Nem o aplauso ajudou e nem a crítica vai prejudicar |
Uma das primeiras coisas que aprendi ao chegar a Londres, em 2009, é
que ninguém dá a menor bola para a Economist. A revista, idolatrada no
Brasil, é simplesmente ignorada em sua terra.
Ninguém fala nela. Você não encontra no metrô ou no ônibus gente a
lendo. Jornalistas de primeira linha não trabalham nela – mas na BBC, no
Guardian, no Times, ou mesmo em tabloides como o Sun. A Economist, de
certa forma, é hoje uma invenção brasileira.
Rio comigo mesmo quando vejo, como agora, a repercussão intensa de alguma reportagem da Economist sobre o Brasil.
É uma prova de imensa caipirice nacional. Lembro uma vez em que fui a
Rio Claro, no interior de São Paulo, quando dirigia a Exame. Fui nota
na coluna social do principal jornal da cidade, e fui tratado como um
Platão. Só para minha mãe, ou talvez nem para ela, eu fazia jus a tanta
deferência.
É mais ou menos o que os brasileiros fazem com a Economist, e com outros títulos como o Financial Times.
A Economist não consegue resolver seus próprios problemas, nem os da
sua Inglaterra, e mesmo assim tem a pretensão de resolver os problemas
da humanidade.
É professoral, como os editoriais do Estadão também são, só que não
existem entre os britânicos alunos dispostos a levá-la a sério.
A revista vai minguando, e minguando, e minguando na Era Digital,
para a qual não encontrou resposta, talvez por estar demasiadamente
entretida em salvar o mundo. Mas, no apogeu da desimportância, não perde
a pose.
O Brasil terá chegado à maturidade quando reagir às lições da
Economist — e do FT, ou de quem for – da seguinte maneira: ignorando-as.
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