Embora existam indícios veementes de que a propina arrecadada pelos
tucanos junto à Alstom, por meio do atual vereador Andrea Matarazzo,
tenha contribuído para a própria reeleição de FHC, em 1998, o
ex-presidente FHC diferenciou o caso do metrô do chamado mensalão; "não
apareceu o PSDB recebendo dinheiro, não comprou ninguém", afirmou; outro
personagem envolvido no escândalo, José Luiz Portella, foi peça central
na articulação da emenda da reeleição, manchada pela compra de votos;
FHC ainda defendeu José Serra; "ele fez o anticartel, processou a
Siemens e quem ganhou foi a CAF; saiu 15% mais barato"; evidências
apontam que desvios no metrô, no entanto, fizeram parte de um projeto
partidário, e não pessoal
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Um dos personagens citados no caso Siemens, José Luiz Portella, teve
participação direta na articulação da emenda que garantiu a reeleição do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (leia mais aqui),
num processo marcado por suspeitas de compras de votos. Outro tucano
graúdo, Andrea Matarazzo, foi indiciado pela Polícia Federal por
supostamente ter coletado propinas junto à empresa Alstom. Há indícios
fortes de que os recursos foram usados na campanha de FHC, em 1998,
segundo registros do próprio comitê tucano (leiaaqui).
Contra as evidências, no entanto, FHC afirma que a corrupção do metrô,
comandada pelo tucanato paulista, é diferente da ocorrida no chamado
mensalão. "Não tem nada a ver" com o mensalão, disse ele. "Não apareceu
o PSDB recebendo dinheiro, não comprou ninguém. Pode ter havido
corrupção, mas aí é pessoal", afirmou.
O nome de José Serra (PSDB) foi formalmente envolvido no caso de cartel
delatado pela Siemens. Segundo o diretor Nelson Branco Marchetti, o
então governador de São Paulo e seu secretário de Transportes
Metropolitanos, José Luiz Portella, sugeriram à multinacional alemã um
acordo em 2008 para evitar que uma disputa empresarial travasse uma
licitação da CPTM.
De acordo com a mensagem do executivo da Siemens, Serra avisou que a
negociação seria cancelada, mas disse que ele e Portella "considerariam"
outras soluções para evitar que a disputa provocasse atraso na entrega
dos trens. Uma das saídas apresentadas seria a CAF dividir a encomenda
com a Siemens, ou encomendar à alemã componentes dos trens.
"O Serra fez o anticartel. Processou a Siemens e quem ganhou foi a CAF
[empresa espanhola que disputava a licitação]. Saiu 15% mais barato",
defendeu FHC.
Nas reportagens sobre a compra de votos da reeleição, Portella é citado
por Ronivon Santiago, um dos deputados que teria sido comprado por R$
200 mil, como um dos articuladores da liberação de verbas no Ministério
dos Transportes. Matarazzo, por sua vez, tornou-se ministro de FHC e
depois embaixador em Roma, mesmo sem pertencer aos quadros do Itamaraty.
Seu papel na arrecadação do caixa dois de campanha foi confirmado pelo
então tesoureiro de FHC, Luiz Carlos Bresser Pereira.
Ou seja: tudo indica que os desvios no metrô fizeram parte de um projeto
de poder político – e não apenas de desvios pessoais e pontuais de
conduta.
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