Mais uma vez fica bem claro
qual o lado da oposição de direita no Brasil, diante do projeto de
redução das tarifas de energia anunciado pela presidenta Dilma Rousseff
(Medida Provisória 579). Do ponto de vista político, a presidenta
conseguiu impor mais um marco no crescente isolamento da oposição –
capitaneada pelo PSDB –, ao unir trabalhadores e empresários em torno da
defesa da produção e da competitividade de nossa indústria.
Por: *Renato Rabelo, no Vermelho
Sob um ângulo estratégico, o que ocorreu é a reação diante do início do desmonte de um sistema gerido nos tempos de neoliberalismo, que afetou diretamente o setor elétrico, com a privatização de imensas companhias de energia situadas na região sudeste. A desregulamentação foi o pressuposto. Em grande parte do país, o Estado tornou-se incapaz de gerir e planejar a expansão do setor elétrico, redundando na vergonha do apagão ocorrido no final do governo FHC. O PSDB governou o país com o maior potencial hidrelétrico do mundo.
É
revelador para o povo o fato de somente as “elétricas” que atuam em
estados governados pelo PSDB terem sido contrárias ao conteúdo da MP
579, que prevê redução de tarifas às indústrias e usuários físicos da
ordem de 20%. A alegação dada pelas centrais “concedidas” sob o tacão
tucano não podia ser mais esfarrapada, consistindo “numa necessária
satisfação aos acionistas minoritários destas empresas”. Por trás disso,
existe outra assertiva chamada “lucro”. E onde o lucro é o norte de um
serviço tido como público, o que se espera é o ocorrido.
O
PSDB, que já vem fazendo uma crescente campanha política contra o
projeto da presidenta Dilma, chega ao ponto de tentar desesperadamente
impedir a concretização de um plano essencial para o desenvolvimento do
país, que é a redução do custo da energia. Um país sem expansão
energética não se desenvolve e, sem desenvolvimento, não há saída para
os impasses nacionais. Essa insensibilidade foi destacada de forma
correta pela presidenta. É a oposição que mais uma vez mostra sua cara,
mostra seu lado. Os lucros de algumas grandes empresas são colocados
acima dos interesses do desenvolvimento nacional. Isto é o PSDB.
O embate é político e ideológico. Não é nenhuma surpresa que o semanário britânico The Economist sugira a demissão de Guido Mantega
num momento em que o governo vai colocando o dedo na ferida dos
interesses incrustados no seio do Estado Nacional, cujas repercussões
são internacionais. O mundo capitalista desenvolvido, sobretudo na crise
em que se encontra, está em busca de reservas de mercado espalhadas
pelo mundo afora. A questão energética é o centro do problema, motivos
de guerras de pilhagens, saques e intervenções.
O
governo da presidenta Dilma Rousseff está no rumo correto. A
radicalização e a despolitização interessam, sobretudo, àqueles que um
dia acreditaram que a geração de energia, a siderurgia e a telefonia não
eram setores estratégicos. A oposição nada mais é do que a
representante dos interesses daqueles que um dia tentaram saquear toda a
nossa capacidade de ser um país independente, uma nação soberana. É
preciso que as forças progressistas e democráticas respaldem esta
importante iniciativa do governo e organizem um amplo movimento de
conscientização popular e de denúncia da ação oposicionista.
Do O Carcará
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