Por onde andavam os críticos do Mais
Médicos quando dois profissionais brasileiros trocaram socos durante um
parto? Por que, com a mesma virulência com que atacam o programa, não se
indignam com os colegas que faltam ao plantão?
Foto: Profissionais do programa Mais Médicos (Reprodução)
Dr. Rosinha, Congresso em Foco
Semana passada, fazendo uma “limpa” no computador encontrei esta
pérola de 2010: “Briga em parto: médicos podem ser indiciados por aborto
em MS”. Na ocasião, 25 de fevereiro de 2010, estarrecido, li que na
cidade de Ivinhema (MS) dois médicos brigaram na sala de parto. Na sala,
estava uma parturiente para dar à luz. Os dois, em vez de fazer o
parto, começaram a brigar. Não, não brigavam para ver quem iria fazer o
parto. A matéria que li não dizia a razão da briga, mas, talvez
brigassem por dinheiro. Sim, quanto cobrariam pelo parto ou quem
receberia do Sistema Único de Saúde.
Informa a notícia que “os médicos trocaram socos na sala do hospital
onde a mulher era atendida”. Ela havia optado por parto normal, mas com a
confusão acabou submetida a uma cesariana, e o pior: o recém-nascido
faleceu. A certidão de óbito da criança, uma menina, diz que ela morreu
por “sofrimento fetal agudo e anóxia”, falta de oxigênio.
Essa briga na sala de parto custou a vida de uma criança. Sobre isso,
não vi, na ocasião, nenhuma nota do Conselho Regional de Medicina do
Mato Grosso do Sul ou do Conselho Federal de Medicina. Ou eles não
tomaram conhecimento? Ou soltaram a nota e fui eu que não tomei
conhecimento?
De qualquer maneira, não fizeram o escarcéu que fazem contra o
“Programa Mais Médicos”. A desistência da médica cubana Ramona Matos
Rodriguez foi a festa da direita (DEM, PSDB), parte da imprensa e da
maioria das entidades médicas.
A desistência da Dra. Ramona e de outros cubanos como o do Dr.
Ortelio Jaime Guerra, que fugiu do Brasil para os Estados Unidos, não é
uma condenação ao “Programa Mais Médicos”, mas sim discordância
ideológica do governo cubano.
A diferença entre a Dra. Ramona e o Dr. Ortelio é que ela procurou
auxílio da direita (DEM) brasileira enquanto ele da organização não-
governamental (ONG) Solidariedade sem Fronteiras, com sede em Miami.
Essa ONG provavelmente financiada pelo governo dos Estados Unidos tem o
objetivo de estimular os cubanos a entrar nos EUA, com o “visto
humanitário”.
Enquanto festejam a desistência de cubanos e cubanas, nada escrevem
ou falam sobre o excelente resultado do Mais Médicos ou mesmo de casos
(positivos) isolados como o que ocorreu no município de Candiota.
No mês de janeiro, um médico cubano encaminhou um paciente do
Hospital de Candiota para o Pronto Socorro de Bagé. Foi o que bastou
para o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul. Assim que tomou
conhecimento da “irregularidade”, pediu a expulsão do cubano do Mais
Médicos. Qual a irregularidade?
O médico cubano foi chamado para atender um paciente no Hospital de
Candiota porque o médico (brasileiro) que deveria estar de plantão não
estava.
Não bastasse o Sindicato, o Conselho Regional de Medicina (Cremers)
também reagiu. Segundo um conselheiro, há uma determinação do Cremers
que barra a atuação dos médicos do programa nos hospitais. Sendo rude: o
médico brasileiro não está de plantão, porém o médico cubano não pode
atender, mesmo que o paciente possa morrer.
Semana passada, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, apresentou um
balanço do Mais Médicos. São cerca de 9 mil médicos distribuídos pelo
Brasil. De acordo com os dados divulgados, havia, naquele dia, 89
profissionais ausentes de seus postos de trabalho. Quatro deles cubanos,
cinco de outras nacionalidades e 80 brasileiros. Do Mais Médicos, pouco
mais de 800 médicos são brasileiros, portanto uma taxa de desistência
de 10%. Já entre os cubanos as deserções representam 0,09% dos 5.550
profissionais em atividade pelo programa.
Não custa perguntar:
1) Sobre o caso de Ivinhema: os médicos foram punidos?
Como a notícia da briga e da morte da criança correu o país, deveria
correr o país o resultado dos processos, tanto nos Conselhos como da
Justiça.
2) Sobre o caso de Candiota: as entidades médicas vão cobrar e/ou punir o médico ausente de seu trabalho?
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