LETÍCIA SANDER
DO RIO
DO RIO
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), não pode classificar de
folclore a chamada "maldição" que, no anedotário político, acomete os
governantes em seus segundos mandatos. Reeleito em 2010 com a maior
votação ao cargo na história do Estado, ele foi a primeira liderança a
se consolidar politicamente no Rio no pós-Brizola.
Embalado num ambicioso plano de segurança pública e turbinado por altas doses de investimentos federais, Cabral recebeu mais de 5 milhões de votos. Tinha um discurso promissor. O Rio acabara de ganhar as Olimpíadas, e novas injeções de investimento entravam nas planilhas. Os ventos, no entanto, não demoraram a mudar.
A onda de protestos que tomou o país no último mês vem tendo, no Rio, um tom cada vez mais personalista. Há nas ruas uma forte sensação de rejeição pessoal ao governador. O "estilo Cabral" parece ter cansado o Rio.
Dos boatos sobre sua rotina na mansão em Mangaratiba ao gosto pelas viagens, sobretudo a Paris, um perfil da "boa vida" de Cabral começou a se desenhar no imaginário popular. A ele se somou uma série de denúncias, que teve o ápice na revelação da intimidade do peemedebista com empresários controversos.
O empréstimo de jatinho de Eike Batista e a viagem a Paris com Fernando Cavendish, então dono da Delta, selaram o início de um calvário político.
O golpe mais recente foi a revelação, feita pela "Veja", do uso de helicópteros do Estado no trajeto de seu apartamento à sede do governo, separados por menos de 10 quilômetros. A revista descreve que os helicópteros transportaram também os filhos do governador, babás e até o cachorro da família, Juquinha.
Numa cidade marcada pela informalidade, em que o vice Luiz Fernando Pezão caminha sozinho quase diariamente pelo calçadão da praia, Cabral parece viver numa bolha.
Às vésperas da chegada do papa, ele está quieto. Nas poucas entrevistas concedidas desde que o "Fora Cabral" tomou as ruas, Cabral culpou a oposição e sugeriu uma antecipação do jogo eleitoral.
Ontem, em entrevista ao jornal "O Globo", coube a Pezão verbalizar, ao ser questionado sobre a origem dos protestos: "Você não está vendo? Não está vendo que é o Garotinho e o Freixo?"
Nenhum comentário:
Postar um comentário
”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”