247 – O governo de Dilma Rousseff anunciou ontem
a contratação de 4 mil médicos cubanos. A inciativa levanto ainda mais
polêmica na classe médica. O Conselho Federal de Medicina (CFM)
classificou como "eleitoreiro, irresponsável e desrespeitoso" o anúncio
pelo Ministério da Saúde. Para a entidade, a medida agride direitos
individuais, humanos, do trabalhador e ainda expõe a saúde da população a
situações de risco. "É uma irresponsabilidade trazer médicos de fora,
sejam cubanos, sejam brasileiro formados no exterior, sem a devida
verificação da competência técnica", avaliou Roberto d'Ávila, presidente
do CFM.
Enquanto isso, em Portugal, população também protesta, mas para
manter esses profissionais no país. Leia mais na notícia do blog
Tijolaço:
Em Portugal, médicos cubanos são um problema. Ninguém quer que eles se vão
Se o caro amigo internauta fizer uma pesquisa rápida no Google verá
que o que pode acontecer aqui no Brasil, no futuro, com os médicos
cubanos que o Governo Federal está trazendo para atuar em municípios
onde não há profissionais brasileiros dispostos a atuar.
Os problemas não são de incapacidade profissional ou de dificuldade de comunicação.
São que os contratos firmados pelo governo português estão acabando e
alguns deles terão de ir embora, para desespero das populações e dos
prefeitos do Alentejo, do Algarve e do Ribatejo, regiões pobres que
estão ameaçadas de ficarem, outra vez, sem médicos.
O portal SulInformação noticia:
Os cinco médicos cubanos que prestavam serviço de consultas no
concelho de Odemira terminaram os seus contratos e regressaram ao seu
país, deixando mais de 14 mil utentes sem médico de família.
Esta situação, segundo denuncia, em comunicado, a Câmara Municipal de
Odemira, «está a provocar a rotura dos serviços médicos em Odemira, S.
Teotónio, Sabóia e Vila Nova de Milfontes e o descontentamento da
população e da autarquia, que têm vindo a expressar o seu
descontentamento junto dos responsáveis locais, regionais e
governamentais sem qualquer sucesso».
A autarquia sublinha, no comunicado a que oSul Informação teve
acesso, que no litoral Alentejano prestavam serviço 16 médicos cubanos,
cinco dos quais no concelho de Odemira e não foram substituídos, isto
apesar de há alguns meses os autarcas terem sido alertados pela direção
do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Litoral Alentejano para a
necessidade de garantir a substituição dos médicos cubanos que
terminavam contrato no final do ano de 2011.
As prefeituras são as maiores defensoras do trabalho dos
profissionais cubanos, pelos trabalhos pró-ativos de saúde pública que
realizam.
Até o presidente da Ordem dos Médicos de Portugal, apesar da
cantilena de que os médicos estrangeiros são “superiores” em qualidade
profissional, reconhece:
“Naturalmente os cidadãos que receberam os médicos estrangeiros
ficaram satisfeitos. Porque até aí não tinham médico e passaram a ter.
Não com as competências adequadas e desejáveis, mas passaram a ter um
médico”
Pois é, né, doutor…
Agora, para quem quiser se aprofundar mais no “choque cultural”
representado pelos médicos estrangeiros em Portugal, recomendo a leitura
de um trabalho de duas sociólogas e uma psicóloga na Revista
Iberoamericana de Salud y Ciudadanía,coordenada pela Universidade do
Porto.
Ali, são ouvidos médicos cubanos, espanhóis e colombianos que foram
trabalhar em Portugal e que falaram sobre essa experiência. Trascrevo
apenas um pequeno depoimento, de uma médica uruguaia que está por lá:
Tú tienes que tener un segundo para mí, dos minutos aunque sea de
camino, de acercarte al primer familiar que está y decirle „señora, está
así, hicimos esto, la cosa está así, lo voy a llevar a tal hospital,
quédese tranquila, yo lo voy a acompañar‟. Es lo mínimo. Los
médicos portugueses, entran, salen, meten el tipo y se van. Yo al
principio decía „pero esto es inhumano!‟ […] Yo hablo con los
familiares. Eso les llamó mucho la atención a los enfermeros y a los
TAE [Técnicos de Ambulância de Emergência], yo siempre busco un
minuto […]. Hay cosas que son de sensibilidad humana porque el
paciente no es una cosa o un objeto. (E2, médica uruguaia)
Talvez tenhamos alguma coisa a aprender por aqui, não é?
camino, de acercarte al primer familiar que está y decirle „señora, está
así, hicimos esto, la cosa está así, lo voy a llevar a tal hospital,
quédese tranquila, yo lo voy a acompañar‟. Es lo mínimo. Los
médicos portugueses, entran, salen, meten el tipo y se van. Yo al
principio decía „pero esto es inhumano!‟ […] Yo hablo con los
familiares. Eso les llamó mucho la atención a los enfermeros y a los
TAE [Técnicos de Ambulância de Emergência], yo siempre busco un
minuto […]. Hay cosas que son de sensibilidad humana porque el
paciente no es una cosa o un objeto. (E2, médica uruguaia)
Talvez tenhamos alguma coisa a aprender por aqui, não é?
Por: Fernando Brito
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