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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

"Muambeiro" e "meliante". Esse era Tuminha em Veja

247 - Já houve um tempo em que o delegado Romeu Tuma Júnior, autor do livro "Assassinato de Reputações - um crime de Estado", lançado com estardalhaço como "livro bomba" neste fim de semana, por Veja, foi tratado como um reles muambeiro na mesma revista:
Uma muambazinha não dói 

O que acontece quando um secretário nacional de Justiça é pego em flagrante intimidade com alguém acusado de viver da pouco honrosa atividade de importar celulares baratos, etiquetá-los com marcas famosas e revendê-los como se legítimos fossem? E o que acontece se esse secretário, que é também presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, é gravado cotando o preço de uma muamba com a ajuda do mesmo amigo suspeito? A resposta é: não acontece nada.

Colunistas da publicação, como Augusto Nunes, o viam como "personagem espantoso no país que não se espanta com nada":

Pelo conjunto da obra, Romeu Tuma Junior conseguiu transformar-se num personagem espantoso no país que já não se espanta com nada. Delegado de polícia, confessou-se incapaz de distinguir um mafioso de um coroinha. Para virar secretário nacional de Justiça, bastou-lhe a certidão de nascimento. Incumbido de combater a pirataria e a evasão de divisas, comprou produtos contrabandeados e tentou liberar o embarque de uma deputada com 160 mil dólares escondidos na bagagem.

O mesmo colunista afirmava que ele não poderia continuar no gabinete que desonrou: 


Neste começo de maio, o Estadão apresentou ao país, de uma vez só, um delegado que mantém há 30 anos relações promíscuas com um bandido preso há vários meses, um deputado estadual que promoveu a assessor parlamentar o chefe da máfia chinesa em São Paulo, um presidente do Conselho de Combate à Pirataria que compra produtos contrabandeados,  um figurão federal que pressiona policiais para infiltrar no funcionalismo público o genro reprovado em concurso e um secretário nacional de Justiça que comete todas as infrações que cumpre ao ocupante do cargo coibir. São cinco espantos da fauna brasileira. Todos atendem pelo nome de Romeu Tuma Junior. É muito pecado para um só pecador.

As declarações deste fim de semana avisam que, se depender do presidente, o filho do senador ficará onde está. Mas é provável que, como Antonio Palocci ou José Dirceu, acabe afastado da Secretaria Nacional de Justiça. Ainda que todas as outras acusações fossem improcedentes ─ e não são ─ as ligações mais que perigosas com o mafioso amigo já bastariam para desqualificá-lo para qualquer cargo público, além de colocá-lo na alça de mira da Justiça. Se Tuma Junior permanecer no gabinete que desonrou, o sucessor de Lula saberá que, desde o primeiro minuto na presidência, estará absorvido pela tarefa de debelar a necrose moral que devasta o governo.

E outro expoente da casa, Reinaldo Azevedo, também defendia sua demissão:

Vamos com calma aí. Fosse Tuma Jr. um cidadão comum, e ele não teria de se afastar de lugar nenhum, certo? Sem a  prova provada de seu envolvimento com o crime, nada a fazer. Mas o doutor é nada menos que o Secretário Nacional de Justiça. Na prática, é o segundo cargo mais importante do Ministério da Justiça. Entre as suas tarefas, está o combate à pirataria, e o tal Paulo Li, que está preso, é justamente um especialista em… pirataria!!! Tuma Jr., diga-se, lhe faz algumas encomendas. Era de produto pirata ou não? Quem vai saber.

Augusto Nunes chegou a ironizar o delegado que, ao cair, disse ser vítima do crime organizado ("a mesma máfia que combato há 30 anos"):


“Estou sendo vítima do crime organizado, da mesma máfia que combato há 30 anos”.

Romeu Tuma Júnior, delegado, ao saber que foi exonerado do cargo de secretário nacional de Justiça, insinuando que estão a serviço do crime organizado os agentes da Polícia Federal que descobriram as incontáveis delinquências que andou cometendo.

No entanto, bastou que Tuma Júnior mudasse o discurso, passando a se declarar vítima do Partido dos Trabalhadores e de sua suposta máquina de moer reputações para que tudo mudasse. Reinaldo Azevedo, por exemplo, defende que Lula seja ouvido pela Comissão da Verdade. Nunes também bate pesado. "Os episódios relatados por Tuminha exumam, por exemplo, pressões exercidas por ministros decididos a transformar em instrumento eleitoral informações sigilosas, a fábrica clandestina de dossiês cafajestes instalada nos porões de um ministério, a movimentação de figurões envolvidos na operação destinada a sepultar os motivos reais do assassinato de Celso Daniel ou detalhes do gigantesco esquema de escutas telefônicas ilegais que não pouparam sequer a cúpula de um dos três Poderes", diz ele.

Fica assim definida a fórmula para transformar qualquer "muambeiro", "meliante" e símbolo de "necrose moral" em herói nas páginas de Veja. Basta se declarar vítima do PT e, de preferência, atacar o ex-presidente Lula.

Abaixo, links de como Tuminha era retratado por Veja:

AS DENÚNCIAS DE ROMEU TUMA JÚNIOR

Para quem quiser conhecer um tempo em que a "Veja" tratava Romeu Tuma Júnior como bandido, autor de "incontáveis delinquências":

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