Guerrilheiro Virtual

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Só os brasileiros levam a sério a Economist

Nem o aplauso ajudou e nem a crítica vai prejudicar
Uma das primeiras coisas que aprendi ao chegar a Londres, em 2009, é que ninguém dá a menor bola para a Economist. A revista, idolatrada no Brasil, é simplesmente ignorada em sua terra.

Ninguém fala nela. Você não encontra no metrô ou no ônibus gente a lendo. Jornalistas de primeira linha não trabalham nela – mas na BBC, no Guardian, no Times, ou mesmo em tabloides como o Sun. A Economist, de certa forma, é hoje uma invenção brasileira.

Rio comigo mesmo quando vejo, como agora, a repercussão intensa de alguma reportagem da Economist sobre o Brasil.

É uma prova de imensa caipirice nacional. Lembro uma vez em que fui a Rio Claro, no interior de São Paulo, quando dirigia a Exame. Fui nota na coluna social do principal jornal da cidade, e fui tratado como um Platão. Só para minha mãe, ou talvez nem para ela, eu fazia jus a tanta deferência.

É mais ou menos o que os brasileiros fazem com a Economist, e com outros títulos como o Financial Times.

A Economist não consegue resolver seus próprios problemas, nem os da sua Inglaterra, e mesmo assim tem a pretensão de resolver os problemas da humanidade.

É professoral, como os editoriais do Estadão também são, só que não existem entre os britânicos alunos dispostos a levá-la a sério.

A revista vai minguando, e minguando, e minguando na Era Digital, para a qual não encontrou resposta, talvez por estar demasiadamente entretida em salvar o mundo. Mas, no apogeu da desimportância, não perde a pose.

O Brasil terá chegado à maturidade quando reagir às lições da Economist — e do FT, ou de quem for – da seguinte maneira: ignorando-as.

Paulo Nogueira
Do DCM

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