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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Máfia dos fiscais decreta morte política de Kassab

247 – Gilberto Kassab, ex-prefeito da cidade de São Paulo e presidente do PSD, partido criado por ele para permitir a migração de parlamentares da oposição para a base aliada, tinha um sonho: governar o estado mais rico do País. Seu nome já está colocado como candidato oficial do partido ao Palácio dos Bandeirantes – uma candidatura, por sinal, defendida por vários setores do PT, que o enxergam como peça-chave para garantir um segundo turno contra Geraldo Alckmin.

A viabilização de Kassab, no entanto, dependia de uma complexa operação política. Percebido pela população como um prefeito que se dedicou mais à criação de um partido do que à administração da cidade, ele tinha, em 2012, uma das piores avaliações já registradas por administradores da maior cidade do País. Era um desempenho tão ruim que ajudava a afundar a candidatura de José Serra, em 2012. A tal ponto, que Veja SP, a Vejinha, saiu em seu socorro, com uma capa histórica. "Será que estamos sendo justos com ele?", era a pergunta.

Um dos pontos mais vulneráveis da administração Kassab era o caso Aref, tornado em maio de 2012, quando se soube que o então diretor da Aprov, setor da prefeitura responsável por liberar construções, havia acumulado nada menos que 106 imóveis. Será que isso seria possível sem que o prefeito soubesse de nada?

Agora, surge um escândalo semelhante, com a descoberta de que uma máfia de fiscais, encastelada na prefeitura de São Paulo, acumulou patrimônio estimado em R$ 80 milhões, desviando impostos municipais e favorecendo grandes construtoras como a Brookfield e a Trisul. 

Os fiscais presos na investigação sobre o esquema de cobrança de propina de empresas em troca da redução de impostos torciam pela volta de Gilberto Kassab nas eleições de 2014 no Estado. Em conversas gravadas nas investigações sobre o esquema, eles dizem que essa seria “a única chance de continuarem juntos no ano que vem”. A frase é atribuída a Luis Alexandre Cardoso Magalhães, único dos fiscais a deixar a prisão após decidir colaborar com as investigações.

Um deles, Ronilson Bezerra Rodrigues, chefe da máfia, faz afirmações ainda mais graves contra o ex-prefeito: “Chama o secretário e os prefeito (sic) que eu trabalhei. Eles tinham ciência de tudo”. Ele disse isso na conversa com Paula Sayuri Nagamati, a chefe de gabinete da secretaria de Assistência Social que era amiga do fiscal (leia aqui).

Kassab rebateu às acusações com uma nota divulgada por sua assessoria. "As afirmações do servidor público concursado são falsas, como a própria imprensa já comprovou ser inverídico o conteúdo de gravação anterior na qual o mesmo funcionário público atribuía ao ex-prefeito a propriedade de um escritório suspeito de ser usado para a prática de irregularidades", diz.

A nota diz que ainda que "repudia as tentativas sórdidas de envolver o seu nome em suspeita de irregularidades" e afirma que há um "objetivo escuso" que busca "única e exclusivamente atingir a sua imagem e honra".

Kassab talvez mereça o benefício da dúvida. Mas se o chefe da quadrilha da Aprov acumulou 106 imóveis e a máfia

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