Guerrilheiro Virtual

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Leu no jornal? Esqueça, temos a mídia do “sei lá, entende?” Sumiram até com o lago de Itaipu

Tijolaço Autor: Fernando Brito
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Estadão, no sábado:
No Brasil, os que acham que o ano de 2014 será melhor que 2013 são 57%, índice 15 pontos porcentuais menor em relação à pesquisa anterior; diminuição reflete pessimismo com a economia.
Estadão, hoje:
O Brasil ficou em décimo lugar em ranking dos países mais felizes do mundo, de acordo com a pesquisa Barômetro Global de Otimismo, feita pelo Ibope Inteligência em parceria com a Worldwide Independent Network of Market Research (WIN). O levantamento foi feito em 65 economias, a partir de 66.806 entrevistados.
Está vendo porque outro dia eu tive que apelar para o personagem Patropi, do Orival Pessini, para falar que o jornalismo econômico brasileiro pratica o non-sense do “Tá ruim porque está bom, mas vai piorar, entende?”
Mas, para continuar no mundo da tevê, isso não é tudo.
Não apenas contradiz a outra manchete com cria o notável fenômeno de baixar inadimplência com a alta do juro, o que é uma heresia daquelas de fogueira em matéria de ciência econômica: menos gente fica devendo porque a prestação subiu…
A ânsia por dar notícias ruins e alarmantes está provocando um efeito “gráfico Globonews” no jornalismo de economia brasileiro.
Há dúzias de exemplos. Hoje, para dizer que estamos às vésperas de um apação – quando todos os sistemas de reservatórios estão mais cheios que no ano passado – um jornal de economia chega a dizer que“por se tratar de uma usina a fio d’água, Itaipu não tem reservatório e gera energia de acordo com o volume de água que desce o rio”.
Jesus Cristo, Itaipu tem um lago artificial de 1.350 km2, que banha 16 municípios brasileiros e outros muitos no Paraguai! E está cheio, com 81% de seu volume de “só” 19 trilhões de litros de água!
Está se  transformando em objeto de chacota o maior instrumento de informação e decisão econômica de que a sociedade dispõe, ou deveria dispor.
Estamos copiando, de forma agravada, o tom – mais que o tom, o conteúdo – de propaganda que havia tomado conta do jornalismo político.
Até mesmo nas publicações especializadas.
Quem dera eu achasse o jornalismo algo irrelevante e desnecessário, que pudesse apenas ser deixado para lá.
Não, minha profissão tem um valor social e lutar contra a sua desqualificação é prestar um serviço à sociedade. 

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