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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Muçulmanos sunitas são proibidos de fazer preces em Teerã

Guardian

Muçulmanos sunitas em Teerã foram proibidos de congregar-se em orações que assinalam o fim do Ramadã.

O Irã, país xiita, ordenou a sua minoria sunita que não promova orações separadas em Teerã para celebrar o Eid al Fitr, a festa muçulmana que encerra o mês de jejum. Em lugar disso, eles devem ter um imã xiita comandando suas preces --algo que contraria suas crenças religiosas.

Centenas de membros de forças de segurança ficaram de prontidão na capital para impedir fiéis sunitas de entrar em casas que tinham sido determinadas para a realização de suas cerimônias religiosas.

Nas últimas décadas, as autoridades iranianas se negaram a autorizar sunitas a construir suas próprias mesquitas em Teerã. Hoje não existe uma única mesquita sunita disponível para uso na capital, apesar de haver várias igrejas cristãs e sinagogas. Em lugar disso, os sunitas precisam alugar casas para fazer suas orações, mas não puderam usá-las para as cerimônias de Eid deste ano. A população sunita do Irã é muito maior que a população judaica ou cristã do país.
"A polícia de segurança de Teerã impediu fiéis sunitas de fazer as orações do Eid em vários pontos da capital", informou o site oficial da comunidade sunita no Irã. "Ela cercou as casas em que os sunitas costumam orar, e vêm impedindo fiéis de entrar."

Na quarta-feira milhares de fiéis xiitas se alinharam atrás do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, que liderou os presentes nas orações feitas na Universidade de Teerã. O regime iraniano usa as preces do Eid para demonstrar que as figuras políticas nacionais estão unidas por trás do líder. A expectativa é que políticos de vertentes diferentes assistam às orações, e sua ausência pode ser interpretada como possível sinal de dissensão.

Sob a Constituição iraniana, as minorias religiosas devem ser respeitadas e devem ter representantes no Parlamento. Dois dias atrás vários parlamentares sunitas escreveram uma carta endereçada ao presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, pedindo que suas comunidades em Teerã fossem autorizadas a promover preces separadas no Eid.

Nas últimas semanas, sunitas de Teerã vêm denunciando que foram convocados por autoridades para prestar garantias por escrito de que não fariam preces do Eid em casas na capital.

Em um sermão recente, o xeque Abdul-Hameed Esmail Zehi, imã sunita de Sahedan, uma cidade no sudeste do Irã, criticou o regime por impor restrições aos sunitas.

"Eu gostaria de pedir que o líder supremo impeça as medidas discriminatórias e ilegais de algumas autoridades, que vêm proibindo minorias sunitas nas megacidades do Irã de promover orações em suas congregações, especialmente as orações dos Eids e da sexta-feira. Essa é uma reivindicação de todos os sunitas do Irã", disse Zehi em frases reproduzidas pelo site da comunidade sunita, sunnionline.us.

O Irã afirma que suas comunidades xiita e sunita se dão bem, mas nos últimos anos os sunitas vêm se queixando de uma nova onda de repressão pelo regime islâmico. O Irã, por outro lado, atribuiu a sunitas os ataques a bomba recentes no sul do Irã. O regime islâmico está em descompasso com a maioria dos países do Oriente Médio governados por sunitas.

Outras minorias religiosas no Irã também vêm enfrentando restrições é o caso dos cristãos, mas, entre elas, a comunidade Baha'í é a que vem sofrendo a repressão mais intransigente, tanto que sete de seus líderes estão cumprindo penas de prisão de 20 anos. Os Baha'ís no Irã são privados de muitos de seus direitos, como o direito à educação ou de ser proprietário de um negócio, e frequentemente são perseguidos por sua religião.

Na semana passada o escritório da comunidade Baha'í nas Nações Unidas escreveu uma carta ao ministro iraniano da Ciência e Tecnologia, Kamran Daneshjoo, pedindo que o regime encerre sua discriminação contra estudantes Baha'ís, que recentemente tiveram suas universidades fechadas.

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