Berna
- Al Gore chegou a ganhar o Prêmio Nobel como pregador do
fundamentalismo ecologista, prevendo o fim do mundo com o aquecimento
da temperatura na Terra, aumento do nível dos oceanos, catástrofes em
cadeia e o provável desaparecimento do ser humano.
Com base em suas profecias, foi feito um filme One Inconvenient Truth (Uma
Verdade que Incomoda) destinado à sensibilização das populações ao
problema do aquecimento climático e para alertar contra as causas dessa
catástrofe programada para o nosso planeta.
Na série dos filmes de catástrofes, houve o filme The Day after Tomorrow,
contando as terríveis catástrofes consequentes do aquecimento
climático. E até os estúdios Walt Disney se inspiraram no apocalipse
humano, com o desenho animado A Idade do Gelo.
Não
foi invenção do Al Gore. No fim do século passado, alguns cientistas
meteorologistas como Nicola Scafetta, alarmados com o aumento do
lançamento do gás carbonico, CO2, na atmosfera, lançaram o alerta de
que esse gás iria cobrir a Terra como num invólucro e provocar um
efeito de estufa.
As
primeiras previsões, divulgadas em Paris, davam conta de um aumento
provável de 6 graus na temperatura terrestre, o que poderia provocar o
fim da espécie humana. Imediatamente, os defensores da natureza se
organizaram e deram origem aos movimentos e partidos ecologistas e o
mundo todo, inclusive o mundo político, passou a dar prioridade ao
risco do homem tornar o planeta inabitável em decorrência da poluição
atmosférica.
E
todos nós nos sentimos culpados por lançar na atmosfera o CO2 do cano
de escapamento de nossos carros. De repente, terminado o marxismo,
surgiu a nova ideologia da ecologia, nem de esquerda e nem de
direita, transformada praticamente num evangelho destinado não à
salvação das almas mas à salvação do mundo.
Que
eu me lembre, só o cientista francês Claude Allègre, ex-ministro da
Cultura, na época do presidente François Mitterrand, contestou a crença
geral, com um livro controvertido, publicado em 2010, A Impostura
Climática ou a falsa ideologia.
Nele,
Claude Allègre, já falecido, constestava todos os dados divulgados
pelo GIEC (Grupo de especialistas intergovernamentais sobre a evolução
do clima), reunindo cientistas da ONU e da Organização Mundial de
Meteorologia, afirmando que, na história do nosso planeta, tinha havido
fase de glaciação, diminuição e aumento da temperatura terrestre, sem
qualquer participação humana. Imaginar, dizia ele, que o homem seja
capaz de mudar o clima do planeta é uma espécie de megalomania humana.
Em
termos políticos mundiais, o fato dos EUA torpedearem todos os
esforços para se diminuir a poluição atmosférica provocou uma
esquerdização da política ecológica. E isso fez com que a questão do
aquecimento terrestre se dividisse em campos políticos – a direita de
Bush e a direita em geral com suas indústrias poluidoras não
acreditavam; a esquerda, na sua posição de protetora das populações e do
planeta acreditava na necessidade premente de se abandonar o
combustível vindo do petróleo, gerador de CO2, em favor de energias
alternativas.
Nessa
ideologia do aquecimento global, e pouca gente sabia, entrou o lobby
da energia nuclear e, ainda nos anos 80, a ex-primeira-ministra
Margareth Tatcher. Em guerra contra os mineiros do carvão, Tatcher
preconizou a reconversão do sistema britânico de energia para o nuclear,
considerado, naquela época, a energia limpa.
Portanto,
não foi só o fundamentalismo ingênuo dos talibãs defensores da
natureza, o motor da mobilização mundial contra o aquecimento terrestre
– foram os capitais interessados na expansão da energia limpa, a
nuclear. Até acontecer Tchernobyl e se descobrir que as centrais
nucleares eram muito mais perigosas que as centrais térmicas. A variante
passou a ser a energia solar, a energia eólica, de maré, mas todas
ainda insuficientes para abastecer o mundo consumista moderno.
Nesta
sexta-feira, o mesmo GIEC vai divulgar, em Genebra, a primeira parte
do relatório sobre o clima, previsto para o fim do ano ou começo de
2014. E nele, uma outra constatação se precisa – não há nenhum
aquecimento climático visível que seja capaz de mudar a vida humana na
face da Terra. Houve catastrofismo e exagero nos primeiros relatórios,
feitos com base em dados incorretos e aumentados por cientistas que
transformaram a ecologia numa espécie de nova religião.
E
como costumam fazer as religiões, lançadoras de culpas e pecados dos
quais é preciso se redimir, os profetas ecologistas lançaram a culpa do
desastre do planeta em todos nós, habitantes do mundo consumidor de
CO2. Porém, o quinto relatório do GIEC reconhece que o aquecimento,
quando se registra, não é causado pelas formiguinhas humanas, mas pelas
explosões das atividades solares e também pelas correntes marítimas.
Outro
mito também desfeito é o do fim do petróleo. Com a descoberta do xisto
betuminoso e da maneira pela qual pode ser explorado, pela técnica
(poluidora) do fracking, toda a reconversão da produção de
energia por meios alternativos foi abandonada, porque nos EUA, por
exemplo, existe tanto petróleo como na Arábia Saudita.
Portanto,
com a exploração do xisto, o mundo continuará lançando CO2 na
atmosfera, mas como diz o físico francês François Gervais, numa
entrevista para a revista suíça L´Hebdo, “o CO2 é benéfico para o planeta, não é um poluente, ao contrário é um nutriente para a vegetação”.
Na
imprensa brasileira, ao que eu saiba, só um jornalista remava contra a
maré do aquecimento climático – Carlos Brickman, ex-Estadão e hoje no
Diário do Grande ABC, declaradamente de direita. Mas Claude Allègre,
voz divergente na França, era socialista.
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