Parece até brincadeira, mas a menos que seja uma barriga gigante do UOL,
a próxima capa da Economist representará um ataque frontal ao Brasil. A
mídia tupi, que sempre escondeu os inúmeros elogios que o governo
recebeu da mídia estrangeira, nos últimos dez anos, agora poderá fazer o
contrário. Jornal Nacional, Fantástico, capas, a diatribe da revista
britânica com certeza vai ganhar destaque em todos os meios.
Então eu voltei lá na Economist, para ver o que tinha mudado. E deparei com o artigo principal
da última edição, O Ocidente Enfraquecido, um ridículo, desorientado e
desonesto libelo em favor de mais intervenções militares
norte-americanas no Oriente Médio, a começar pela Síria.
A Economist, que sempre foi conservadora, deu uma guinada à direita
ainda mais forte nos últimos tempos. E deu fim à lua de mel com países
em desenvolvimento.
Não é tão difícil entender, contudo. Segundo dados do Banco Mundial,
o fluxo crescente de investimentos estrangeiros diretos para o Brasil
desvia verbas que, até então, iam apenas para as grandes potências
ocidentais, a começar por EUA e Reino Unido.
Confiram o gráfico abaixo. Observem que o Reino Unido, pátria-mãe da
Economist, sofreu violenta queda de seus investimentos produtivos, e
agora recebe menos dinheiro que o Brasil. Ou seja, a Economist pode
resmungar à vontade. Na hora de botar a mão no bolso e investir, o mundo
prefere o Brasil.
Aliás, esse é um fator para o qual devemos olhar sempre, porque a crise
financeira do mundo desenvolvido está forçando seus governos a
adotarem medidas algo drásticas para interromperem o fluxo de recursos
para países emergentes, como o Brasil. Com o poder que eles detêm sobre
a informação, há sempre o risco de incitarem desordens aqui com
objetivo de fazer os investidores desistirem do Brasil e voltarem a
aplicar nas praças tradicionais, como Londres e Nova York.
Segundo a consultoria ATKearney,
que há anos produz um índice de investimento estrangeiro direto (em
inglês, FDI, Foreign Direct Investment), o Brasil subiu várias posições
nos últimos anos, e hoje está em terceiro lugar no ranking global,
atrás apenas de EUA e China. A Inglaterra, por sua vez, tem perdido
pontos, e está hoje em oitavo lugar, após décadas entre os três
primeiros.
A avaliação que a consultoria faz do Brasil é ultra-positiva: 40% de
razões para otimismo, contra apenas 10% para pessimismo. Os investidores
têm sido atraídos por nossa demografia espetacular (muitos jovens em
idade produtiva) e pelo aumento da renda dos trabalhadores. Em 2012, o
investimento estrangeiro direto no Brasil, segundo a empresa, foi de US$
65,2 bilhões, só um pouquinho abaixo do recorde registrado no ano
anterior, de US$ 66,7 bilhões.Nesses primeiros dois anos do governo
Dilma, os investimentos estrangeiros diretos (ou seja, em produção; não
em especulação) foram os maiores da história.
A Inglaterra também não pode chorar de barriga cheia. Recebeu US$ 62,7 bilhões
de investimentos estrangeiros diretos em 2012. Mas entende-se a
choradeira: em 2008, recebeu quase US$ 90 bilhões. A avaliação que a
ATKearney faz do Reino Unido, em matéria de atração aos investidores, é
menos positiva, porém, que a do Brasil: apenas 24% de razões positivas,
contra 13% negativas.
Investimento Estrangeiro Direto – Gráfico Comparativo – Reino Unido e Brasil
Alguém poderia também lembrar à Economist que o desemprego no Brasil já
está bem abaixo da taxa britânica. E a renda dos trabalhadores
brasileiros tem crescido regularmente, ao contrário do que acontece na
Inglaterra, onde tem caído. O Brasil ainda precisa avançar muito para
alcançar o nível de desenvolvimento da Inglaterra. Mas não podemos
perder de vista dois fatores:
- As estatísticas mostram que estamos no caminho certo.
- A história mostra que a Inglaterra sempre jogou contra o Brasil.
Desemprego no Reino Unido:
Desemprego no Brasil:
E já que a revista desenhou o Cristo Redentor caindo feito um míssil sobre o Rio de Janeiro, o Cafezinho retribui com um contra-ataque semiótico: uma bela foto da cidade maravilhosa. Última informação: segundo o IBGE, o desemprego na região metropolitana do Rio, em agosto, ficou em 4,5%, o menor da história da nossa cidade!
No O Cafezinho
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