria revelado a denúncia contra a Petrobras ao jornalista Diego
Escosteguy, negou o depoimento. O repórter afirmou em seguida que a
entrevista havia sido gravada e que publicaria os áudios no site da
revista. Ele assim o fez, mas recebeu acusações de ter editado a gravação de forma parcial e publicado as declarações fora de contexto.
Defesa
A presidência da República não se pronunciou sobre o caso. Ao
comentar a reportagem, o deputado do PT Paulo Teixeira enfatizou a
negativa feita pelo entrevistado à revista, que seria o denunciante do
esquema, e afirmou que o que deve ser investigado é a denúncia que
envolve os tucanos em São Paulo, sobre propinas e favorecimento a
empresas em licitações do Metrô e da CPTM sob governos de Mario Covas,
Geraldo Alckmin e José Serra, do PSDB.
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