Tijolaço Autor: Fernando Brito
Estadão, no sábado:
No
Brasil, os que acham que o ano de 2014 será melhor que 2013 são 57%,
índice 15 pontos porcentuais menor em relação à pesquisa anterior;
diminuição reflete pessimismo com a economia.
Estadão, hoje:
O Brasil ficou em
décimo lugar em ranking dos países mais felizes do mundo, de acordo com a
pesquisa Barômetro Global de Otimismo, feita pelo Ibope Inteligência em
parceria com a Worldwide Independent Network of Market Research (WIN). O
levantamento foi feito em 65 economias, a partir de 66.806
entrevistados.
Está vendo porque
outro dia eu tive que apelar para o personagem Patropi, do Orival
Pessini, para falar que o jornalismo econômico brasileiro pratica o non-sense do “Tá ruim porque está bom, mas vai piorar, entende?”
Mas, para continuar no mundo da tevê, isso não é tudo.
No Valor, do grupo Folha: Comércio cresce menos e inadimplência sobe mais que o previsto em 2013.
E na Folha, dona do Valor: Com alta do juro, inadimplência de 2013 tem um quinto do crescimento de 2012
Não apenas
contradiz a outra manchete com cria o notável fenômeno de baixar
inadimplência com a alta do juro, o que é uma heresia daquelas de
fogueira em matéria de ciência econômica: menos gente fica devendo
porque a prestação subiu…
A ânsia por dar notícias ruins e alarmantes está provocando um efeito “gráfico Globonews” no jornalismo de economia brasileiro.
Há dúzias de
exemplos. Hoje, para dizer que estamos às vésperas de um apação – quando
todos os sistemas de reservatórios estão mais cheios que no ano passado
– um jornal de economia chega a dizer que“por
se tratar de uma usina a fio d’água, Itaipu não tem reservatório e gera
energia de acordo com o volume de água que desce o rio”.
Jesus Cristo,
Itaipu tem um lago artificial de 1.350 km2, que banha 16 municípios
brasileiros e outros muitos no Paraguai! E está cheio, com 81% de seu
volume de “só” 19 trilhões de litros de água!
Está se
transformando em objeto de chacota o maior instrumento de informação e
decisão econômica de que a sociedade dispõe, ou deveria dispor.
Estamos copiando,
de forma agravada, o tom – mais que o tom, o conteúdo – de propaganda
que havia tomado conta do jornalismo político.
Até mesmo nas publicações especializadas.
Quem dera eu achasse o jornalismo algo irrelevante e desnecessário, que pudesse apenas ser deixado para lá.
Não, minha profissão tem um valor social e lutar contra a sua desqualificação é prestar um serviço à sociedade.
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