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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Palestinos criticam EUA por negar proposta de novo status na ONU

Os Estados Unidos estão mostrando "desdém" pelos árabes ao tentar evitar que os palestinos ganhem reconhecimento de estado nas Nações Unidas, disse uma autoridade palestina nesta quarta-feira.

Washington teme que a iniciativa palestina na ONU, que deve ser levada a cabo no final deste mês, pode desandar ainda mais o cambaleante esforço norte-americano de ressuscitar as conversas de paz, que azedaram no ano passado após uma disputa relacionada aos assentamentos judeus.

David Hale, enviado especial dos EUA para a paz no Oriente Médio, se reuniu com Mahmoud Abbas, presidente palestino, nesta quarta-feira, no mais recente gesto dos EUA para deter as manobras nas Nações Unidas, mas aparentemente não conseguiu incitar um reinício das conversas diretas com Israel.

"[O presidente] repetiu que a posição dos palestinos e dos árabes é ir às Nações Unidas, dado que o lado israelense ainda se recusa a reconhecer termos claros de referência e está construindo assentamentos", disse Nabil Abu Rdainah, assessor sênior de Abbas, à Reuters após o encontro.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, repetiu nesta quarta-feira seu pedido para que Abbas volte às conversas de paz diretas e mantenha o roteiro.

"O importante é começar, continuar e completar as conversas", declarou o líder israelense.

Yasser Abed Rabbo, secretário-geral da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), disse que a política norte-americana agora parece confinada a um ponto: impedir que os palestinos embarquem na iniciativa diplomática nas Nações Unidas.

"A questão não diz respeito aos assentamentos ou à independência palestina ou aos direitos do povo palestino ou em deter as violações criminosas perpetradas pelos colonos contra o povo palestino", disse ele.

"Tudo isto está sendo ignorado, e o único assunto se tornou a questão de nós não irmos à ONU", afirmou ele à rádio Voz da Palestina.

"Isto mostra não somente desdém pela posição palestina, mas também desprezo pelo que está acontecendo na região árabe --um momento de reavivamento que busca justiça para os povos árabes e para toda a região".
Levantes populares derrubaram autocratas na Tunísia, no Egito e na Líbia este ano.

Argumentando que o processo de paz de duas décadas perdeu o ímpeto, os palestinos pretendem melhorar seu estatuto diplomático nas Nações Unidas, e apresentam a iniciativa como um passo rumo à igualdade de condições com Israel.

Como Washington, Israel se opõe à manobra, dizendo que ela objetiva minar sua própria legitimidade e que o Estado palestino só pode ser conquistado através de um acordo negociado.

POUCAS EXPECTATIVAS

Os palestinos buscam um estado independente na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e em Jerusalém Oriental --territórios ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias de 1967.

A última rodada de conversas de paz, que só durou algumas semanas, desmoronou em outubro passado por conta da expansão dos assentamentos judaicos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Hale e Dennis Ross, alto funcionário da Casa Branca, se reuniram com Netanyahu e com o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, na terça-feira.
O encontro de Halle com Abbas se seguiu a uma conversa por telefone da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, com o líder palestino na terça-feira.

Hillary exortou Abbas a "continuar a trabalhar duro conosco para evitar um cenário negativo em Nova York no final do mês", disse um porta-voz do Departamento de Estado, referindo-se ao encontro na Assembleia Geral das Nações Unidas.

Indagado sobre a visita do representante dos EUA, Abed Rabbo disse: "Veremos hoje, mas nossas expectativas não são nada grandes, especialmente à luz do que ouvimos da posição norte-americana".

A oposição dos EUA à iniciativa na ONU irá arrasar qualquer pedido palestino para ser reconhecido como membro efetivo do organismo. Isto requer a aprovação do Conselho de Segurança, onde os EUA têm poder de veto.

Antecipando isto, autoridades palestinas disseram que também podem levar à Assembleia Geral uma resolução que elevaria sua posição de "entidade" para "estado não membro", o mesmo do Vaticano.

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