Voz dos Marinho no Globo e
"décimo-segundo juiz" do Supremo Tribunal Federal, colunista Merval
Pereira afirma que o Celso de Mello, que já antecipou seu voto,
favorável aos embargos, terá que levar em consideração também o suposto
clamor das ruas; manobra de obstrução na sessão de ontem, liderada por
Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello tinha por objetivo,
justamente, submeter o decano à pressão midiática; segundo Merval,
Gilmar lembrou ontem que "o tribunal rompeu com a tradição de
impunidade"; Mello disse ainda que "estamos a um passo de desmerecer a
confiança que nos foi confiada"; Merval só não disse, em sua coluna, que
Marco Aurélio concedeu o habeas corpus ao banqueiro Salvatore Cacciola,
que fugiu do país, antes de ser preso, e que Gilmar libertou o médico
estuprador Roger Abdelmassih, condenado à maior pena da justiça
brasileira, mas ainda foragido
247 -
A manobra de obstrução conduzida no Supremo Tribunal Federal pelo
presidente Joaquim Barbosa e pelos ministros Gilmar Mendes e Marco
Aurélio Mello, nas duas últimas sessões da suprema corte, tinha um
objetivo claro: submeter o decano Celso de Mello à pressão midiática.
Gilmar, Marco Aurélio e Barbosa apostavam – como talvez ainda apostem –
que o decano sucumbiria à pressão. Por isso mesmo, Barbosa encerrou
prematuramente a sessão de quarta-feira, enquanto os dois ministros
alinhados a ele estenderam ao máximo seus votos no dia de ontem, de modo
a evitar o voto do decano.
Para se vacinar contra
eventuais pressões, Celso de Mello foi rápido e, ontem mesmo, afirmou
que já tem convicção formada sobre a admissibilidade dos embargos
infringentes: a mesma que expressou em 2 de agosto do ano passado,
quando, de forma enfática, defendeu o direito dos réus aos embargos
(leia aqui e assista aqui o vídeo).
Apesar disso, a pressão
midiática não foi contida. A começar pelo jornalista que mais esforços
fez para influenciar os rumos do Supremo Tribunal Federal ao longo da
Ação Penal 470. Voz da família Marinho no Globo e "décimo-segundo juiz
do Supremo Tribunal Federal", Merval Pereira publica, nesta sexta-feira,
uma coluna que merece apenas um adjetivo: indecorosa.
O texto "A um voto" diz
que Celso de Mello "terá que levar em conta não apenas os aspectos
técnicos da questão, como também a repercussão da decisão para o próprio
desenrolar do processo como até mesmo para a credibilidade do STF".
Evidentemente, qualquer
pessoa civilizada, com apreço pelos direitos humanos, e não movida por
inconfessáveis interesses políticos, sabe que a credibilidade de uma
suprema corte depende apenas do respeito à lei e de decisões tomadas
tecnicamente. Se fosse conveniente substituir tribunais superiores pelas
ruas, não haveria julgamentos, mas sim linchamentos.
Merval sabe disso, mas o que o move é a política, não a justiça.
Na mesma coluna, Merval lembra ainda manifestações dos ministros Gilmar e Marco Aurélio na sessão de ontem:
"O ministro Gilmar Mentes
(sic) lembrou a repercussão que a decisão terá na magistratura, pois "o
tribunal rompeu com a tradição da impunidade". Já Marco Aurélio
lamentou que o tribunal que "sinaliza uma correção de rumos visando um
Brasil melhor para nossos bisnetos" estivesse se afastando desse
caminho. "Estamos a um passo de desmerecer a confiança que nos foi
confiada". Ou a um voto, ressaltou, olhando para o ministro Celso de
Mello".
Ou seja: Gilmar, chamado
de Mentes por Merval, e Marco Aurélio, propuseram que o decano troque a
lei pela rua, com o apoio, claro, do colunista do Globo. Merval só não
lembrou, em seu texto, que Marco Aurélio concedeu o habeas corpus que
permitiu ao banqueiro Salvatore Cacciola que fugisse do País. Gilmar foi
também quem libertou o médico estuprador Roger Abdelmassih, que, embora
condenado à maior pena da história do País, ainda está livre, leve e
solto, graças ao HC.
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