Guerrilheiro Virtual

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Os “direitos humanos” do capital


Ontem, o ex-ministro Maílson da Nóbrega atacou: a taxação do mercado de derivativos cambiais era um “AI-5 financeiro”.
Hoje, foi a vez do presidente da BMFBovespa – onde estes contratos são negociados – dizer que foi “uma violência, uma intervenção sem limites”.
O ministro Guido Mantega foi na mosca: “é sinal que (a taxação) doeu no bolso.”
E tinha mesmo de doer, porque estes derivativos que nasceram para prover segurança em operações nomeadas em moeda estrangeiras, como empréstimos tomados no exterior (conhecidas como hedge), tinham se tornado o “Comando Verdinho” da especulação financeira.
Depois de bater recorde sobre recorde, o fluxo cambial financeiro ficou negativo em US$ 362 milhões na primeira semana de agosto. Em julho, foi positivo em US$ 9,5 bilhões.
E a gente já mostrou aqui que isso não era um processo natural, “fruto da desvalorização da moeda americana”, como sustentam os “democratas da bufunfa”, mas resultados de compras feitas para cobrir posições especulativas que ficaram a descoberto com as medidas governamentais.
Agora, com a eclosão da crise nos mercados de capitais, o volume destas operações caiu mais ainda. Segundo o Estadão, ontem os aplicadores estrangeiros reduziram as posições vendidas em dólar futuro em US$ 1 bilhão de dólares, e os bancos nacionais diminuíram sua exposição US$ 1,4 bilhão.
Essa redução é essencial para nossa estabilidade no mar turbulento da economia internacional.
A exposição do Brasil à crise internacional pode se dar por dois veículos de contaminação. Um, o natural e histórico preço das mercadorias de exportação, as tais commodities. Com a economia mundial em crise, reduz-se a demanda e seu valor cai. Quem vende muito delas, como nós, perde valor.
O outro é a movimentação artificial da moeda, que obriga os países a manterem e formarem enormes reservas internacionais, parte delas à custa de emissão de títulos. Os governos, através de seus bancos centrais, tornaram-se leiloeiros de moeda, para fazer com que o “câmbio flutuante” não faça adernar a economia externa.
A liberdade do capital – e o seu “sagrado direito de ir e vir” – foi entronizada pelo neoliberalismo como santo no altar da democracia econômica.
É natural que os que vivem de prestar serviços a seus detentores achem, portanto, que controlar o fluxo de dólares e defender a moeda nacional contra seus efeitos seja antidemocrático.
São os “direitos humanos” do capital, com uma liberdade de circular e lucrar que nem aos seres humanos é dada por eles.

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