247 – A temporada de rumores sobre um
afastamento entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula
recrudesceu. Levadas a efeito, com diferentes ênfases, ao longo de toda a
gestão de Dilma, as intrigas sempre desmentidas por ambas as partes até
aqui ganham dramaticidade a partir de agora. Explica-se: os partidos
têm até o dia 5 de julho para registrarem oficialmente seus candidatos a
presidente da República – um funil que se aproxima num cenário de
ampliação de dificuldades econômicas.
Empresários que têm contato frequente ou mesmo esporádico com Lula
vão usando, aqui e ali, seus canais de acesso à mídia familiar para
transmitir pequenas frases, trechos de encontros e versões analíticas
com críticas que estariam sendo feitas pelo ex-presidente à condução da
política econômica, em particular, e de gestão de governo, no geral.
Lula avaliaria, segundo essas fontes nunca identificadas, que a
descida dos juros, no início da gestão de Dilma, teria sido precipitada,
correspondendo agora à uma elevação que poderia ter sido evitada num
ano eleitoral. A esses interlocutores, em conversas diferentes, o
ex-presidente estaria disparando farpas pontuais a diferentes aspectos
da administração federal, mas sem entrar em rota de colisão com a
presidente, a quem, carinhosamente, chama de "Dilminha".
Por sua vez, os capitães da indústria nacional que procuram Lula
lembram a ele os tempos do chamado espetáculo do crescimento,
patrocinado na gestão dele, e procuram entusiasmá-lo com um discurso
sobre a importância de uma liderança popular num momento de conturbação
social e política. Até agora, nenhum relato de que Lula tenha cedido em
sua decisão de não concorrer a estas eleições foi feito.
A presidente Dilma estaria respondendo à movimentação de Lula nos
bastidores e em público com mensagens cifradas. Apesar de avisar ao ex,
ela compareceu ao encontro articular pelo vice Michel Temer com
prefeitos do PMDB paulista que apoiam a candidatura de Paulo Skaf a
governador de São Paulo. Ali, teria dito que, para ela, tanto a vitória
de Skaf ou de Alexandre Padilha, candidato do PT e apadrinhado por Lula,
a deixariam satisfeita.
Antes, três dias depois de Lula fazer proselitismo político em Minas
Gerais, ela esteve no Estado, dando indícios de que também estaria
'marcando' a agenda do seu dublê – e não apenas do oposicionista Aécio
Neves.
Num gesto entendido como um sinal a Lula, Dilma discursou no
aniversário de 30 anos do PT sem citar uma só ver o nome do ex em seu
discurso. A ausências das duas sílabas que compõem o nome dele foram
notadas pela cúpula do partido e, notadamente, pelos adversários.
Na mídia familiar, os jornais já batem na mesma tecla de um ano
atrás, quando elevaram-se as apostas de uma racha entre Dilma e Lula.
Ricardo Noblat, Reinaldo Azevedo e Dora Kramer escrevem nessa direção.
"Corre a lenda que Lula manda em Dilma. Pura lenda", registrou Noblat.
O que se tem, concretamente, até aqui, é o fato de que Dilma jamais
escondeu que iria lutar pela sua reeleição. Lula, depois de ter
'desencarnado' do cargo, quase um ano após passar a faixa de presidente
para a sucessora, nunca disse uma palavra em público ou nos bastidores
autorizando versões de que estaria em rota de colisão com ela.
A vontade de dividi-los ainda é bem maior que os fatos que podem levar a isso.
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